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Os adultos e as ninfas (Figura 8.18) deste inseto se alimentam através da sucção da seiva das plantas podendo levá-las à morte ou queda de produção. Durante a alimentação, o inseto excreta um “melado” que favorece o desenvolvimento de “fumagina” (Figura 8.19 ) um fungo negro que cresce sobre as folhas, escurecendo-as, prejudicando a realização da fotossíntese e, conseqüentemente, interferindo na produtividade. São as ninfas que liberam grande quantidade dessa substância açucarada, possibilitando maior crescimento de fumagina sobre as folhas que, tornando-se pretas, absorvem

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Figura 8.18. Ninfas e exúvias de mosca branca.

muita radiação solar, provocando “queima” e quedas das folhas da soja.

Os adultos medem 0,8 mm de comprimento, são de coloração branca e, sob condições climáticas favoráveis, seu ciclo de vida pode ser de três a quatro semanas, podendo produzir até 15 gerações por ano.

Localizam-se, preferencialmente na face inferior das folhas, onde ovipositam, em média, 150 ovos por fêmea.

Esta praga ocorre, também, em várias outras culturas, podendo ser limitante para a produção da soja. De ocorrência bastante comum em soja nos últimos anos, as moscas-brancas (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii) têm deixado os agricultores de Mato Grosso do Sul preocupados, principalmente nas últimas safras, face à dificuldade de controle economicamente viável.

Há evidências experimentais de comportamento diferenciado entre genótipos de soja em relação à resistência a esta praga. Por exemplo, em observações preliminares, as cultivares Perdiz, Iac-17 e Iac-19 suportam mais o ataque da praga nas mesmas condições que outras cultivares, sendo genótipos importantes para futuros programas de melhoramento.

Controle

O controle químico é o mais utilizado para controlar essa praga, no entanto, essa medida torna-se difícil por tratar-se de uma praga que possui grande capacidade de desenvolver resistência aos diferentes grupos de inseticidas. Além disso, apresenta uma diversidade de hospedeiros, fácil adaptação às condições adversas, e dificuldade em ser atingida na face

Figura 8.19. Dano da Mosca-branca, com fumagina.

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Figura 8.20. Alta população de ninfas e adultos.

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inferior da folha.

Atualmente, os inseticidas eficientes no controle de mosca-branca são os neonicotinóides, os reguladores de crescimento (IGR) e o espiromesifeno. Na primeira categoria, incluem-se imidaclopride, acetamipride e thiametoxam, enquanto, buprofezim, é um inibidor da síntese de quitina; piriproxifem, um análogo do hormônio juvenil e o espiromesifeno age como inibidor da biossíntese de lipídios (LBI). O modo de ação e os atributos bioquímicos tornam esses produtos, coletivamente, muito eficientes no controle de mosca-branca. Esses devem ser utilizados quando a quantidade de ninfas é elevada e, são um complemento ideal para programas de manejo integrado de pragas. Nos campos em que as populações de mosca-branca são migrantes ou em campos com adultos, mas as ninfas estão em pequena quantidade, tratamentos com neonicotinóides e alguns fosforados podem ser usados.

Para o desenvolvimento de estratégias de manejo da mosca-branca, um dos pontos fundamentais é a disponibilidade de produtos eficientes e seletivos. Um programa de manejo da resistência à mosca-branca deve ter três objetivos: 1. conservar inimigos naturais; 2. uso limitado de inseticidas; 3. diversidade na escolha dos inseticidas utilizados para mosca-branca.

podem gerar níveis de resistência elevados na mosca-branca.

O tratamento de sementes visando o controle de mosca branca pode ser uma estratégia em situações onde a mosca branca já esteja presente com o objetivo de diminuir as migrações para a cultura recém germinada impedindo, desta forma, seu estabelecimento na área.

Para estas pragas, é importante também fazer a alternância de inseticidas (ver Tabela 8.8) ou misturas destes, com diferentes modos de ação, evitando, desta forma, o desenvolvimento de resistência da praga aos inseticidas, principalmente se for a espécie B. argentifolii.

