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Mortalidade Geral em função da Inflação, Desemprego e Renda

Os resultados encontrados na regressão simples da correlação entre Mortalidade geral com a variável Inflação (medida pelo IPCA), Desemprego e Renda, apontaram que menores níveis de inflação e maiores de desemprego, ocasionam em aumento das taxas do indicador de saúde Mortalidade geral.

Um dos trabalhos que encontraram o mesmo resultado foi o de Brenner (2005), ele atribuiu maior desemprego a maiores taxas de Mortalidade geral, justificado pela pior condição socioeconômica do indivíduo. Defende a hipótese que períodos de instabilidade econômica e recessão ocasionam um impacto negativo sobre a condição de saúde da população, aumentando a Mortalidade geral, justifica

que nesses períodos há uma diminuição do consumo de bens e os investidores diminuem os investimentos, ocasionando no aumento do desemprego.

Tapia%Granados (2005) e Stuckler (2009) também confirmam a mesma hipótese encontrada nessa tese; a Mortalidade geral de um país aumenta ou diminui quando a economia está se expandindo ou contraindo. Consideram que menores níveis de inflação e maiores de desemprego, ocasionam o aumento das taxas do indicador de saúde Mortalidade geral.

Outro autor que confirma os resultados desse presente trabalho é Bezruchka (2009), explica que nos países em desenvolvimento, o crescimento econômico, pode aumentar a inflação e diminuir a mortalidade geral, visto que, o aumento da inflação proporciona redução do desemprego, consequentemente maior renda, confirmando a teoria de Philips. Essa correlação melhora a saúde, a população com melhor renda tem acesso ao fornecimento dos meios para atender necessidades básicas, como alimentos, água potável e abrigo, bem como acesso aos serviços de saúde.

Gerdthan & Ruhm (2004) realizam um estudo de correlação dos efeitos macroeconômicos sobre a Mortalidade geral usando dados em painel de 23 países da OCDE no período de 1960%1997; o resultado foi semelhante ao encontrado nessa tese, quanto menos inflação, mais desemprego e no curto prazo a maior renda ocasiona aumento da Mortalidade geral. Justifica esse resultado pelo fato dos indivíduos que encontram emprego, melhoram a renda e, por conseguinte, a sua demanda por saúde ocasionando, por exemplo, adesão ao plano de saúde, faz exames médicos periódicos, o que pode ocasionar o diagnóstico de doenças; aumentam o seu consumo de bens que deterioram a saúde como o consumo de álcool, passa a consumir bebidas mais forte como uísque; uso de drogas, até mais pesadas, cujo custo é maior; dirigem mais e carros mais potentes, que aumentam o número de acidentes de trânsito.

Outros trabalhos como de Montoya%Aguilar (2008) e Jacinto, Tejada & Sousa (2010) correlacionaram o indicador de Mortalidade geral com desemprego e renda. Ambos confirmam que as perdas materiais associadas com a situação de desemprego ou a insegurança para os trabalhadores que ainda estão empregados, contribuem para o aumento desse indicador de saúde. Afirmam que em períodos de recessão econômica os indivíduos não sabem se terão seu trabalho no futuro, fazendo com que essas pessoas reduzam suas despesas relacionadas à saúde e também economizem nos gastos sociais, piorando a qualidade de vida.

Jacinto, Tejada & Sousa (2010) confirmam que os coeficientes estimados da relação entre a variável taxa de mortalidade e emprego, resultam em recessões econômicas mensuradas pela taxa de desemprego na economia, sendo que essa relação contribui para uma piora na saúde. Concluem que atualmente, o estágio de desenvolvimento econômico brasileiro, proporciona efeitos positivos no aumento do emprego, com melhor acesso aos cuidados médicos, planos de saúde, alimentação, entre outros, proporcionando melhora na saúde; a ponto de compensar os achados dessa tese que o aumento da renda eleva as taxas de mortalidade. Afirmam que os possíveis efeitos negativos do aumento da renda, como aumento do alcoolismo, acidente de trânsito, falta de tempo para dedicar%se a atividades saudáveis podem ser influenciados pelos pontos positivos que a renda traz.

