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3.6 Estatística descritiva dos dados 30 

3.6.1 Mortalidade 30 

As principais causas de mortalidade no Brasil entre 1980 e 2002, em ordem

de importância, foram as doenças do aparelho circulatório, as causas externas

(acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, entre outros), os neoplasmas (tumores),

as doenças do aparelho respiratório e as doenças infecciosas e parasitárias. Estas

cinco causas responderam por 62,1% e 64,1% das mortes de mulheres e homens,

respectivamente. O Quadro 1 apresenta as causas de morte citadas e os respectivos

capítulos e códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID).

A Tabela 2 apresenta a taxa de mortalidade anual média (mortes por 100.000

habitantes) da população brasileira entre 1980-2002. Exceto no caso de mortes por

neoplasmas de pessoas com idade entre 25 e 44 anos, as taxas de mortalidade

masculinas são maiores que as femininas, independente da faixa etária e da causa de

morte. A diferença torna-se mais evidente quando se observam as taxas de

mortalidade por causas externas, em que a masculina é 4,8 vezes maior que a

feminina para todas as idades e 7,8 vezes para a faixa etária 25-34 anos. Ao se

considerar todas as idades e todas as causas de morte, a taxa de mortalidade

masculina é de 690,6 mortes por 100 mil habitantes, contra 477,3 para o sexo

feminino.

Causa

Capítulo da

CID-9

Códigos da CID-

9

Capítulo da

CID-10

Códigos da CID-

10

Doenças infecciosas e

parasitárias

I 001-139 I A00-B99

Neoplasmas II 140-239 II C00-D48

Doenças do aparelho

circulatório

VII 390-459 IX I00-I99

Doenças do aparelho

respiratório

VIII 460-519 X J00-J99

Causas externas

XVII

E800-E999

XX

V01-Y98

Quadro 1 – Capítulos e códigos da 9ª e 10ª Revisão da Classificação Internacional de

Doenças (CID-9 e CID-10)

Fonte: Datasus (2010).

Nota: De 1979 a 1995, as declarações de óbito eram codificadas utilizando-se a 9ª Revisão da

Classificação Internacional de Doenças (CID-9). A partir de 1996, passou-se a utilizar a 10ª Revisão

(CID-10).

A maior taxa de mortalidade masculina se deve, em parte, à diferença

biológica entre os sexos. As diferenças de cromossomas entre homens e mulheres

implicam que algumas doenças genéticas atinjam principalmente eles (como a

hemofilia ou a miopatia). O organismo feminino possui maior capacidade de estocar

e desestocar energia, o que dá às mulheres maior facilidade para enfrentar mudanças

nas condições de vida, suportar a superalimentação e eliminar mais eficazmente os

excessos de alimento (VALLIN, 2004).

Segundo esse mesmo autor, a secreção de foliculina, que ocorre até a

menopausa, eleva a proteção das mulheres contra as doenças circulatórias, pois

facilita a dilatação das veias. Devido a essa substância, elas também apresentam

menor elevação da pressão arterial e maior intensidade de eliminação de lipídios

durante um esforço físico de mesma intensidade, o que as protege contra as doenças

isquêmicas do coração. Os estrogênios facilitam a eliminação do colesterol “ruim” e

garantem uma melhor imunidade às mulheres contra doenças cérebro-vasculares. A

testosterona, por outro lado, aumenta a impulsividade e a motivação para competir,

diminui a sensação de medo e torna as pessoas mais propensas a assumir riscos, o

que resulta na maior mortalidade masculina por causas externas.

Tabela 2 – Taxa de mortalidade anual média (mortes por 100.000 habitantes), por causa de morte, sexo e faixa etária, Brasil, 1980-2002

