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CAPÍTULO 4 RESULTADOS

4.2 Morfometria da Bacia do Alto curso do Rio Pitangui

O Alto curso do Rio Pitangui drena uma área de 166,00 km² e possui uma extensão de 42,384 km até a confluência com a represa de Alagados. Tem suas cabeceiras posicionadas a 1073 metros acima do nível do mar localizadas no distrito de Abapã (município de Castro), e deságua na represa de Alagados a 917 metros de altitude, nos limites municipais de Carambeí e Ponta Grossa, perfazendo uma amplitude altimétrica da ordem de 156 metros.

O Alto Pitangui e seus afluentes dissecam litologias diversas e diferentes sistemas de relevo, sendo que a nascente do rio inicia-se na direção SE-NW, e segue com deflexões até atingir os limites da represa de Alagados, resultando no predomínio de direção NE-SW. O canal principal tem suas nascentes no Morro do Mastro, sobre o Grupo Itaiacoca e Complexo Granítico Cunhaporanga, cortados por diques preenchidos por diabásio e fraturas e outras falhas. Em seu médio/baixo curso, no Planalto de Castro, as planícies aluviais são mais desenvolvidas e o canal assume uma tipicidade meandrante.

O fator assimetria da bacia (FAB) é utilizado geralmente onde há falhas recentes mascaradas ou pobremente expostas, como também falhas reativadas por eventos deformacionais, assim a assimetria de uma bacia reflete o componente de deslocamento lateral do seu rio principal, perpendicularmente à direção de seu eixo, sendo que esta migração é causada por processos fluviais internos e/ou externos ou ainda por forças deformacionais tectônicas (COX, 1994). A despeito dos desvios e migrações laterais internas observáveis através do Fator Assimetria da Bacia, a bacia hidrográfica do Alto Curso do Rio Pitangui apresenta-se com um soerguimento da margem direita quantificada num valor FAB igual a 63,90, fazendo com que o canal se deslocasse para o setor ocidental da bacia sobre as rochas do Complexo Granítico Cunhaporanga, Formação Itaiacoca e Sedimentos Recentes e uma boa diversidade de formas de relevo, o que reflete diretamente no comportamento da rede de drenagem.

O Fator de Simetria Topográfica Transversal (FSTT) apresenta altos valores de assimetria da rede de drenagem em relação a sua área de captação. Foram traçados 21 segmentos, e a partir da linha média calculou-se a simetria do canal principal, e os valores ficaram entre 0,01 a 0,68, e a média obtida de 0,33, verificando-se, portanto, uma distribuição relativamente dispersiva dos valores, devido às reorientações que o rio Pitangui assume em função do controle tectônico a que está submetido (FIGURA 19 e 20 ).

SEGMENTO FSTT SEGMENTO FSTT SEGMENTO FSTT

1 0,46 8 0,30 15 0,39 2 0,26 9 0,22 16 0,27 3 0,59 10 0,09 17 0,26 4 0,47 11 0,28 18 0,37 5 0,61 12 0,27 19 0,37 6 0,68 13 0,03 20 0,01 7 0,53 14 0,36 21 0,41

Figura 19 - Quadro dos valores do Fator de Simetria Topográfica Transversa calculados para a Bacia do Alto curso do Rio Pitangui. Elaborado por OLIVEIRA (2014)

Os segmentos 3/5/6 e 7 são aquelas que registram assimetria mais significativa, já que valores igual ou próximos a zero (0) apresentam condição simétrica, e valores igual ou próximos a um (1) apresentam condição assimétrica. No entanto, essa assimetria verificada nesse caso possivelmente associa-se mais a conformação do relevo do que a processos de migração lateral apenas por efeito de basculamento. No segmento 6/7 o canal principal muda de direção, deixando de seguir no sentido E-W para seguir no sentido NE-SW, ainda nesse trecho o rio passa a ter um comportamento retilíneo.

