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2 INOVAÇÃO, DESIGN THINKING e MOTIVAÇÃO

2.4 Trabalhos relacionados

2.4.2 Motivação intríseca, motivação extríseca, intenção de

Estar motivado quer dizer ser movido para fazer algo. O indivíduo que não sente nenhum impulso ou inspiração para agir é, portanto, caracterizado como desmotivado; ao contrário, se o indivíduo tem energia ou está ativo para um objetivo é considerado como motivado (RYAN; DECI, 2000).

Os principais fatores motivacionais para contribuição de ideias para a geração de inovação são classificados em: 1) fatores intrínsecos, que tratam da motivação que depende apenas do próprio indivíduo e 2) fatores extrínsecos, que cosideram fatores do ambiente. Entre os fatores intrínsecos pode-se citar: possibilidade de aprendizagem, interesse de participação, de obter benefícios sociais, prazer em contribuir, prazer pessoal, sentimento de competência, altruísmo. Entre fatores extrínsecos estão: reconhecimento pelos pares, incentivos materiais, incentivo sociais e incentivo organizacional (JANZIK; HERSTATT, 2008; KOSONEN et al., 2014).

Como visto anteriormente, o comportamento motivacional não possui uma única causa, podendo ser alimentado por fatores intrínsecos (pessoais ou inconscientes) ou fatores extrínsecos (ambientais ou inconscientes). Assim, segundo Ryan e Deci (2000) basicamente, a distinção entre motivação intrínseca e motivação extrínseca é que enquanto a primeira se refere a fazer algo porque é interessante ou agradável, a segunda refere-se a fazer algo porque produz resultados separados. Assim, a motivação intrínseca está relacionada ao próprio ser, independente de fatores externos.

Os indivíduos estão motivados intrinsecamente quando estão em busca de algum interesse pessoal, prazer ou por possuirem necessidade de satisfação de

alguma curiosidade, necessidade de expressão, de algum desafio pessoal no trabalho. Dessa forma a motivação intrínseca é relativa a parte endógena do envolvimento do indivíduo com a atividade (AMABILE, 1993). Também de acordo com Amabile (1993) os motivadores intrínsecos nascem dos sentimentos da pessoa sobre a atividade que desempenha, estando ligados ao trabalho em si.

Ryan e Deci (2000) também citam que o indivíduo está intrinsecamente motivado quando é movido a agir para a diversão, por um desafio, e não por razões externas, pressões ou recompensas, assim os comportamentos não se iniciam por razões instrumentais, mas por experiências positivas associada à própria atividade.

A motivação intríseca está relacionada a não depender de fatores externos ao indivíduo ou a fatores ambientais e pode ser alterada de acordo com as vontades pessoais do indivíduo. Porém, apesar da motivação intrínseca ser um importante tipo de motivação, para a maioria das atividades os indivíduo não são estritamente motivados intrinsecamente (RYAN; DECI, 2000).

Segundo Kaufmann, Schulze e Veit (2011) a motivação intrínseca está relacionada ao indivíduo que busca fazer sua atividade agindo por diversão, por exemplo. No caso de motivação extrínseca a atividade é apenas um instrumento que visa a determinado resultado desejado como para reber dinheiro em troca de alguma atividade ou para evitar algum tipo de sanção.

Assim, de forma contrária à motivação intríseca, a motivação extrínseca está relacionada a fatores ambientais, nesse caso, o que dá suporte ao indivíduo para realizar determinda tarefa está relacionado a uma recompensa externa. Uma vez retirado o fator ambiental, o indivíduo tende a deixar de executar a tarefa.

Segundo Amabile (1993), motivadores extrínsecos incluem qualquer coisa vinda de fonte externa e têm o objetivo de controlar o início ou o performance do trabalho, assim pode-se citar como exemplo: a promessa de uma recompensa, elogios, críticas, o tempo determinado para a conclusão de um

projeto, ou as especificações de como o trabalho deve ser feito. Já recompensas intrínsecas, segundo Twenge et al. (2010) implica estar motivado para trabalhar pelo próprio trabalho ao invés de obter recompensas materiais ou recompensas extrínsecas.

Além disso, apesar de haver alguns teóricos que consideram a motivação intrínseca e extrínseca incompatíveis, segundo estudo realizado, Amabile (1993) considera que provavelmente os dois motivadores intrínsecos e extrínsecos estão presentes nas tarefas realizadas pelas pessoas no trabalho, podendo ser trabalhados positivamente e em conjunto. Além dos fatores motivacionais intrísecos e extrínsecos para a geração de ideias, é necessário considerar a intenção do indivíduo em compartilhar conhecimentos.

Outro fator que possue influência para a contribuição de ideias de funcionários para a geração de ideias é a própria intenção de compartilhar conhecimentos. Assim, apesar de na literatura vários autores utilizarem os termos compartilhamento e transferência de conhecimento como sinônimos, segundo Menezes (2011), a transferência depende do compartilhamento, e acredita-se que esse depende do relacionamento entre os indivíduos e da motivação para compartilhar, tratando-se de uma ação voluntária.

Segundo Bock et al. (2005), a partilha de conhecimento não pode ser forçada, devendo as organizações serem responsáveis pela promoção de contextos facilitadores internos. A pesquisa dos referidos autores menciona que a motivação extrínseca não está relacionada positivamente à partilha de conhecimentos na organização, estando mais relacionada às relações recíprocas antecipadas, senso de autoestima, e a três aspectos do clima organizacional: a justiça, a inovação e a afiliação.

Também a pesquisa de Wasko e Faraj (2000) mostra que os indivíduos que participam de comunidades eletrônicas têm um forte desejo de se envolver em trocas intelectuais com uma comunidade prática, e não em utilizar a

tecnologia para fazer amigos ou para se socializarem. Também nessas comunidades as pessoas gostam de ajudar os outros e consideram o compartilhamento como a coisa certa a se fazer. Além disso, consideram que se conhecimento é gerado para o bem público, existe a obrigação moral de compartilhar em substituição ao desejo de maximizar o próprio interesse.

A última característica também relacionada com a contribuição de ideias é a confiança. A confiança pode ser conceituada como um estado mental em que os indivíduos se colocam numa situação de vulnerabilidade frente à outra pessoa, com perspectivas positivas referentes às suas intenções e comportamentos (ROUSSEAU, 1998).

Segundo Kosonen et al. (2014), a confiança é um conceito relevante para que os indivíduos compartilhem seus conhecimentos onde os usuários não se conhecem pessoalmente, principalmente nas fases iniciais de envolvimento.