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A motivação é um fenômeno presente no processo de ensino-aprendizagem que interfere no comportamento de professores e alunos. É um assunto altamente complexo que vem sendo estudado há muito tempo, tornando-se trabalhoso o processo de conceituação e compreensão do mesmo. De acordo com Lima (1992, p.150), "[...] a motivação é um processo rico em detalhes, e por isso mesmo rico em maneiras de ser abordada pelas teorias".

Além desse fator, podemos encontrar nos dizeres de Machado (1997, p. 173) que a motivação é um: “estado interior, emocional capaz de despertar o interesse ou a inclinação do indivíduo para algo.” Além disso, segundo Moscovici (1985) o processo motivacional é dependente de questões pessoais, relativo ao próprio indivíduo e, também, de questões relacionadas às situações ocorridas.

A motivação é entendida, segundo Huertas (2001), como um processo psicológico, ou seja, ela é proporcionada por meio dos componentes afetivos e emocionais. No entanto, as pessoas possuem diferentes tipos de motivação para um determinado assunto.

As pessoas criam metas em suas vidas, sua carreira profissional ou até mesmo em viagens, e são essas metas que as motivam a continuar seus objetivos e propósitos. Para Huertas (2001), a motivação é a energia psíquica do ser humano.

De acordo com os estudos de Fita (1999, p. 77) “a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo”. Assim, a motivação consiste em determinadas ações que levam as pessoas a alcançar seus objetivos.

Para Fita, (1999, p. 81):

As causas às quais os alunos atribuem seus êxitos ou fracassos podem ser classificadas seguindo diferentes critérios: causas internas ou externas, segundo as causas se encontrem no interior do sujeito ou fora dele; estáveis ou instáveis, segundo respondam a algo permanente ou mutável e, por último, controláveis ou incontroláveis, segundo seja possível ou não intervir nelas.

Huertas (2001), salienta que existem dois tipos de motivação: motivação intrínseca e a motivação extrínseca. A motivação intrínseca está relacionada ao interesse da própria atividade, que tem um fim em si mesma e não como um meio para outras metas. Pode ser considerada como um sistema motivacional independente dos demais, que suporta um tipo concreto de

antecipação de metas e um conjunto de crenças e atitudes. Para Huertas (2001), quando uma ação se encontra regulada intrinsecamente, esta se fundamenta principalmente em três características: autodeterminação; competência e satisfação em fazer algo próprio e familiar.

Maggil (1984, p. 239) afirma que a “Motivação está associada à palavra motivo, e este é definido como alguma força interior, impulso, intenção etc., que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de certa forma”.

Segundo Fita (1999, p.78), “a própria matéria de estudo desperta no indivíduo uma atração que o impulsiona a se aprofundar nela e a vencer os obstáculos que possam ir se apresentando ao longo do processo de aprendizagem”.

Ainda segundo Winterstein (1992, p. 53), "[...] a teoria da motivação parte do princípio que deve existir algo que desencadeia a ação do indivíduo, lhe dá uma direção, mantém o seu curso em direção ao objetivo até sua finalização”.

Com relação ao sujeito e os aspectos que influenciam o estado motivacional, entendemos com o seguinte excerto que: “Motivação é caracterizado como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, em que depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos).” (SAMULSKI, 1992, p.65).

Estudos apontam que a motivação é intrínseca quando a atividade é recompensadora por si só, por outro lado, a motivação extrínseca depende da situação específica do meio ambiente, ou a satisfação (prazer) encontra-se fora da ação/atividade observada.

A motivação extrínseca está relacionada às rotinas que vamos aprendendo ao longo de nossas vidas. Segundo Huertas (2001), quando a finalidade da ação, a meta, e o propósito têm haver com uma contingência externa, com uma promessa de um benefício tangível e exterior, se fala de motivação extrínseca. Pode-se dizer que a motivação extrínseca é aquela que vem de fora, e está associada à matéria, à remuneração, ao ter.