Todas as causas

Doenças infecciosas e

parasitárias

Neoplasmas

Doenças do aparelho

circulatório

Doenças do aparelho

respiratório

Causas externas

Faixa etária

Feminino Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

Masculino Feminino

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

Masculino

Menor que 1

2.786,1

3.527,4 431,2 543,5

5,3

5,3 16,6 18,8 287,1 362,8 30,7 38,9

1-4

137,7

152,8

26,0

27,7

4,7 5,5 2,8 2,8 24,4 25,6 14,8 21,8

5-14

34,3

51,2

3,0

3,8 3,3 4,2 2,0 2,1 3,0 3,3 11,2 23,8

15-24

66,4

204,9

4,6

6,6

4,6 6,4 6,5 7,8 4,3 5,7 22,9 149,5

25-34

115,2

329,0

10,1

20,2

12,9 10,9 19,5 26,6 7,2 12,0 23,5 182,7

35-44

228,8

503,7

14,6

34,7

42,4 33,4 61,2 92,7 12,9 24,5 23,8 159,9

45-54

492,8

936,5

23,2

51,9

109,0 120,7 165,4 277,5 27,7 51,7 26,0 145,3

55-64

1.054,8

1.849,6

38,7

74,9

212,6 310,1 397,2 678,0 71,4 134,1 30,3 133,8

65-74

2.473,9

3.776,1

71,0 114,2 371,2 591,4 1.023,0 1.479,1 199,8 367,6 48,2 136,5

75 ou mais

8.103,4

9.629,6

178,6 223,0 649,9 1.010,0 3.471,4 3.663,4 860,5 1.182,9 133,4 217,0

Todas

477,3

690,6

27,8

41,1

54,7 66,7 145,7 170,7 42,9 58,0 23,8 114,1

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados de mortalidade e população do Datasus (2010).

O par de cromossomas XX, presente nas mulheres, é um importante defensor

do organismo contra lesões oxidantes causadas por radicais livres, garantindo a

replicação de enzimas de reparação ou recuperação. Além disso, o gene que permite

fabricar a enzima G6PD, a qual é fundamental para a regeneração das células,

também se encontra no cromossoma X (VALLIN, 2004).

Ainda com relação à Tabela 2, observa-se que a maior taxa de mortalidade

ocorre na faixa de 75 anos ou mais de idade (9.629,6 mortes por 100 mil habitantes

para os homens e 8.103,4 para as mulheres). Na sequência aparece a taxa de

mortalidade das crianças com menos de um ano de idade (2.786,1 para as meninas e

3.527,4 para os meninos). A faixa etária seguinte (5-14 anos) apresenta a menor taxa

de mortalidade.

As doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte quando se

consideram todas as idades. Para a população masculina como um todo, as causas

externas são a segunda principal fonte de mortalidade. Entretanto, elas são a

principal causa de morte para os homens entre 5 e 44 anos e respondem por 73% dos

óbitos do grupo de 15-24 anos.

As doenças infecciosas, parasitárias e do aparelho respiratório estão entre as

principais causas de mortalidade para as crianças de zero a quatro anos.

9

As doenças

do aparelho circulatório começam a ganhar destaque entre as causas de morte a partir

do grupo de 25-34 anos de idade. A partir da faixa 45-54, ela é a principal causa de

morte, tanto para mulheres como para homens.

Os neoplasmas são a segunda principal causa de morte entre as pessoas com

idade entre 55 e 74 anos. A partir dos 75 anos de idade, as doenças do aparelho

respiratório passam a ocupar o posto de segunda principal causa de morte no Brasil.

A taxa de mortalidade da população brasileira tem apresentado uma ligeira

tendência de queda desde a década de 1980. Como se verifica na Figura 2, ela saiu de

620,3 mortes anuais por 100 mil habitantes em 1980 e chegou a cerca de 560 em

2002 (uma queda de aproximadamente 10% ao longo do período). Esse decréscimo

se deve, entre outros, à progressiva popularização de medidas de higiene; à

ampliação das condições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em

9

Apesar de não constar na tabela, a principal causa de mortalidade das crianças com menos de um ano

de idade são as afecções originadas no período perinatal, que envolvem, entre outras, crescimento

fetal retardado, má nutrição fetal, prematuridade e trauma de parto.

áreas mais distantes; às campanhas de vacinação; e ao aumento quantitativo da

assistência médica e do atendimento hospitalar.

480 500 520 540 560 580 600 620 640 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Ano T ax a de m or tal idade

Figura 2 – Taxa anual de mortalidade (mortes por 100 mil habitantes), Brasil, 1980-

2002

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados de mortalidade e população do Datasus (2010).

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