Podemos discutir sobre os achados encontrados, maior renda favorece o crescimento das taxas de Mortalidade geral, são semelhantes aos encontrados por Forber & McGregor (1987), eles estudaram a mortalidade no pós%guerra para a Escócia e identificaram que no longo prazo, variações positivas no emprego, consequentemente maior renda, estão associadas a uma maior taxa de mortalidade. Consideram que os indivíduos alteram seu hábito alimentar, consumindo produtos calóricos, suas atividades relacionadas aos cuidados com a saúde diminuem, por falta de tempo, pelo excesso de trabalho ou pela busca do prazer em outros hábitos, como tabaco, bebida alcoólica.

Gerdtham & Johannesson (2003) analisam as mudanças do comportamento do individuo empregado nos períodos de expansão e concluem que as taxas de acidentes de trabalho nesses períodos aumentam, principalmente em setores operacionais com foco no mercado econômico, cita o exemplo dos funcionários dos setores de transporte e construção, por esse motivo, agregam que o aumento da renda está vinculado ao excesso de trabalho e com isso as elevadas taxas de Mortalidade geral.

Para o resultado alcançado nessa tese, podemos também discutir a hipótese de Ruhn (2006) que permeia no aspecto de que as recessões econômicas contribuem para uma melhora na saúde e conseqüente redução da mortalidade. Esse autor explica essa hipótese pelo fato do estresse da perda do emprego poder provocar efeitos negativos sobre a saúde, que são compensados por melhorias para os trabalhadores, cujo número de horas ou pressões relacionadas ao trabalho são reduzidas. Coloca também que o indivíduo empregado (com maior renda se

comparado com o desempregado), está mais exposto aos fatores de risco que podem contribuir para o adoecimento, como por exemplo, a poluição relacionada ao congestionamento do tráfego, alimentação industrializada, consumo de alimentos mais calóricos, uso de álcool, tabaco, consumo de medicação, drogas devido ao estresse do trabalho.

Pensando na questão nutricional, Ruhn (2006) agrega a alta renda a uma alimentação não saudável. Nos países ocidentais, a relação é inversa, onde a busca por alimentos não saudáveis como fast foods, é relacionada a baixa renda e crise econômica. Relatam que as pessoas buscam esse tipo de alimentação por ser mais barata (MC DONALD´S CORPORATE SOCIAL RESPONSIBILITY, 2009).

Mc Donalds (2009) concorda que existe uma piora na qualidade nutricional durante os períodos de estabilidade econômica, no sentido das pessoas se alimentar mais fora de casa, consumindo produtos industrializados.

Podemos citar o exemplo de Cuba durante sua crise econômica dos anos 90, as pessoas de baixa renda se alimentavam mais de frutas e verduras, que são alimentos mais baratos e de qualidade; diferente de quando o indivíduo tem uma renda melhor, que consome doces, enlatados, condimentados, industrializados com maior freqüência (RUHM, 2008; MC DONALD´S CORPORATE SOCIAL RESPONSIBILITY, 2009).

Em períodos de expansão econômica, as pessoas buscam trabalhar mais do que dedicar%se ao lazer, pois querem garantir a segurança para o futuro, logo, se dedicam mais horas ao trabalho do que ao lazer; tendo como conseqüência desse comportamento piores condições de saúde. Jacinto, Tejada & Sousa (2010) afirmam que essa hipótese pode ser observada na redução do tempo alocado para as atividades que preservam a saúde e aos check ups médicos.

Esses autores colocam ainda que em longo prazo, com um maior nível de desenvolvimento econômico o efeito renda predomina, sugerindo que variações positivas no emprego, estão associadas a redução da condição de saúde, levando a uma maior taxa de mortalidade. Uma explicação possível e plausível é que em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, espera%se que predomine o efeito benéfico do aumento do emprego sobre a renda dos indivíduos, isto é, eles demandam mais bens saudáveis como ingressar em planos de saúde, se alimentar mais, embora não necessariamente melhor (JACINTO, TEJADA & SOUSA, 2010).