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III. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4. Processo de avaliação

4.3. Momentos de avaliação

Já quando abordamos os momentos de avaliação, em EPE

(…)qualquer momento pode ser alvo de avaliação, seja no acolhimento quando uma criança expõe um relato, nos momentos de atividades livres e orientadas, ah … nos momentos de reflexão e de planificação, ou até mesmo nos momentos de higiene ou no refeitório, qualquer momento serve de, permite ao educador a recolha de informação sobre, de cada criança ou, e até mesmo do grupo (E1).

Pelo que é essencial e, dado que o principal instrumento de avaliação nesta valência é a observação, documentar com evidências tais momentos. Graças a esse registo será possível ao EI refletir sobre as experiências de avaliação, observadas e experienciadas, de forma a planear e a construir estratégias de intervenção, que permitam reajustar o processo de aprendizagem.

Tendo por referência a afirmação da EI da sala de atividades da Instituição A, na qual realizamos estágio de intervenção é possível verificar (anexo XXVII), um exemplo concreto de uma situação de um momento de avaliação que ocorreu em tempo de acolhimento.

As respetivas entrevistadas identificam ainda momentos mais formais, nos quais são disponibilizadas informações da avaliação aos EE, regra geral no término de um trimestre. Estas comunicações podem ainda ocorrer em tempos informais, sempre que se justifique.

No caso específico do 1º CEB, a E6 apresenta-nos uma associação direta entre os tempos e as modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e sumativa. Pelo que nos indica a existência de momentos formais para avaliar, nomeadamente

(…) a avaliação diagnóstica é muito contemplada no início do ano letivo, no início de um trimestre, ah antes deee começar a abordar uma temática nova, para perceber quais os conhecimentos que os alunos já têm. Quando pegamos numa turma nova, quando estamos pela primeira vez com, precisamos de conhecer a população escolar que passa a ser da nossa responsabilidade. (…) depois temos ao longo de cada trimestre, até chegar ao final do ano vários momentos que são, para mim avaliação sumativa, não é? (…) quando realizamos as fichas de avaliação (…) aquilo que pretendo é recolher alguns dados que me permitam depois no final do trimestre ou no final do ano ah, fazer uma apreciação descritiva do desempenho do aluno (…).

Claro que, à semelhança da EPE, estes não são momentos exclusivos de avaliação, pelo que os restantes acontecem constantemente - (…) desde que eles

entram eu acho que estamos sempre a avaliar, (…) (E4), todavia com um caráter mais

informal, pela recolha intencional ou não de informações, sendo igualmente fundamental registar essas mesmas evidências e refletir sobre elas, sob pena de o processo se tornar redutor. Em anexo XXVIII, é possível ver uma grelha de observação sobre uma situação de aprendizagem concreta, relativa ao algoritmo da multiplicação, em que de facto se evidenciam capacidades e fragilidades de alguns alunos, porém não se refletem sobre estratégias a implementar.

Nos documentos estratégicos da Instituição A e B, as referências relativas aos tempos de avaliação surgem de forma implícita, sempre que se abordam as respetivas modalidades -diagnóstica, formativa e sumativa-, o que na prática pode originar interpretações pouco precisas e generalistas sobre os respetivos momentos. A título de exemplo, atente-se no RI da Instituição A, onde se menciona que a avaliação

diagnóstica realiza-se no início de cada ano de escolaridade, ou sempre que seja considerado oportuno. Outro exemplo consta no PC do agrupamento da Instituição B,

no qual se estabelece que a avaliação sumativa interna (…) é realizada no final de cada

período e em todos os anos de escolaridade; a avaliação sumativa externa é realizada no 4º Ano, no 3.º período. Todavia importa salientar que a EPE valoriza a necessidade

de na rotina diária se proporcionarem tempos de avaliação e consequentemente de reformulação do trabalho desenvolvido.

É efetivamente verdade que o profissional de educação está permanentemente a avaliar, como apresentaram as entrevistadas; contudo a avaliação poderá assumir um caráter formal ou informal, de acordo inclusive com as estratégias a utilizar e as informações que se pretendem obter, opções que condicionam a objetividade e a utilidade das informações recolhidas.

A construção do portfólio da criança C e do aluno S incluiu diferentes etapas, realizadas em momentos igualmente distintos, mas comuns às duas valências. Assim, logo numa fase inicial, as crianças realizaram atividades de partilha de caraterísticas pessoais e vivências com o investigador, conheceram os principais objetivos deste instrumento de avaliação, definiram a estrutura para se organizarem os registos e decoraram o portfólio. Ao longo do tempo, o processo foi dominado por momentos de recolha de registos, reflexão sobre o trabalho/situação, análise dos registos e definição de propostas de intervenção, sempre que necessário. A realização de conferências, momentos de comunicação da criança à família, pares e adulto, de todo o trabalho

desenvolvido, apenas foi possível no portfólio da criança C. Por último, o investigador construiu primeiro o relatório narrativo e só depois o plano de ação, igualmente apenas no portfólio da criança C.

Neste sentido, há uma interligação entre modalidades de avaliação e tempos para avaliar, realidade comum à EPE e ao 1º CEB. A grande diferença entre valências da educação básica corresponde à valorização que cada uma faz destas mesmas modalidades, pelo que na EPE se verificam mais momentos formativos e no caso do 1º CEB mais sumativos. Novamente, a realização de cada um dos portefólios veio comprovar uma possível aproximação, designadamente na realização de avaliação ao longo de todo o processo de aprendizagem.