Devido à preferência da praga por condições de seca, maior cuidado deve ser tomado nas aplicações de inseticidas, sendo recomendado aplicações em horários nos quais a temperatura está mais amena e a umidade relativa do ar mais elevada. Como no caso de outras pragas de estiagem, casos de sucesso de controle químico da praga em períodos de seca extrema são mais comuns em pulverizações noturnas com boa cobertura do vegetal, nas aplicações que objetivem atingir o interior das plantas.

Sistema de amostragem e nível de controle

A amostragem deve ser feita a cada cinco dias, com reavaliação após três dias ou após efetuar-se uma ação de controle.

Deve-se observar as folhas, preferencialmente, até as 9 horas, quando os insetos são menos ativos e somente 24 horas após uma chuva. A amostragem deve ser realizada em vários pontos do talhão e no terço médio da planta a fim de verificar a infestação das plantas e, podem ser feitas para adultos ou para ninfas. No entanto, recomenda-se que se avalie a ninfa, já que há uma intensa migração de adultos entre os plantios adjacentes, fazendo com que quase sempre a população esteja em nível alto. Sugere-se que sejam avaliadas pelo menos 50 folhas, seja para adulto ou ninfa, para cada área. Quando se utiliza no controle inseticidas juvenóides é importante verificar a presença de pupário cheio e pupário vazio a fim de observar a eficácia do controle.

Nível de controle para mosca-branca em soja

Ainda não existem dados de pesquisa com relação ao nível de controle que deve ser adotado para os plantios de soja no Brasil. No entanto, a pesquisa está desenvolvendo trabalhos para esse fim.

Ações Preventivas no Sistema de Cultivo

Algumas espécies nativas da família Malvaceae são hospedeiros reservatórios do vírus, principalmente

Sida rhombifolia (guaxuma), S. micrantha (vassourinha) e Nicandra physaloides (joá-de-capote), além de outras plantas

cultivadas como feijoeiro, soja, quiabeiro e tomateiro. O controle é realizado por meio da eliminação das malváceas nativas próximas ao plantio, arranquio de plantas sintomáticas e controle químico da mosca-branca. Ainda não foram relatadas cultivares resistentes ou tolerantes.Outras plantas daninhas como (nabo forrageiro), (leiteiro), (picão preto), (corda de viola), (trapoeraba) devem ser eliminadas das áreas por serem hospedeiras do inseto.

Aplicações preventivas e/ou sucessivas de produtos fitossanitários, para controlar a mosca-branca na soja, podem favorecer a seleção de insetos resistentes e o aumento da população da praga. Uma das táticas mais importantes de manejo de resistência de pragas a inseticidas é a rotação por modo de ação e para atingir este objetivo é fundamental criar um programa de rotação com produtos que possuem mecanismos de ação distintos. Portanto, os técnicos precisam conhecer o modo de ação dos inseticidas e acaricidas existentes no mercado, para incluí-los em suas recomendações de controle químico de pragas.

Nome Técnico ** Dose -1 (g i.a.ha ou por 100 kg de sementes)

Nome Comercial Dose produto comercial(kg ou l.ha ou-1

por 100 kg de sementes)

Intervalo de segurança (dias) entre

aplicação e colheita

Tabela 8.8. Inseticidas* para o controle de Bemisia tabaci (mosca-branca) para a safra de 2008/09. Compilado por Degrande & Lopes (2006) a partir de informações do Ministério da Agricultura.

Betaciflutrina + Imidacloprido Espiromesifeno Tiametoxan + Lambda-cialotrina Piriproxifem Tiametoxam Connect Oberon Engeo Pleno Cordial 100 Tiger 100 EC Cruiser 350 FS Cruiser 700 WS 0,75 a 1 0,4 a 0,6 0,25 1 1 0,1 a 0,15 / 100 kg 0,1 a 0,15 kg/100 kg 21 21 30 30 30 - - 100 + 12,5 240 141 + 106 100 100 70 a 105 / 100 kg 0,07 a 0,1 / 100 Kg

* Antes de emitir indicação e/ou receituário agronômico, consultar a relação de defensivos registrados no Ministério da Agricultura e cadastrados na Secretaria da Agricultura de seu Estado.

-1

** g i.a.ha = gramas do ingrediente ativo por hectare.

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