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Estudos comprovam que as mudanças climáticas vem se acelerando desde a época da revolução industrial. Essas mudanças climáticas podem ocasionar novas dinâmicas climáticas como mudança da temperaturas, alterações pluviométricas entre outros fatores que podem se tornar um problema, especialmente para a agricultura. (VIOLA, 2002; SISTER, 2008)

De acordo com os cientistas do International Panel on Climate Change (IPCC) define-se que:

“Mudança climática refere-se a qualquer mudança do clima que ocorra ao longo do tempo em decorrência da variabilidade natural ou da atividade humana. Esse uso difere da Convenção-Quadro das

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Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em que mudança climática se refere a uma mudança do clima que possa ser atribuída direta ou indiretamente à atividade humana e que altere a composição da atmosfera global, sendo adicional à variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis de tempo.” (IPCC, 2007. p. 3)

Existem alguns fatores que contribuem mais para a acentuação das consequências dessa crise ambiental: as tecnologias ligadas ao aumento da capacidade da produção de bens em larga escala, ou seja, o aprimoramento do processo produtivo na sociedade de consumo; a geração cada vez maior de lixo, que também decorre de certa forma dessa produção em massa de bens, que acabam se tornando obsoletos e são descartados de forma inadequada; a liberação de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis, que hoje representam a maior parcela das tecnologias usadas para obtenção de energia, e processos industriais. (PORTILHO, 2008; GIDDENS, 2010)

O termo “Desenvolvimento Sustentável” foi cunhado em 1987 no relatório “O

Nosso Futuro Comum”, e publicado pelo World Commission on Environment and

Development (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento). Tal documento ficou conhecido como Relatório Brundtland. Cinco anos depois acontece a ECO-92, no Rio de Janeiro, onde foi aprovada a “Agenda 21” que estabeleceu compromissos de transformação do modelo de civilização buscando o equilíbrio ambiental e a justiça social. (PINTO, 2008)

Mais tarde, em 1997, foi discutido e criado o Protocolo de Kyoto, que previa que os países industrializados deveriam reduzir as emissões de gases estufa, e abria a possibilidade de participação dos países subdesenvolvidos, bem como mecanismos de

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compensação que ajudassem os países a atingir suas metas. O Protocolo de Kyoto entrou em vigor apenas em 2005, após a ratificação de 55 países, que juntos somavam 55% das emissões globais de gases estufa. Em 2008, o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), coordenado pela ONU afirmou que 25% das emissões globais estavam ligadas ao sistema de transportes mundial, e que o uso de biocombustiveis deveria ser adotado.

Dentre as possibilidades de mitigação, Sister (2008) nos oferece três caminhos já legitimados pelas autoridades internacionais: “adaptação”, que significa a adoção de políticas capazes de mitigar os efeitos da degradação ambiental, em razão da impossibilidade de colocar em prática políticas públicas que evitariam o dano, ou seja, lidar apenas com as consequências; a segunda opção se baseia em uma política de redução de emissões de gases de efeito estufa a ser adotada nos âmbitos privados e públicos a fim de agir nas causas do problema principalmente; e a terceira opção, é denominada “engenharia climática” e consistiria em soluções inovadoras que pudessem ser capazes de neutralizar os efeitos das emissões de GEE sem necessariamente atingir suas causas, como exemplo, o desenvolvimento de tecnologias que possibilitariam maior produtividade do etanol, a popularização de carros elétricos, assim como aconteceu com carros bicombustível.

Ao longo da história do etanol, embora ainda não fossem conhecidos os problemas ambientais e o conceito de mitigação, podemos enxergar a questão do biocombustível de cana como pertencente às três formas de mitigação. A primeira, cabe inicialmente a toda e qualquer maneira de mitigar adotada, uma vez que primeiramente se faz necessário enfrentar as consequências. A ação de políticas, como foi o caso do

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Protocolo de Kyoto e do Proálcool, entre outras iniciativas como a proibição da realização de queimadas.

Uma das maiores questões da política energética em nível mundial, é a substituição da forma de obtenção de energia, por outras formas que não liberam elementos prejudiciais ou estranhos à dinâmica natural do planeta para dessa forma mitigar as consequências referentes ao processo que se desenvolveu nas últimas décadas. No Brasil, a maior parte da energia é gerada através de hidrelétricas, o que devido ao custo na matriz energética do país, não poderia ser substituído por alguma outra tecnologia mais limpa e eficiente. Essa forma de geração de energia já configura uma forma de energia limpa (embora impactante no ecossistema da região em que é construída) uma vez que não libera gases poluentes ou dejetos tóxicos que poluem a natureza, decorrentes do seu funcionamento. O reconhecimento da matriz energética brasileira, como limpa rende ao país certo prestígio em âmbito internacional.

Um dos setores que chamam mais a atenção das autoridades é o de combustíveis veiculares, devido ao seu crescimento nas últimas décadas, à emissão de apenas 10% dos gases poluentes em relação a gasolina, o que seria o equivalente a dizer que cada dez carros que utilizam o etanol como combustível emitem a mesma quantia de gases poluente que um carro movido à gasolina. É uma alternativa à gasolina, reconhecida como sustentável, embora existam muitas controvérsias. O etanol é um produto que vem ganhando mercado e importância na economia mundial, e nacional além de ser um tipo de cultura ligada à história brasileira, como foi mostrado. (PINTO, 2008)

O Brasil ganhou visibilidade durante a última década no cenário internacional devido à sua capacidade de produção de etanol, que hoje é a segunda maior no mundo, ficando apenas atrás dos EUA. Embora o país não consiga igualar a produção americana

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ainda, o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar brasileiro consegue alcançar preços muito mais baixos. Isso acontece porque o etanol brasileiro de cana rende 7.500l por hectare enquanto o de milho dos EUA rende apenas 3.000l, ou seja, a produção por área rende 2,5 vezes mais. A produção de biocombustíveis representa uma oportunidade para os países em desenvolvimento, e já existem mais de cem países em regiões tropicais e subtropicais que possuem em alguma medida a capacidade de reproduzir a experiência brasileira na produção de etanol. (JANK; NAPPO, 2009; PINTO, 2008)

Atualmente o mercado vem ingressando em uma nova fase da historia do etanol, momento em que deixa de ser uma iniciativa brasileira e passa a ser adotado em mais de 30 países, fruto do esforço global em prol da redução de gases do efeito estufa, e do interesse de multinacionais no setor. A Agência de Proteção Ambiental americana (EPA) atestou que o etanol gerado de cana-de-açúcar é um biocombustível avançado sendo quase três vezes mais eficiente que o etanol de milho quando comparadas as emissões de GEE.

Apesar de todas as vantagens apresentadas, existem muitas controvérsias em relação à cultura de etanol como a modernização do campo, a qualidade de vida dos trabalhadores braçais e a queimada que vem sendo cada vez menos utilizada e mais regulamentada. Embora existam diversos problemas ligados à produção de agrícola e à produção de etanol consequentemente, serão trabalhados aspectos que contribuem para a formação e fortalecimento da rede ligada ao etanol apenas.

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