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Monitoramento da taxa de deposição de cloretos da névoa salina

6 PROGRAMA EXPERIMENTAL

6.2 MONITORAMENTO AMBIENTAL

6.2.1 Monitoramento da taxa de deposição de cloretos da névoa salina

A deposição de cloretos foi monitorada com o auxilio do aparato de vela úmida, de acordo com a NBR 6211 (2001). A determinação de cloretos na atmosfera pelo método da vela úmida também pode ser disciplinado pela ASTM G 140 (1996) e não apresentam diferenças significativas com relação à NBR 6211 (2001).

A coleta de cloretos presente na atmosfera pelo método da vela úmida, conforme determina a NBR 6211 (2001) consiste na preparação da vela e aparato de sustentação, exposição e recolhimento das amostras, cujos procedimentos foram realizados em ambientes isento de contaminantes para a preservação e a validação do ensaio.

a) Preparação da vela úmida

A vela úmida, de acordo com recomendação normativa, deve ser constituída de um frasco coletor de material inerte – vidro ou polietileno – com aproximadamente 800 ml de capacidade, sobre o qual é fixado um tarugo cilíndrico também de material inerte com 2,5 cm de diâmetro e altura total de 15 cm. É envolvido com dupla camada de gaze cirúrgica, cuja área exposta da gaze à atmosfera é de aproximadamente 117 cm². No frasco coletor contém aproximadamente 200 ml de água destilada, isenta de cloretos, vedado por uma rolha de borracha que possui dois orifícios aos quais são inseridos tubos para passagem dos extremos das gazes que ficam embebidos na água, conforme visualizado na Figura 6.4.

Figura 6.4 – Vela úmida ABNT NBR 6211, 2001 Fonte: ABNT 6211 (2001).

No primeiro mês de monitoramento, utilizou-se 200 ml de água destilada no frasco coletor, conforme NBR 6211 (2001). Porém na coleta das amostras (após 30 dias), percebeu-se uma redução significativa na quantidade do liquido, devido à evaporação, tornando a amostra insuficiente para os ensaios. Sendo assim, foi necessário aumentar a quantidade de água no frasco para 400 ml, e obteve-se amostra satisfatória para a realização dos ensaios.

Após a montagem das velas úmidas (no total de sete velas), as mesmas foram vedadas com saco plástico, visando protegê-las de contaminantes durante o percurso até as estações de monitoramento.

Foram identificadas e acondicionadas em caixa para transporte, dispostas em campo, conforme pode ser observado na Figura 6.5,

permanecendo por 30 dias. Uma das velas permaneceu armazenada em local isento de cloretos para realização do ensaio em branco, que serve de referência para os demais ensaios. As outras seis velas foram expostas em campo num mesmo dia para que todos os experimentos estivessem sob as mesmas condições climáticas durante o período de exposição.

Figura 6.5 – Vela úmida exposta a ambiente marinho Fonte: Autora da pesquisa.

b) Aparato de sustentação da vela úmida

A NBR 6211 (2001) também orienta quanto ao modo de exposição da vela úmida. Ela deve ser colocada em campo numa posição mais alta que qualquer obstáculo situado num raio de 3 metros e uma altura mínima de 1 metro do solo, na posição central de um aparato de sustentação, que deve ser feito de material inerte e possuir uma cobertura de 50 cm x 50 cm e uma base para apoio do coletor. A distância que a gaze deve ter em relação à haste de sustentação é de 25 cm e para a

estrutura da cobertura é 20 cm. O suporte para a vela úmida foi confeccionado, levando em conta as recomendações normativas e materiais resistentes durante o período de exposição.

Para inibir a presença de curiosos, foram colocadas placas de “Perigo!”, a fim de evitar extravios e danos ao experimento. As dimensões normativas para o aparato da vela úmida podem ser visualizadas na Figura 6.6, a seguir.

Figura 6.6 – Aparato vela úmida Fonte: NBR 6211 (2001).

O aparato de sustentação adotado neste estudo seguiu as dimensões especificadas pela NBR 6211 (2001). A altura da base ao solo, porém, tiveram variações, devido à altura da vegetação em torno do aparato.

Nos primeiros 400 metros a altura ficou em 1,30 metros, pois apresentava vegetação rasteira que atingia no máximo 1,5 metros de altura, mas com raio de afastamento superior a 3 metros. Já os aparatos com 650 e 1100 metros afastados do mar, ficaram com alturas de 2,0 metros, com o intuito de posicionar acima da vegetação, mas não foi o suficiente devido à presença de árvores de grande porte naquele local. Assim, os dois aparatos mais afastados do mar não ficaram livres de obstáculos como os demais, conforme visualizado na Figura 6.7. Neste caso, a condição ideal seria elevar a base do aparato acima das árvores, mas devido à grande altura, dificultaria o acesso para a coleta mensal da vela úmida. A variação de altura nos aparatos de vela úmida foi possível, pois conforme estudos mostrados no subitem 2.3.3, percebe-se uma redução brusca na concentração salina a partir de três metros de altura em relação ao nível do mar.