No processo de ensino e de aprendizagem, a motivação deve estar presente em todos os momentos. Quanto a isso, Fita (1999) explica que muitas vezes dizemos que para o aluno ter motivação em aula é importante ter um bom professor. Ouve-se dizer também, que um bom professor é aquele que sabe motivar seu aluno. De acordo com esse posicionamento, Huertas (2001) salienta que toda motivação deve estar relacionada a metas e objetivos, portanto, um bom professor possui metas de ensino, o que tornará o aluno motivado a aprender.

Huertas (2001) afirma que as metas são desencadeadoras da conduta motivada, formam parte do núcleo imprescindível para considerar uma ação como motivada ou não. Portanto, sem desejo e metas, não há motivação. No entanto, para haver aprendizagem é preciso haver a motivação.

O papel do professor, segundo Huertas (2001), não é o de influenciar o aluno quanto às suas habilidades, conhecimentos e atitudes, mas o de facilitar a construção por parte deles do processo de formação. Frente a essa ideia, o professor influenciará o aluno no desenvolvimento da motivação para a aprendizagem.

Para o Huertas (2001, p. 256), "la motivación en la escuela depende más del tipo de metas que com regularidad se plantee un alumno que del tipo de atribuciones que haga”. Quanto mais consciente for o professor com relação a motivação, melhor será a aprendizagem de seu aluno.

Vários teóricos apresentam diferentes percepções sobre a motivação. Machado e Gouvêa (1997), por exemplo, conceituam o motivo como um fator interno, não observável e que direciona o comportamento. Além disso, o motivo pode ser dividido em dois aspectos: o impulso, processo interno que faz com que o indivíduo tenha a ação do comportamento e a motivação que termina ou diminui, quando o objetivo é alcançado.

As teorias da motivação de Maslow (1943) e Herzberg (1959) citados em Zanelli, Borges e Bastos (2004) têm sido mais utilizadas pela abordagem psicológica para o estudo da motivação em professores, pois são baseadas nas necessidades e conteúdos do trabalho e da avaliação das ações a partir das atribuições de causas e razões.

Machado e Gouvêa (1997), relatam também que as aspirações dos alunos determinam a motivação para um determinado esporte, ou seja, ele pode se motivar mais por basquete do que por handebol.

Como referência ao objeto da aprendizagem, isto é, à matéria a ser aprendida, a motivação foi classificada em dois tipos. Segundo Machado (1995), a motivação intrínseca é inerente ao objeto deaprendizagem, à matéria a ser aprendida, ao movimento a ser executado, não dependendo de elementos externos para atuar na aprendizagem. Deriva-se da satisfação inerente à própria atividade de aprender.

O autor considera a motivação extrínseca mais relacionada à própria atividade de aprendizagem, não sendo resultado do interesse, mas sim determinada por fatores externos à própria matéria a ser aprendida.

A motivação intrínseca está relacionada a fatores internos de cada indivíduo, como por exemplo, "[...] pessoas que são intrinsecamente motivadas para serem competentes e para aprenderem novas competências, que gostam de competição, ação ou excitação e que querem também se divertir e aprender o máximo que forem capazes" (CRUZ, 1996, p. 306), fazendo algo em que tenham a satisfação e o prazer da execução de determinadas tarefas propostas, com um fim em si mesmo.

A motivação extrínseca tende a se deteriorar, uma vez satisfeita a necessidade ou quando o alvo extrínseco é atingido, ao passo que a motivação intrínseca tem a tendência de ser mais constante (MASSARELLA e WINTERSTEIN, 2005).

Da mesma forma que as necessidades biológicas são inerentes ao indivíduo, a motivação intrínseca também o é segundo Gouvêa (1997), ela é caracterizada como um exercício para si mesmo, realizado apenas pela satisfação de praticar e executar, sem nenhum outro interesse. É inerente ao objeto e à matéria a ser aprendida, não dependendo de elementos externos.

Além disso, Vallerand (2001)) e Weinberg e Gould (2001) destacam que essas são características de pessoas que apresentam um comportamento intrinsecamente motivado: a persistência, o esforço e o empenho na atividade.