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Morfologia dos solos e distribuição na paisagem

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Morfologia dos solos e distribuição na paisagem

Nas Tabelas 1 e 2 encontra-se uma síntese das descrições morfológicas dos perfis de solos estudados, a descrição completa com fotos pode ser verificada nos apêndices, item 8.1. Os perfis de solos do morro Santana apresentaram características morfológicas semelhantes, no topo e encostas do morro, sendo bastante divergentes do perfil observado no sopé do morro (Tabela 1). Nas condições de topos e encostas, os solos são bem drenados, com cores amareladas e muito cascalhentos em quase todos os horizontes. Com exceção do perfil P1, com espessura de 40 cm e que não apresentou horizonte B pedogenético, os solos apresentaram profundidade (até o horizonte C) em torno de 100cm e forte gradiente textural, sendo no perfil P4 foi verificada cerosidade pouca e fraca. Predominaram a classe textural franco argilo arenosa nos horizontes superficiais e argila nos horizontes subsuperficiais, assim como estruturas fracamente desenvolvidas.

No perfil P5, localizado no sopé do Morro, a espessura de solum foi maior que 120 cm (Tabela 1), predominando as cores vermelhas. A classe textural indicou solos com menores teores de argila, quando comparado aos perfis das encostas do morro. Também foi constatado gradiente textural ao longo do perfil, e nos horizontes com maiores teores de argila foi observada cerosidade pouca e fraca. É provável que os solos presentes nesta posição do relevo tenham recebido sedimentos provindos de cotas mais altas da topossequência.

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Tabela 1. Morfologia dos solos do Morro Santana.

Hz. Profundidade, cor úmida , classe textural, estrutura, consistência, transição e cerosidade

P1 - Neossolo Litólico Distrófico típico

A1 0 - 12 cm; 7,5 YR 3/3; franca; fraca, muito pequena, granular/grãos simples; friável, não plástica e não pegajosa; transição clara e plana A2 12 - 21 cm; 7,5 YR 2,5/2; franca; fraca, muito pequena, granular/grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição clara e plana A3 21 - 32 cm; 5 YR 3/2; franca; fraca, muito pequena, blocos subangulares/ grãos simples; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição abrupta e plana CR 32 - 40+ cm; variegada (5 YR 7/6; 7,5 YR 6/8); areia; maciça; extremamente firme, não plástica e não pegajosa

P2 – Cambissolo Háplico Alítico típico

A1 0-10 cm; 10YR 3/3; franca; fraca, pequena, granular; firme, não plástica e não pegajosa; transição clara e plana A2 10-26 cm; 10YR 3/4; franco argilosa; fraca, pequena, granular; firme, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e plana BA

26-36/50 cm; 10 YR 3/2; argila; fraca, pequena, blocos subangulares / fraca, pequena, granular; firme, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada

Bi

36/50-70/85 cm; variegada (10 YR 2,5/2; 7,5 YR 5/8); argila; moderada, grande, blocos subangulares; firme; ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada

BC

70/85 – 100+ cm; variegada (10 YR 3/3; 2,5 YR 4/8; 7,5 YR 5/8); argila; moderada, grande, blocos subangulares/ moderada, média, laminar; firme, não plástica e não pegajosa

P3 - Argissolo Vermelho-Amarelo Alítico abrúptico

A1 0-18/22 cm; 10 YR 3/3; franco argilo arenosa; fraca, média, granular; muito friável, não plástica e não pegajosa;transição clara e plana A2 18/22-28/33 cm; 10 YR 3/3; franco argilo arenosa; fraca, média, granular; muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e plana

Bt

28/33-39/62 cm; variegada (10 YR 2/2; 2,5 YR 4/8); argila; moderada, grandes, blocos subangulares/ fraca, média, granular; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada

Cr

39/62 – 105+ cm; variegada (2,5 YR 4/8; 5 YR 4/8; 10 YR 2/2); franca; maciça que se desfaz em moderada,grandes, blocos subangulares; firme, não plástica e não pegajosa

P4 - Argissolo Amarelo Eutrófico abrúptico

A1

0 – 8/15 cm; 7,5 YR 3/4; franco arenosa; grãos simples/ fraca, pequena a média, granular; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;transição clara e ondulada

A2

8/15 – 40/48 cm; 7,5 YR 3/3; areia franca; grãos simples/ fraca, pequena a media, blocos subangulares; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada

Bt

40/48 – 50/63 cm; 7,5YR 3/4 com mosqueados 2,5 YR 4/8; franco argilosa; fraca, pequena a media, blocos subangulares que se desfazem em grãos simples; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada; cerosidade fraca e pouca

C

50/63 – 95+ cm; variegada (5YR 7/8; 2,5YR 4/6; 10R 2,5/1); franca; fraca, média, blocos subangulares que se desfazem em grãos simples; firme, não plástica e não pegajosa

P5 – Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico

A1 0 - 7 cm; 7,5 YR 3/4; franca; moderada, média, granular; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;transição clara e plana A2

7 - 18 cm; 7,5 YR 4/4; franca; moderada, grande, blocos subangulares/moderada, pequena, granular; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e plana

BA 18 - 44 cm; 5YR 4/6; franco argilosa; forte, grande, blocos subangulares; firme, ligeiramente plástica e pegajosa; transição difusa e plana Bi 44 - 74 cm; 2,5YR 4/8; franco argilosa; forte, grande, blocos subangulares; firme; plástica e pegajosa; transição difusa e plana, cerosidade fraca e pouca BC 74 – 120+ cm; 2,5YR 4/8; franco siltosa; firme, ligeiramente plástica e pegajosa

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Tabela 2. Morfologia dos solos do Morro São Pedro.

