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O Monte de São Sebastião é uma extensão territorial localizada no setor norte da cidade de Santa Luzia – PB.

MAPA V: Mapa da área urbana de Santa Luzia/Localização do Monte de São Sebastião

Geograficamente falando, ou, de acordo com a descrição do aspecto físico, monte refere-se a uma notável elevação de terra acima do solo que o cerca, podendo ser nominado enquanto serra ou morro. E assim, de acordo com sua característica geográfica, a extensão territorial denominada de Monte de São Sebastião foi doada ao Patrimônio de São Sebastião pela senhora Maria Olindina da Glória Nóbrega no ano de 1931, como descreve o trecho da Certidão.

CARACTERÍSTICOS E CONFRONTAÇÕES: Uma quadra de terra com uma posse antiga de casa de taipa no lugar ‘NASCENTE DO CRUZEIRO’, ao pé desta cidade, onde já se acham construídos os alicerces da referida Capela de São Sebastião, limitando-se dita quadra de terra ao poente até as águas do açude público desta Vila (hoje cidade) e parte de seu sangrador, ao nascente e sul até as cercas do cercado do cidadão Manoel Emiliano de Medeiros, ao norte na estrada de rodagem, contendo dita quadra, mais ou menos, cem braças em quadra. NOME, DOMICÍLIO E PROFISSÃO DO TRANSMITENTE: DONA MARIA OLINDINA DA GLÓRIA NÓBREGA, viúvo, proprietária, residente na então Vila de Santa Luzia, hoje cidade de igual nome. TÍTULO: Doação. FORMA DO TÍTULO, DATA E SERVENTUÁRIO: Certidão extraída por mim em data de 27 de outubro de 1941 referentes ao teor da escritura pública de 22 de dezembro do ano de 1931, lavrada pelo então Tabelião Público Inácio Machado da Nóbrega.44

De acordo com a referida certidão, em 1993 foi extraída uma declaração que demarca os limites da área do Monte de São Sebastião pertencente a Dioceses de Patos - PB e a Paróquia de Santa Luzia – PB. Segundo consta na declaração, os limites do Monte de São Sebastião passam a serem os seguintes: na posição Oeste, ficou com 365 metros, Leste com 510 metros, Norte com 434 metros e Sul 360 metros, totalizando 69.445 m² (sessenta e nove mil quatrocentos e quarenta e cinco metros quadrados) 45.

No alto do Monte de São Sebastião há um Cruzeiro e uma Capela em devoção ao referido santo,

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Certidão disponível no acervo da Paróquia de Santa Luzia. Ver documento em Anexo E.

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Figura II: Cruzeiro e Capela em Homenagem a São Sebastião Fonte: www.annuaire-mairie.fr/photo-santa-luzia-pb.html

Como também uma vista panorâmica da cidade de Santa Luzia, conforme fotografias abaixo.

Figura III: Santa Luzia vista do Monte São Sebastião Fonte: www.annuaire-mairie.fr/photo-santa-luzia-pb.html

A Capela de São Sebastião foi edificada durante a permanência do reverendo José Borges de Carvalho, enquanto vigário da paróquia de Santa Luzia. No dia 21 de janeiro de 1935, o então Bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom João da Maria Amaral, oficia uma benção na capela. (MEDEIROS, 2008, p. 66) (MOBRAL, 1984, p. 43)

Todos os anos, no dia 20 de janeiro, uma procissão saindo da Igreja Matriz segue em direção a capela de São Sebastião, em celebração ao dia do santo. A noite há a festa profana, na qual se faz presente um tipo de diversão que inclui o som de bandas de forró.

Ao redor da capela, no terreno pertencente à paróquia, há pequenas casas construídas, tanto de pau-a-pique (taipa) como de alvenaria; essas construções são permitidas pela paróquia e os donos das casas pagam uma quantia anual pela permissão da construção, funcionando como um foro anual pelo uso do terreno que pertence ao ‘Patrimônio do Santo’.