A forma superficial de uma bacia hidrográfica é importante na determinação do tempo de concentração, ou seja, o tempo necessário para que toda a bacia contribua para a sua saída de água após uma precipitação, sendo que quanto maior o tempo de concentração, menor a vazão máxima de enchente, se mantidas constantes as outras características (TONELLO 2006). Os índices forma e circularidade obtida foram 0,27 e 0,206 respectivamente, valores que confirmam que a bacia é mais alongada, favorecendo o processo de escoamento e, com isso, diminuindo a probabilidade de enchentes rápidas. Este fator é comprovado pelo coeficiente de compacidade de 2,18 ser mais afastado da unidade (ALVES & CASTRO, 2003; TONELLO, 2006).

O índice de sinuosidade, fator controlador da velocidade do fluxo, encontrado para a Bacia hidrográfica do Alto Curso do Rio Pitangui foi de 1,73, sendo que para este

índice entre 1,0 e 2,0, o padrão do canal é do tipo transicional que é influenciado pela carga de sedimentos, compartimentação litológica, estruturação geológica (ALVES & CASTRO, 2003).

A bacia do Alto Curso do Rio Pitangui, com base em Strahler (1952), em escala 1:50.000, é uma bacia de 5ª ordem, composta por 3 canais de quarta ordem, 20 canais de terceira ordem, 85 canais de segunda ordem e 412 canais de primeira ordem. Sendo que os canais de primeira e segunda ordem predominam na bacia, isto se deve ao fato do relevo da área ser bastante dissecado. Isto pode ser analisado pela relação de bifurcação, que nesta bacia apresenta um valor máximo de 6,6 para os canais de 3º ordem e um valor mínimo de 3 para os canais de 4º ordem.

Os valores da relação de bifurcação indicam o grau de dissecação da bacia hidrográfica, ou seja, quanto maior for o valor desse índice maior será o grau de dissecação. Os valores encontrados para os canais de 1º e 2º ordem foram de 4,85 e 4,25 respectivamente, indicando que as nascentes e os cursos secundários se encontram em um relevo dissecado, com morros e colinas desenvolvidas. No trecho do médio curso, nos canais de 3º ordem, a bacia apresenta um valor ainda maior de 6,6, caracterizando um relevo bem dissecado formando uma unidade de zona de erosão regressiva, com morros e colinas bem desenvolvidas. E nos trechos de 4º e 5º, a razão decai para valores iguais a três (3) e 1 indicando um relevo menos dissecado com colinas mais suaves e regiões planas.

Estas características morfológicas do relevo proporcionaram um valor de densidade de drenagem de 2,67 km/km², que segundo Tonello (2006), este índice pode variar de 0,5 km/km² em bacias de drenagem pobre a 3,5 ou mais nas bacias excepcionalmente bem drenadas, indicando, portanto, que a BHAP apresenta uma média capacidade de drenagem. Já a densidade hidrográfica foi de 3,13 canais/km², o que indica uma riqueza média de canais na bacia, porém com áreas com grande riqueza de canais.

O coeficiente de manutenção apresentou valor de 3,74 m²/m. Esse coeficiente tem relação inversa à densidade de drenagem, significando que uma diminuição no valor desse parâmetro corresponde a um aumento no grau de desenvolvimento da rede de drenagem, resultando assim no aumento da dissecação do relevo e diminuição da área disponível para o entalhamento de novos canais.

A relação do relevo estabelece a relação da declividade com o comprimento do canal, sendo que quanto maior for o índice mais colinoso e dissecado será o relevo e haverá mais canais entalhados. Assim para a bacia em estudo o valor obtido foi de 6,03 m/km e o índice de rugosidade de 3,134, os quais mostram que a bacia do Alto Pitangui apresenta-se em ambiente de médio declive e colinoso, sendo que nas cabeceiras de drenagem o relevo é mais colinoso e dissecado com canais mais entalhados, e quando vai chegando próximo ao represamento apresenta um relevo suave com maiores áreas de planícies de inundação.

4.3 – Perfil longitudinal do Alto curso do Rio Pitangui e de alguns de seus

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