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5.1 Ensaios agudos: Ínstares II e III

5.1.1 Mortalidade

5.1.1.1 Cepas de C. raciborskii

A figura 4 apresenta os dados relativos à mortalidade obtida nos ensaios de toxicidade aguda com larvas dos instares II e III após exposição aos extratos das cepas de C. raciborskii e na tabela 3 os valores das variáveis físicas e químicas obtidas durante estes ensaios.

Figura 4 - Porcentagens de mortalidade para os instares II e III após exposição aguda de larvas de C. xanthus aos extratos celulares das cepas de C. raciborskii.

Tabela 3 - Variáveis físicas e químicas mensuradas no inicio e término dos ensaios de toxicidade aguda com exposição de larvas de C. xanthus dos instares II e III aos extratos das cepas de C. raciborskii.

CONTROLE

Ínstares pH CE (µS cm-1) OD (mg L-1) T (ºC)

Início Fim Início Fim Início Fim Início Fim

II 7,2 8,1 140 151 5,9 6,2 23 22 III 7,5 8,1 165 188 5,8 6,5 23 23 CYP-011K II 7,4 8,1 129 277 6,1 5,8 23 23 III 7,3 8,3 204 252 5,2 5,2 22 22 NPCS-1 II 7,2 8,0 165 219 6,2 6,0 22 23 III 7,4 8,2 186 222 5,6 5,1 22 24

A análise quantitativa dos resultados indicou uma maior sensibilidade de larvas do ínstar II em exposição ao extrato tóxico (CYN) correspondendo a uma porcentagem de mortalidade de 14%. Contrariamente, larvas do ínstar III foram mais sensíveis quando expostas ao extrato não tóxico, com 15% de mortalidade, não apresentando efeito quando expostas ao extrato tóxico, porém, não se pode afirmar que houve efetivamente efeito agudo pronunciado em relação à mortalidade para ambos os instares e ambos os extratos, uma vez que os maiores valores de mortalidade não ultrapassaram porcentagens de 15%, valor aceitável como baixo.

Efeitos agudos avaliados pelo atributo mortalidade foram encontrados por Dornfeld (2006) após exposição de larvas de C. xanthus ao metal cádmio e por Almeida (2007) após exposição ao inseticida atrazina. Tais contaminantes possuem mecanismos de ação em C.

xanthus totalmente diferentes da CYN, de efeito já comprovado por vários autores como

potente bloqueador da síntese protéica, porém não avaliado no presente trabalho.

Nogueira et al. (2004) também avaliaram os efeitos sobre o crescimento de D. magna juvenis após exposição aguda a duas cepas de C. raciborskii (tóxica e não tóxica). Após 48 horas de exposição os autores observaram taxas de mortalidade da ordem de 93,33% e 10% para as cepas tóxicas e não tóxicas, respectivamente.

Kinnear et al., (2007) também investigaram possíveis efeitos sub-letais em M.

tuberculata durante exposição ao extrato e células intactas de C. raciborskii produtora de

CYN. Os autores observaram que ambos os tratamentos não causaram alterações na mortalidade, taxa de crescimento ou comportamento nos indivíduos adultos, e sim na liberação de filhotes pela bolsa incubadora, o que revelou um efeito na reprodução destes organismos.

A semelhança observada nas taxas de mortalidade para ambas as cepas, em especial para os dados obtidos após exposição ao extrato não tóxico também pode indicar a presença e atuação de outros metabólitos que não cianotoxinas na solução de exposição. Tal fato é de grande relevância, uma vez que a mortalidade de larva de C. xanthus em condições ambientais normais pode estar relacionada a simples presença de cianobactérias.

Os valores das variáveis físicas e químicas monitoradas durante os ensaios agudos não sofreram alterações entre o início e final dos experimentos. Observa-se apenas que nas soluções com os extratos houve um pequeno aumento nos valores de condutividade, e pH, o que é explicado por conter justamente extratos de cianobactérias, as quais foram cultivados em meio com pH em torno de 8,0 (valor similar ao encontrado nos ambientes com florações).