A área conhecida como Monte de São Sebastião faz parte do que compõe hoje, para a divisão organizacional do território da cidade de Santa Luzia, o Bairro São Sebastião. Então, mesmo sendo oficialmente Bairro São Sebastião, é constantemente referenciado enquanto Monte São Sebastião ou simplesmente Monte. De acordo com a Lei Municipal Nº 478/200846, os limites do bairro São Sebastião são os seguintes:

Partindo da foz da sangria do açude Padre Ibiapina, no Rio Quipauá, seguindo pelo mesmo até o final do perímetro urbano até confrontar com o Riacho das Marias Pretas, seguindo por este, até a BR 230, por esta, até o Bueiro do Córrego Baixo Monte, seguindo o referido Córrego até à margem do Açude Padre Ibiapina, até confrontar com a Rua Bartolomeu Medeiros, contornando o Açude Padre Ibiapina, até a foz da sangria do mesmo.

A construção da Rodovia Transamazônica (BR-230) 47 passou por dentro do perímetro urbano da cidade de Santa Luzia, de modo que o Monte São Sebastião fica separado do centro de Santa Luzia pela referida estrada. A rodovia também divide o Monte São Sebastião em Baixo Monte e Alto Monte, ou seja, o Baixo Monte fica de um lado da BR 230 e o Alto Monte do outro.

Nossa pesquisa começa exatamente na BR – 230, seguindo a direção Campina Grande – Sertão. Ao chegarmos à entrada da cidade de Santa Luzia avistamos do lado direito, no alto do Monte, a Capela de São Sebastião.

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Lei Municipal Nº 478/2008. Define os limites dos bairros de Santa Luzia-PB e denomina os ainda não nominados. Prefeitura Municipal de Santa Luzia – PB, sob administração de Antônio Ivo de Medeiros. 01 de abril de 2008.

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Projetada durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974) a Rodovia Transamazônica (BR-230), 4.965,1 km de comprimento que liga a cidade de Cabedelo na Paraíba a Benjamin Constant, no Amazonas. A BR 230 atravessa sete estados brasileiros: Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. A BR 230 corta a Paraíba de leste a oeste, passando por cidades como: Cabedelo – João Pessoa – Cajá – Riachão do Bacamarte – Campina Grande – Soledade – Juazerinho – Junco do Seridó – Santa Luzia – Patos – São Bentinho – Pombal – Aparecida – Cajazeiras.

Figura IV: Na BR 230

Fonte: www.annuaire-mairie.fr/photo-santa-luzia-pb.html

Morar no bairro São Sebastião significa morar do outro lado da cidade, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde, de educação e de assistência social. Como ocorre em toda a cidade de Santa Luzia, a contaminação dos dois açudes, que cingem e abastecem a cidade, gera a necessidade da compra de água potável – ou, como eles dizem: água doce – ou para os que possuem cisterna prover-se da água de chuva, porém, essa situação se agrava devido à renda economicamente baixa dos moradores do Monte.

No bairro São Sebastião algumas ruas são pavimentadas, enquanto outras ainda se encontram sem calçamento, fazendo com que os moradores convivam com o limo na época das chuvas e com a poeira no período seco; o bairro dispõe de um posto de saúde, que está em reforma, uma creche e uma escola primária; há água encanada, luz elétrica, coleta de lixo e saneamento básico.

Na percepção de muitos dos moradores da cidade, essa parte da cidade é considerada perigosa, tanto pelos que não residem lá, como também por seus moradores, com a diferença de que os últimos convivem diariamente com a representação que se faz desse espaço.

E este foi o ambiente no qual realizamos nosso exercício de pesquisa antropológica.

Nas dimensões territoriais que corresponde ao bairro São Sebastião observa-se entre os moradores a presença de pessoas vindas de localidades

diversas, como por exemplo, da Serra do Talhado, da Pitombeira e de outros sítios da região.

Assim, para a escrita e discussão do tema proposto nesta dissertação, objetivamos descrever como a partir da vinda de pessoas, que saindo do Talhado e estabelecendo residência no bairro São Sebastião, formou-se um grupo que compartilha o sentimento de pertencimento com a Serra do Talhado.