Figura 6.7 – Aparato posicionado em torno de vegetação mais alta Fonte: Autora da pesquisa.

c) Exposição e coleta das amostras

Foram instaladas seis estações de monitoramento, contendo um aparato de vela úmida com frasco de vidro em cada uma, posicionadas às distâncias de 50, 100, 200, 400, 650 e 1100 metros em relação ao mar. As quatro primeiras estações foram livres de obstáculos com vegetação rasteira e as duas últimas com presença de obstáculos (árvores de grande porte). As estações foram posicionadas no local de estudo em fevereiro/2011 e seu monitoramento ocorreu até junho/2012, com coletas mensais das amostras durante este período, a fim de se obter resultados em todas as estações do ano e avaliar o comportamento da deposição de cloretos neste período.

A Figura 6.8 mostra a estação afastada 50 metros do mar, enquanto que a Figura 6.9 mostra a estação distante 400 metros do mar.

Figura 6.8 – Aparato de vela úmida posicionado a 50m do mar Fonte: Autora da pesquisa.

Figura 6.9 – Aparato de vela úmida posicionado a 400m do mar Fonte: Autora da pesquisa.

Nos dois primeiros meses de monitoramento ocorreram vários transtornos nas primeiras estações em função de vandalismo, como: danos no aparato de sustentação e furtos das velas. Apesar das estações terem sido instaladas em terreno particular cedido por uma empresa de São Francisco do Sul, ainda assim ocorreram muitos danos nas estações, e também por se tratar de uma região litorânea extensa e totalmente deserta, com circulação basicamente de pescadores.

A primeira estação foi instalada inicialmente a 10 metros do mar, mas devido aos danos causados nos dois primeiros meses, foi reinstalada a 50 metros do mar em área protegida. Algumas velas foram danificadas, como nas estações de 100 e 200 metros do mar no segundo mês, comprometendo os resultados.

As estações de monitoramento ficaram protegidas a partir do terceiro mês de exposição, quando a empresa proprietária do terreno isolou o acesso que ficava na beira mar. Minimizando assim, o problema de perdas de resultados em determinadas estações como estava ocorrendo anteriormente.

As amostras coletadas mensalmente foram encaminhadas ao IP – Instituto de Pesquisas Químicas – na cidade de Joinville, para a determinação do teor de cloretos contido em cada amostra. Este laboratório aplicou o método da Volumetria de Mohr, por ser de uso habitual do mesmo e possuir pessoal qualificado para realização deste ensaio. Porém, este método para baixas concentrações pode ocorrer uma significativa variabilidade, devido a maior dificuldade de identificar o exato ponto de viragem, conforme já citado no subitem 5.1.

As estações foram nomeadas de acordo com o afastamento do mar, sendo estações de 50, 100, 200, 400, 650 e 1100 metros, usadas como referência nas citações de afastamentos das mesmas. Na Tabela 6.2 abaixo, estão indicadas as estações de referência e seu afastamento real do mar, bem como as coordenadas geográficas correspondentes.

Tabela 6.2 – Coordenadas das estações de monitoramento da névoa salina

Estação Latitude Longitude Distância do

mar E50 26°19’15,50’’S 48°33’7,24’’O 46 m E100 26°19’14,26’’S 48°33’10,10’’O 105 m E200 26°19’11,15’’S 48°33’11,40’’O 196 m E400 26°19’,10,86’’S 48°33’21,17’’O 415 m E650 26°19’8,30’’S 48°33’45,70’’O 658 m E1100 26°19’6,98’’S 48°33’31,20’’O 1125 m

Fonte: Autora da pesquisa.

Na Figura 6.10 a seguir, pode-se ter uma visualização aérea do local de estudo e que retrata o já citado anteriormente: um local desabitado, livre de obstáculos como edificações e variação na vegetação. Assim, as estações foram posicionadas em locais abertos e

com a presença de vegetação rasteira, nomeadas como E50, E100, E200, E400,E650 e e1100.

As coletas de cada estação foram efetuadas mensalmente durante o período de fevereiro/2011 a junho/2012, porém nos dois primeiros meses os resultados ficaram comprometidos devido ao extravio de amostras.

Figura 6.10 – Posicionamento das estações de monitoramento no terreno em estudo

Fonte: Google Earth.