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3. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O

3.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS

De acordo com Noble et al. (2014), o conjunto de evidências sobre os impactos recentes observados das mudanças climáticas demonstram um crescente avanço sobre a cobertura terrestre e seus vários subsistemas, incluindo meios de subsistência dos seres humanos e sistemas construídos. Essas mudanças estão alterando os sistemas ecológicos, a biodiversidade, os recursos naturais e os benefícios derivados dos serviços ecossistêmicos (CRAMER et al., 2014)

Com relação ao meio antrópico, eventos climáticos extremos resultam em impactos econômicos relacionados a danos aos bens privados e públicos, bem como a interrupção temporária de atividades econômicas e sociais, impactos de longo prazo e impactos além das áreas afetadas (NOBLE et al., 2014).

No caso brasileiro, as projeções apontam para a maior ocorrência de extremos climáticos tais como secas, veranicos, vendavais, tempestades severas, inundações, dentre outros, com alta

32 probabilidade de aumento, em um planeta mais aquecido (VINCENT et al., 2005; MARENGO et al., 2009; PBMC, 2014)

Segundo o IPCC (2014), o aumento do nível do mar, tempestades e inundações se tornarão cada vez mais relevantes em diferentes regiões costeiras. De acordo com Koetse (2009), estudos apontam que o aumento do nível do mar trará impactos substanciais aos sistemas de transportes em regiões brasileiras. Como identificado na Figura 6, os aeroportos do Galeão e Santos Dumont estão localizados em regiões costeiras, onde as projeções de IPPCC (2014) indicam impactos decorrentes da elevação do nível do mar. Alterações na dinâmica de ventos, precipitação e temperatura, poderão acarretar transtornos importantes (TRB, 2014). Por exemplo, a temperatura e a elevação de um aeroporto influenciam o peso máximo de decolagem de uma aeronave. Assim, para um dado comprimento de pista, elevação do aeroporto e o modelo de aeronave, há uma temperatura limite acima da qual a aeronave não pode decolar com seu peso máximo (COFFEL e HORTON, 2015). Nesse sentido, recentes extremos climáticos têm despertado alguns aeroportos para a necessidade de se planejar ações de adaptação da infraestrutura e das operações às futuras condições climáticas e aos riscos meteorológicos associados (TRB, 2014).

Com relação à região costeira brasileira, em especial a sudeste, poderão ocorrer impactos significativos com as mudanças climáticas, conforme exemplificado na Figura 6 (IPPC, 2014). Com isso, os padrões de temperatura e chuvas serão alterados e, mesmo onde não houver alteração do total anual, deverão ocorrer intensificações de eventos severos, principalmente chuvas (PBMC, 2016).

33 Figura 6 — Projeções dos impactos climáticos para américa latina

Fonte: Adaptado de IPCC (2014) por Abrão Junior e Ribeiro (2015)

Algumas medidas específicas podem ser adotadas a fim de promover uma maior resiliência dos sistemas da aviação às condições meteorológicas. A Tabela 6 relaciona o evento, impacto e a medida possível.

Tabela 6 — Eventos extremos, seus impactos e medidas de adaptação

Eventos Impacto Medidas

Condições meteorológicas adversas (tempestades, CBs, etc.)  Desvios de rotas de aeronaves, atrasos e fechamento de aeroportos.  Perda de negócios no

transporte de cargas pela impossibilidade de decolagem da aeronave.

 Confecção de novas rotas e adoção de sistemas preditivos.

Altas temperaturas e ondas de calor

 Danos superficiais e profundos ao pavimento de pistas.

 Alteração da aderência dos pneus da aeronave a pista;  Redução da vida útil do

pavimento.

 Sistema de resfriamento;  Emprego de materiais mais

resistentes a altas temperaturas.

 Desenvolvimento de pneus com melhor desempenho.  Restrições do peso permitido

para uso do sistema de pistas. Galeão

34  Aumentos de objetos

estranhos na pista decorrentes da degradação dos pneus.

 Aumento da demanda por energia e água, e consequente aumento das despesas.

 Redução da vida útil do sistema de ar condicionado por maior uso.

 Extrapolação do ponto de fulgor dos combustíveis e possibilidade de ignição.  Manutenção preventiva e corretiva.  Reposição de juntas de dilatação.  Modificação da infraestrutura quando necessário.

 Adoção de utilidades fixas para fornecimento de ar condicionado para aeronaves.  Adoção de procedimentos específicos.  Redução do desempenho da aeronave.

 Demanda por mais pista para fins de decolagem e maior habilidade para subida.

 Maior uso de motores e consequente aumento do consumo de combustível e de emissões.  Alternar o aeroporto ou a rota.  Desenvolver soluções de engenharia.  Aumentar a extensão da pista. Precipitações extremas  Transbordamento de água e alagamento de áreas operacionais por incapacidade de absorção do sistema de drenagem.

 Danos no sistema de pistas e outras infraestruturas.  Dificuldades de acesso de passageiros e empregados ao aeroporto.  Aumento do potencial de contaminação ambiental pelo arraste de

contaminantes (oleosos, por exemplo).

 Implantação de sistema de drenagem mais robustos ou adoção de alternativas de escoamento.

 Proteção de estruturas vulneráveis;

 Melhor ocupação do solo aeroportuário.

 Desenvolvimento de projetos de engenharia mais resilientes.

 Adoção de sistemas de contenção de efluentes oleosos.

 Atrasos de voos.  Realocação de passageiros.  Readequação da malha. Eventos convectivos  Interrupção parcial ou total

das operações.

 Aumento de atrasos e mudanças nas altitudes de voo para evitar turbulência.

 Melhora do sistema preditivo e de alerta.

 Revisão dos sistemas de gerenciamento da aeronave.

35  Destruição ou desativação

dos instrumentos de navegação.

Descargas atmosféricas  Alteração no sistema de controle da aeronave.

 Necessidade de mudança de rota.

 Investimento em novas tecnologias de segurança. Criação de rotas alternativas às áreas com maior incidência de descargas. Tempestades de baixa pressão e

ventos velozes  Redução do fluxo do tráfego aéreo.  Aumento de separação de

aeronaves.

 Adoção de rotas alternativas e investimento em sistemas de monitoramento.

Nevoeiros  Atrasos decorrentes da má visibilidade.

 Restrições dos serviços de manutenção no lado operacional.

 Uso de instrumentos de navegação.

 Alteração na distância de separação das aeronaves.

Seca  Em combinação com o

aumento de temperatura, ondas de calor.  Possibilidade de restrição do abastecimento de água.  Redução da velocidade de operações da aeronave.

 Incluir esse tipo de condição no sistema de planejamento das operações, adotando procedimento preventivos.  Reservação de água.

 Uso de fontes alternativas de abastecimento.

Fonte: Adaptado de Defra (2012), IATA (2014) e Abrão Junior (2014)

3.2 PARÂMETROS E FENÔMENOS METEOROLÓGICOS E CLIMÁTICOS DE

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