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3. DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO E APRENDIZAGEM

3.2 Motivação e afetividade: fatores preponderantes para a Aprendizagem na

Para Santos (2002), algumas estruturas mentais se modificam com o tempo e outras com o amadurecimento, sendo que algumas são pertinentes por toda a vida; a motivação é uma delas e a ela é atribuída tanto a facilidade, quanto a dificuldade para se obter qualquer conhecimento. O sucesso ou o fracasso no processo ensino aprendizagem, por exemplo, demanda da motivação do sujeito para aprender e dos estímulos oferecidos a ele. No estudo da motivação, segundo a autora, são consideradas três variáveis: o ambiente, as forças internas do indivíduo (necessidade, vontade e interesse), e o objeto em questão.

Para a referida psicóloga, a motivação torna-se uma peça de fundamental importância em qualquer tipo de aprendizagem e, consequentemente, como fator de interferência, pois é uma força que leva o indivíduo à ação, ou seja, uma relação extrínseca, influenciando uma relação intrínseca entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Neste caso, a relação da criança com os objetos primeiro acontece na forma concreta, para só posteriormente transformar-se na qualidade de abstração e conhecimento.

Para Negrine (1994), a aprendizagem motora está relacionada a fatores externos e por outro DM se refere a fatores internos relacionados com o processo de maturação do indivíduo. Na sua concepção, “o tema desenvolvimento motor é polêmico pela dimensão de sua abrangência” (p.9). O autor acredita que a área da psicologia se preocupa muito mais com essas questões do que a área educacional, mas acredita que a dicotomia que existe entre o biológico e o social influencia algumas concepções que permeiam o processo ensino aprendizagem:

A rotulação das aprendizagens como cognitivas, afetivas e psicomotoras esvazia-se no momento em que se aprofunda o entendimento do ser humano como um ser total. Entender a totalidade do homem e aceitar sua globalidade significa abandonar o conhecimento fragmentado, que ao logo da história das ciências procurou estudar “as aprendizagens”, como sendo oriundas de mecanismos diferentes, obedecendo, consequentemente, a diferentes esquemas (NEGRINE, 1994, p.11).

Com relação à importância dos aspectos, cognitivo e afetivo nas aprendizagens escolares, Golse (1998) clarifica a importância do acolhimento da criança quando esta chega à escola, pois este local pode ser considerado como o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança e se constitui como o lugar apropriado para constituir bases sólidas para futuras aprendizagens.

Nesse sentido, a instituição escolar deve ter como premissa o objetivo de oferecer um local espaço agradável, capaz de oferecer condições suficientes para que essa criança se sinta aceita, segura e motivada, influenciando na construção de relações interpessoais positivas. O autor prossegue destacando que o papel do professor é crucial na formação desses educandos e modos de sentir o mundo. A afetividade na Educação Infantil e a sua importância no processo de ensino e aprendizagem.

Almeida e Mahoney (2007) afirmam a importância da relação entre professor e aluno. Coloca que muitas dificuldades em qualquer tipo de aprendizagem ou problemas de atenção podem estar relacionados à afetividade. As autoras definem a afetividade como um domínio funcional abrangente, no qual, aparecem diferentes manifestações desde as primeiras, basicamente orgânicas, até as diferenciadas como as emoções, os sentimentos e as paixões.

Neste prisma, explicam que o desenvolvimento da afetividade depreende da ação de dois fatores: o orgânico e o social, ou seja, a afetividade que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico passa a ser amplamente influenciada pela ação do meio social. Dessa forma, os seus efeitos podem ser transformados pelas circunstâncias sociais e escolhas do indivíduo, podendo determinar situações de bem ou mal-estar. O meio social se caracteriza como uma condição necessária para o desenvolvimento do indivíduo.

Embora tudo isso influencie o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança e embora não possa remediar diretamente as condições sociais inadequadas, não se pode esquecer que a escola é um ambiente que exerce uma grande reviravolta na vida da criança. Por isso, não se deve esquecer as características individuais e as condições de vida da criança, muito menos desconsiderá-las no planejamento de suas atividades. Ignorar as condições de vida tanto quanto as capacidades infantis significa cruzar os braços diante das dificuldades que a criança atravessa ao submeter-se às expectativas e regras do ambiente escolar (ALMEIDA; MAHONEY, 2008, p. 353).

Essas estudiosas afirmam o valor da parceria entre família e escola. Ambas exercem participação ímpar nesse processo de desenvolvimento da criança, pois constituem o principal núcleo que favorecerá aprendizagem de sentimentos que com

certeza, marcarão a vida de uma criança. Nesta perspectiva, é de extrema relevância que o professor, principalmente na educação infantil, prepare situações nas quais a criança trabalhe em grupo, influenciando a coletividade, princípio muito importante na construção do indivíduo, acrescenta as autoras.

Portanto, todas as contribuições teóricas abordadas em nosso estudo até este momento, nos permitiram compreender os principais aspectos referentes ao Desenvolvimento Humano e as influências ou interferências de diversos fatores que podem alterar o desenvolvimento natural de uma criança.

Antes de encerrarmos esta seção, esclarecemos novamente que nossa intenção foi a de apresentarmos e discutirmos as duas categorias pertinentes. Desenvolvimento motor e Aprendizagem Motora, associadas às demais categorias, que são a Psicomotricidade e a Educação Psicomotora propostas neste estudo. Será a partir dessas discussões que olhares para os sujeitos desta investigação servirão como parâmetro de análise, de comparação e de entendimento da realidade que permeia essa área e seus docentes.

Na próxima seção, apresentaremos as escolhas metodológicas para esta pesquisa, mais especificamente, iremos mostrar quem são, quantos são e de onde são os sujeitos que irão compor o universo da presente pesquisa. Também será explicitado o percurso metodológico percorrido para a obtenção dos dados da pesquisa.

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