Hz. Profundidade, cor, classe textural, estrutura, consistência, transição e

cerosidade

P1 – Argissolo Bruno Acinzentado Distrófico úmbrico

A1 0 – 9/12 cm; 7,5 YR 3/2; franco arenosa; moderada, pequena, granular; friável, não

plástica e ligeiramente pegajosa;transição gradual e ondulada.

A2 9/12 - 25 cm; 7,5 YR 2,5/2; franca; moderada, média, granular; friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição clara e plana.

Bt 25 – 55/60 cm; 10YR 3/3; franco argilosa; moderada, média, blocos subangulares;

friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição gradual e ondulada; cerosidade pouca e fraca.

BCf* 55/60 - 95 cm; 10YR 4/2, mosqueado comum médio 2,5YR 3/6; argilosa; maciça que se desfaz em forte, grande, blocos subangulares; friável (mosqueado com consistência firme); ligeiramente plástica e pegajosa.

C 95 – 130+ - variegada (7,5YR 6/1, 10YR 5/8); franco argilo arenosa.

P2 – Neossolo Regolítico Eutrófico típico

A1 0 – 4 cm; 5YR 2,5/2; franco arenosa; moderada, pequena a média, granular; muito

friável, não plástica e não pegajosa;transição gradual e plana.

A2 4 – 18/20 cm; 5YR 3/2; franco arenosa; fraca, média, granular; muito friável, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição gradual e ondulada

C/A 18/20 – 80/82 cm; variegada (5YR 6/8, 5YR 7/4); franco arenosa; fraca, pequena granular; muito friável, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada. Cr 80/82-92+cm; variegada (7,5YR5/8, 10YR 7/6); areia franca; friável a firme

P3 - Argissolo Vermelho Eutrófico abrúptico

A1 0-16/20 cm; 5 YR 3/3; franco arenosa; fraca, pequena, granular; muito friável e ligeiramente plástica, ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada.

A2 16/20 – 26/40 cm; 5YR 3/4; franco arenosa; fraca/moderada, granular, blocos angulares, pequenas/ medias; muito friável e não plástica, ligeiramente pegajosa; transição clara e ondulada.

Bt1 26/40 – 72 cm; 5YR 4/4; franco-argilo-arenosa; moderada, grande, blocos

angulares; firme, muito firme e plástica, pegajosa; transição gradual plana.

Bt2 72 -100 cm; 2,5YR3/6; argila; moderada/forte, grande, blocos angulares; firme e plástica pegajosa; transição gradual plana; cerosidade comum e moderada

Bt3 100 -120+ cm; 2,5YR 3/4; argila; forte, grande blocos angulares; firme, plástica, pegajosa; comum e moderada

* plintita ocupando menos de 5% do horizonte

Outra explicação para a diferença morfológica em relação aos perfis das encostas e topo do Morro Santana é a ausência de cascalhos no perfil P5 (Tabela 3), assim como a declividade, que foi inferior a 8% (Figura 4a) neste compartimento pode ter colaborado para a formação de uma zona de acúmulo, com boa drenagem.

Os solos do Morro São Pedro apresentaram diferenças morfológicas marcantes (Tabela 2), devido à diferença de declividade e a posição na paisagem. No topo do Morro, com declividade inferior a 3%, a forma côncava do relevo local proporcionou um ambiente com drenagem imperfeita, formando um perfil de solo com cores amareladas e mosqueadas. Setubal (2010),

28 avaliando os padrões ambientais do Morro São Pedro, também constatou a presença de solos muito mal drenados em topo côncavo. O hidromorfismo nos horizontes subsuperficiais do perfil P1 foi evidenciado pela formação de plintita, ocupando menos de 5% do volume do horizonte BCf (Tabela 2). Em todos os horizontes foi verificada a presença de estruturas em grau forte de desenvolvimento e gradiente textural no perfil, suficiente para caracterizar um horizonte B textural (Tabela 3), assim como presença de cerosidade no horizonte Bt.

O perfil P2, localizado em uma encosta sob mata nativa e declividade de 22% (Figura 4b), é considerado raso (EMBRAPA, 2013), com profundidade inferior a 50 cm. Ausência de horizonte B pedogenético, classe textural franco arenosa ao longo do perfil, cores vermelhas e estruturas em grau moderado a fraco de desenvolvimento caracterizam este perfil (Tabela 2). Trata-se de um solo em estágio de intemperismo moderado ou pouco expressivo e provavelmente o relevo local condiciona a pedogênese deste solo.

Na encosta inferior do Morro São Pedro, com declividade de 15% foi verificado um perfil de solo bem desenvolvido morfologicamente. O perfil P3 apresentou espessura do solum de mais de 120 cm, com cores vermelhas, forte gradiente textural, estruturas moderadas grandes em blocos subangulares e bastante cascalhentos (Tabela 2). Nos horizontes Bt2 e Bt3 foi verificada a presença de cerosidade comum e moderada, que pode ser indicativa de argila iluvial. Solos com forte gradiente textural em áreas com declividade alta também foram identificados nas encostas do Morro Santana e também em uma encosta com declividade de 35% no Morro da Extrema em Porto Alegre (Corrêa de Medeiros et al., 2013). Estes solos apresentaram em comum a presença de cascalho ao longo do perfil, que pode ter facilitado a infiltração de água mesmo nestas áreas com relevo forte ondulado.

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