5.1.1.2 Cepas de M. aeruginosa

A figura 5 apresenta os dados de mortalidade dos ensaios de toxicidade aguda após exposição de larvas dos instares II e III aos extratos das cepas de M. aeruginosa e ao tratamento controle, e na Tabela 4, os valores das variáveis físicas e químicas monitoradas. Também foi observada a mesma tendência já relatada nos ensaios com os extratos de C.

raciborskii.

Figura 5 - Porcentagem de organismos mortos dos instares II e III durante exposição aguda (96 horas) aos extratos celulares das cepas de M. aeruginosa.

Tabela 4 - Variáveis Físicas e Químicas obtidas no inicio e fim dos ensaios de toxicidade aguda com exposição de larvas de C. xanthus dos instares II e III aos extratos das cepas de M. aeruginosa.

CONTROLE

Ínstares pH CE (µS.cm-1) OD (mg.L-1) T (ºC)

Início Fim Início Fim Início Fim Início Fim

II 7,2 8,1 140 151 5,9 6,2 23 22 III 7,5 8,1 165 188 5,8 6,5 23 23 NPLJ4 II 7,0 8,2 146 187 6,5 6,5 24 23 III 7,4 8,1 151 178 6,4 6,9 24 24 NPCD II 7,1 8,1 143 188 6,6 6,6 22 23 III 7,5 8,1 166 184 6,5 6,1 23 22

Como observado, a análise quantitativa dos resultados revelou a não existência de efeito agudo quanto à mortalidade para larvas de C. xanthus, uma vez que as maiores porcentagens de mortalidade não corresponderam a valores superiores a 6% para ambos os extratos.

Em estudo já realizados com larvas de insetos Marsalek & Blaha (2004) compararam a diferença de sensibilidade após exposição aguda ao extrato, pigmento e toxina purificada em três diferentes amostras de M. aeruginosa nas concentrações de 1,085; 0,48 e 0,03 mg/g de peso seco (PS). Tais concentrações foram denominadas como tóxica (1), intermediária (2) e não tóxica (3), respectivamente, para larvas de Culex pipiens e Drosophila melanogaster. Para

C. pipiens, a exposição à concentração não tóxica não resultou em mortalidade, porém, os

maiores valores de CL50 foram registrados após exposição a toxina purificada tanto para a concentração tóxica quanto a intermediária (22,3 e 25,9 mg/g PS, respectivamente). Já para D.

melanogaster, os maiores valores de CL50 foram registrados após exposição ao pigmento

para as três amostras analisadas.

No presente trabalho, larvas de C. xanthus foram expostas apenas aos extratos celulares, sendo detectado nos organismos concentrações de toxina equivalentes a 0,016 e 0,060 ng/mg respectivamente para os instares II e III. (Tabela 8). Tais valores são menores, comparados aos obtidos pelos autores acima mencionados, o que permite indicar que a concentração de MCYST (equivalente a condição de floração) a que os organismos foram expostos foi insuficiente para provocar um efeito agudo avaliado pelo atributo mortalidade.

Estes mesmos autores mencionam que a mortalidade muitas vezes pode ser resultado da interação entre toxina e outros metabólitos presentes nas amostras. Neste sentido, Kivirata

et al., (1993) concluíram que a cepa de Oscillatoria agardhii não produtora de MCYST foi

altamente tóxica para larvas de Aedes aegypti, apresentando valores de CL50 - 24 horas de 8,7 e 6,1 g/celulas/ml para os ínstares IV e II, respectivamente. Porém, este efeito não foi observado no presente trabalho, o que pode indicar que a cepa não produtora de MCYST (isoladas das lagoas da Cidade de Deus/RJ) não possuem metabólitos secundários diferentes da toxina que provocam efeitos agudos em C. xanthus, ou que mesmo se houver, a concentração utilizada não foi suficiente para provocar um efeito agudo.

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