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1.2 ORIGEM DAS TIPOLOGIAS DOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS

1.2.2 Mosteiro S Gall

O ideal carolíngio comparece na ordenação espacial encontrada no pergaminho de S. Gall de 820 d.C. Nela aparecem o mosteiro e cidade, onde o espaço evidencia uma ordenação: “O plano se configura como uma cidadela onde as funções urbanas são convenientemente setorizadas em consideração à divisão do trabalho – os espaços destinados ao trabalho e aos trabalhadores que exercem atividades manuais (opus manum) e aqueles dedicados ao culto e ao trabalho (opus dei).” (GOROVITZ, Matheus; Cadernos Eletrônicos da Pós, 1999).

Fig. 6 – Mosteiro S. Gall e a Cidade Fonte: http://graphica-antiqua.ch/grafiken/stiche/schweiz/st-gallen em 10/2008

A abadia construída por volta de 720 recebeu o nome do Monge canonizado Gallo. O projeto do monastério ideal carolíngio é um dos documentos mais surpreendentes da arquitetura beneditina da alta idade média, e segundo Braunfels, se trata do único plano arquitetônico na Europa realizado antes do século XIII, onde pode ser detectada uma imaginação que expressa um planejamento.

Fig. 7 – S. Gall, Mosteiro e a Cidade em 1642 Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Stadtplan_St_Gallen_1642.png em 10/2008

A aparência geral do convento é a de uma cidade composta por casas isoladas e ruas entre elas. Foi planejada, de forma evidente, segundo as disposições da regra de São Bento, que aconselhava que o mosteiro fosse tanto quanto possível auto-suficiente, contendo todas as infra-estruturas necessárias para as necessidades básicas dos monges, bem como as construções consignadas às funções religiosas e sociais próprias do convento.

Fig. 8 – Convento Sait Gall (Barroco) atual – séc. XIII Fig.: 9 – Ilustração da Implantação do monastério S. Gall, como concebido ano 820 Fonte : http://.myswitzerland.com/fr.cfm/destinations/culture/offer-About - em 10/2008 Fonte: http://encyclopedie-universelle.com/abbaye%20Saint-Gall. – em 10/2008

O mosteiro devia conter, assim, um moinho, uma padaria, estábulos para eqüinos e bovinos, bem como acomodações para a execução de todas as artes mecânicas necessárias, de modo a reduzir ao máximo a dependência dos monges em relação ao exterior. O claustro aparecia já como um elemento agregador dos vários edifícios. Crê-se que resulte da transfiguração do atrium das construções romanas, tendo-se usado o seu espaço interior, depois do trabalho nos campos e das refeições, para a audição de preleções de um mestre.

Fig. 10 – Planta do Mosteiro de S. Gall, sec. IX. Redesenhado por Viollet Le Duc

Fonte: Arquitetura Monacal em Ocidente de Wolfgang Braunfels (pg. 59) Fig. 11 – Recorte da figura para a área de interesse - Escola externato em laranja; habitações e pátio de noviços e visitantes em verde; vestiário e sanitários em marrom.

A igreja é cruciforme, com a nave principal dividida por nove tramos e uma abside

semicircular em cada extremidade. A abside ocidental está rodeada de um peristilo

semicircular, deixando um espaço aberto, sem telhado, designado como "paraíso", antes da

parede da igreja. O altar-mor fica imediatamente a leste do transepto, ou coro ritual - o altar

de São Paulo - e a oeste, fica o altar de São Pedro. A fachada ocidental (Westwerk) é

ladeada por duas torres campanário com configuração cilíndrica.

Na Igreja encontram-se os seguintes espaços: A. Altar mor; B. Altar de São Paulo; C.

Coro; D. Nave principal; E. Paraíso; F. Torres

Nos edifícios monásticos tem-se os seguintes usos:1. Claustro; 2. Calefatores, com

Alambiques; 8. Celeiro; 9. Câmara; 10. Escritório e biblioteca; 11. Sacristia e vestiário; 12.

Noviciado; 13. Eira; 14. Calefatores; 15. Dormitório; 16. Sala do mestre-escola; 17.

Enfermaria; 18. Casa dos Médicos; 19. Jardim medicinal; 20. Sala das sangrias; 21. Escola;

22. Casa do mestre-escola; 23. Hospedaria para monges de fora; 24. Hospedaria para

visitas importantes; 25. Cozinha da hospedaria; 26. Hospedaria para pobres e peregrinos;

27. Uso desconhecido 28. Cemitério

Os serviços estavam presentes nos seguintes espaços: a. Oficinas; b. Horta/jardim;

c. Casa dos jardineiros; d. Pateira (criação de patos); e. Casa dos guardas; f. Galinheiro; g.

Produção de hóstias sacramentais; h. Eira; i. Casa dos criados; j. Moinhos; k. Dormitórios;

dos criados; m. Redil (cabras e ovelhas); n. Vacaria; o. Casa dos criados; p. Pocilga; q.

Cavalariça

O claustro principal, a sul da igreja tem do lado oriental o "pisalis" ou "calefatores", a

sala comum dos irmãos. O lado sul está ocupado pelo refeitório, a partir do qual de alcança

à cozinha, pela extremidade oeste. Esta está separada do edifício principal, e liga-se, por

uma longa passagem, a um edifício onde se encontram os fornos para fazer o pão e os

alambiques, bem como os dormitórios dos criados que aí trabalham. Sobre o refeitório ficava

o vestiário, onde se guardavam as roupas do dia a dia dos confrades.

Entre este edifício e a igreja, abrindo apenas por uma porta a partir dos claustros,

encontrava-se uma câmara para contactos com visitantes do exterior. Ao leste do transepto

norte encontrava-se o "scriptorium" ou escritório, com biblioteca por cima.

A casa dos médicos ficava contígua à enfermaria e ao jardim medicinal ao nordeste

do mosteiro. Entre outras dependências, continha uma drogaria e uma câmara para os

doentes em estado mais grave. A casa das purgas e sangria ficava a oeste.

A "escola exterior", na área norte do convento, incluía uma grande sala de aulas

dividida ao meio por uma partição e rodeada por quatro pequenos quartos, para os

Os dois "hospitia" (ou hospedaria) para os estranhos aos conventos estavam

separados conforme o nível social dos visitantes.

Para além do claustro, no extremo da fronteira do convento, a sul, ficaria a fábrica,

contendo oficinas para sapateiros, fabricantes de selas (sellarii), cuteleiros, curtidores,

ferreiros, ourives, etc, com as suas habitações nos fundos.

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