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2.3 CRESCIMENTO DAS IES

2.3.1 Crescimento via fusões e aquisições em IES

2.3.1.2 Motivações em IES

As fusões e aquisições têm sido uma das estratégias adotada pelas empresas por diversos motivos, tendo como objetivo comum a entrada em novos mercados, produtos, tecnologias ou recursos. Estudos têm sido realizados com a finalidade de entender os motivos que levam as empresas a adotar essa estratégia. Dentre alguns desses estudos, apresentam-se os de Bernardo e Campos-Filho (2011) e Camargos e Coutinho (2008). (BERNARDO; CAMPOS- FILHO, 2011).

Berkovitch e Narayaranan (1993) atentam para a dificuldade existente em saber os principais motivos que estão por trás das fusões e aquisições. Baseando-se em uma amostra de empresas ou em um processo, três motivos podem ser apontados e esses podem se desdobrar em outros:

a) sinergia - as F&A decorrem dos ganhos econômicos resultantes da união de recursos das duas empresas;

b) agência - as F&A acontecem por proporcionarem o aumento do bem-estar dos administradores em detrimento aos acionistas de firmas adquirentes;

c) hubris - as F&A ocorrem devido aos erros de avaliação das empresas-alvo cometidos por gestores que se engajaram em processos de F&A que não são sinérgicos.

Grande parte dos motivos de fusões e aquisições está embasado nas seguintes teorias da firma:

a) teoria da maximização dos lucros da firma- com a impulsão do mercado em fazer com que os gestores tomem decisões que estimulem o valor da empresa e riqueza dos

acionistas, assim as empresas adotarão o processo de F&A, podendo resultar num aumento da riqueza dos acionistas;

b) teoria da maximização da utilidade gerencial- além da lucratividade, os administradores tentarão se destacar a fim de reduzir os riscos de perder seus empregos, aumento de salário e poder de satisfação no trabalho. (CAMARGOS; COUTINHO, 2008).

Seguindo esses fundamentos, no Quadro 11 há uma exposição do que a literatura econômico-financeira apresenta como os seguintes motivos de fusões e aquisições.

Quadro 11 – Motivos de fusões e aquisições

Motivo Descrição

Expectativas Assimétricas Diferentes expectativas sobre o futuro levam os investidores a atribuírem valores diferentes a uma mesma firma, ocasionando propostas de compra.

Irracionalidade Individual nas Decisões de Dirigentes

Justificativa hipotética para fusões, segundo a qual, sob condições de incerteza, os indivíduos nem sempre tomam decisões racionais. Irracionalidades essas diluídas ou anuladas quando consideradas de forma agregada na interação dos usuários agentes econômicos.

F&A como uma Alternativa a Dividendos e Recompra de Ações

Situação presente em firmas com fluxo de caixa livre.

Compensações e Incentivos Tributários

Advindos de créditos tributários relativos a prejuízos acumulados por uma das firmas envolvidas por poderem ser compensados em exercícios futuros pela outra firma que vem apresentar lucros.

Custos de Reposição e Valores de Mercado

Situação existente quando os custos de reposição dos ativos de uma firma forem maiores que o seu valor de mercado. Isto é, quando a razão “Q de Tobin” de uma firma for menor que a unidade (“Q de Tobin”< 1).

Sinergias Operacionais e Gerenciais

Advindas de possíveis redução nos custos em função do aumento do nível de produção, maior racionalização do esforço de pesquisa e desenvolvimento, uso conjunto de insumos específicos não divisíveis e transferência de tecnologia e conhecimento (know-how).

Efeitos Anticompetitivos e Busca do poder de Monopólio

Advindos de ganhos com o aumento da concentração de mercado e da consequente redução da competição.

Redução do Risco de Insolvência

Advindo da fusão entre duas ou mais firmas com fluxo de caixa sem correlação perfeita (F&A conglomerado e co-seguro).

Razões Gerenciais

As F&A podem ocorrer visando tanto o aumento do bem-estar dos diretores das firmas, mesmo que a operação cause impactos negativos no valor de mercado de suas ações, como a substituição de diretores que não estejam maximizando o valor de mercado de suas firmas.

Compra de P&D e novos

sistemas Possibilidade de as inovações tecnológicas ser transferidas entre as empresas. Fonte: Manne (1965); Mueller (1969); Gort (1969); Jensen (1986); Roll (1986); Scherer e Ross (1990); Kloeckner

(1994 apud CAMARGOS; COUTINHO, 2008); Valentini e Di Guardo (2004) e Matias e Pasin (2001).

No que concerne às sinergias operacionais sendo como um dos motivos de realização de fusões e aquisições por parte das empresas, tem-se o estudo de Valentini e Di

Guardo (2004) que corroboram esse motivo. Os autores relatam que as sinergias são alcançadas na presença de similaridade na aquisição, isto é, na aplicação de uma aquisição horizontal.

O estudo de Tanure e Cançado (2005) apresenta que a intenção de compra pode estar relacionada ao fato de a empresa possuir problemas de desempenho, necessidade de diversificação, aquisição e tecnologia e aproveitamento de situações de reestruturação. As F&A de caráter transformacional são mais complexas, exigindo, assim, maior atenção no processo de aquisição e pós-aquisição, bem como à gestão de pessoas.

O processo de fusão e aquisição pode tanto satisfazer uma das necessidades apresentadas assim como ambas. Em aspectos práticos e operacionais, os dois fundamentos são separados por uma linha tênue de difícil distinção. A distinção entre esses motivos vai depender do paradigma epistemológico ou da perspectiva do pesquisador, podendo, em determinadas, vezes tender para um lado ou para o outro, devido à grande dificuldade de se identificar os reais motivos de uma F&A, a partir do paradigma positivista, conforme se apresenta na Figura 2.

Figura 2 – Interface dos Fundamentos dos Motivos de F&A.

Motivos das F&A Fonte: Camargos e Coutinho (2008).

De acordo com Motta et al. (2013), independente dos motivos que sejam identificados para realização de uma fusão e aquisição, a motivação primordial que merece atenção específica é a criação de valor aos acionistas das companhias envolvidas. Os autores ainda relatam que as aquisições são aspectos de controle para os acionistas, uma vez que esses conseguem afastar os administradores que não mais os satisfazem.

No estudo de Sarfati e Shwartzbaum (2013), os autores buscam saber quais os motivos, de caráter econômico e não-econômico, que levam os grandes grupos privados da educação superior no Brasil a praticarem como estratégia de crescimento o processo de fusão e

Maximização dos Lucros (riqueza dos

acionistas)

Maximização da utilidade gerencial

aquisição. A hipótese dos autores foi corroborada no estudo. O motivo dessas IES privadas realizarem fusões e aquisições deve-se à existência de sinergias geradas através do processo de fusão e aquisição, assim sendo estas sinergias resultantes em ganhos econômicos aos acionistas adquirentes das IES privadas.