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/ativo Irregularmente ativo Sedentário Md (Q1;Q3) Md (Q1;Q3) Md (Q1;Q3) Orientação temporal 5,0 (5,0-5,0) 5,0 (5,0-5,0) 5,0 (5,0-5,0) 0,130 Orientação espacial 5,0 (5,0-5,0) 5,0 (5,0-5,0) 5,0 (5,0-5,0) 0,180 Memória imediata 3,0 (3,0-3,0) 3,0 (3,0-3,0) 3,0 (3,0-3,0) 0,853 Atenção e cálculo 3,0 (1,0-5,0)a 2,0 (0,3-4,0) 2,0 (0,5-3,0) 0,036* Evocação 3,0 (2,0-3,0)b 2,0 (0,3-4,0) 2,0 (0,5-3,0) 0,001* Linguagem 8,0 (7,0-8,0) 8,0 (6,0-8,0) 8,0 (7,0-8,0) 0,676 Estado cognitivo geral 25,0 (23,0-28,0)c 24,5 (22,0-26,0) 24,0 (22,0-25,0) 0,002* * Diferença significativa: p < 0,05 – Teste de Kruskal-Wallis – entre: a) Muito ativo/Ativo com Sedentário; b) Muito ativo/ativo com Irregularmente ativo e Sedentário; c) Muito ativo/ativo com Irregularmente ativo e Sedentário.

Ao analisar a correlação entre as variáveis de atividade física e estado mental (Tabela 3), verificou-se as seguintes correlações significativas (p < 0,05): orientação temporal e dias de caminhada (r = 0,13); orientação espacial com dias de atividade vigorosa (r = -0,17), minutos de atividade vigorosa por dia (r = -0,16) e minutos de atividade vigorosa por semana (r = -0,16); atenção e cálculo com dias de caminhada (r = 0,12), minutos de caminhada por dia (r = 0,16) e minutos de caminhada por semana (r = 0,16); evocação com dias de caminhada (r = 0,20), minutos de caminhada por dia (r = 0,26), minutos de caminhada por semana (r = 0,25), dias de atividade vigorosa (r = 0,16), minutos de atividade vigorosa por dia (r = 0,16) e minutos de atividade vigorosa por semana (r = 0,14); linguagem com dias de caminhada (r = 0,11); estado cognitivo geral com dias de caminhada (r = 0,20), minutos de caminhada por dia (r = 0,16) e minutos de caminhada por semana (r = 0,19).

Tabela 3 – Correlação entre o nível de atividade física e o estado mental dos idosos. Variáveis

Nível de atividade física Estado mental

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1. 0,56* 0,77* 0,23* 0,14* 0,18* -0,06 -0,08 -0,07 0,13* 0,07 0,08 0,12* 0,20* 0,11* 0,20* 2. 0,89* 0,26* 0,31* 0,28* 0,02 0,01 0,01 0,04 -0,07 0,10 0,16* 0,26* -0,01 0,16* 3. 0,26* 0,26* 0,30* 0,02 0,01 0,01 0,06 -0,04 0,10 0,16* 0,25* 0,04 0,19* 4. 0,86* 0,93* 0,47* 0,47* 0,47* 0,08 -0,06 -0,02 0,05 0,16* -0,05 0,06 5. 0,94* 0,50* 0,53* 0,53* 0,05 -0,09 -0,01 0,06 0,16* -0,07 0,06 6. 0,51* 0,53* 0,53* 0,06 -0,08 -0,01 0,06 0,14* -0,02 0,07 7. 0,98* 0,98* 0,02 -0,17* -0,03 -0,02 0,04 -0,02 -0,05 8. 0,99* 0,02 -0,16* -0,02 -0,01 0,04 -0,01 -0,04 9. 0,01 -0,16* -0,02 -0,01 0,04 -0,01 -0,04 10. 0,20* 0,08 0,13* 0,12* 0,07 0,30* 11. 0,09 0,08 -0,06 0,16* 0,28* 12. 0,15* 0,12* 0,22* 0,27* 13. 0,06 0,27* 0,83* 14. -0,03 0,32* 15. 0,53* 16.

*Correlação Significativa – p < 0,05. Nota: 1. Dias de caminhada; 2. Min. caminhada p/ dia; 3. Min. caminhada p/ sem.; 4. Dias atv moderada; 5. Min. Ativ. Mod. p/ dia; 6. Min. Ativ. Mod. p/ sem; 7. Dias de atv. Vigorosa; 8. Min. Atv. vigorosa p/ dia; 9. Min. Atv. Vig. p/ sem.; 10. Orientação temporal; 11. Orientação espacial; 12. Memória imediata; 13. Atenção e cálculo; 14. Evocação (Lembrança); 15. Linguagem; 16. Estado cognitivo geral.

Discussão

Os principais resultados deste estudo mostram que idosos usuários das UBS com maiores níveis de atividade física possuem melhores escores de estado cognitivo geral quando comparados com sujeitos que demonstraram baixo nível de atividade física e / ou sedentarismo.

Algumas variáveis podem impactar negativamente nas funções cognitivas no envelhecimento. Dentre estas, o grau de escolaridade apresentado idosos neste estudo pode ter influenciado nos resultados aqui mostrados, já que 43% dos sujeitos não possuíam ensino fundamental completo. Mas apesar disto, bons níveis de atividade física e prática regular de exercícios pode ser uma ótima ferramenta para combater tais disfunções cognitivas nessa população. A literatura mostra que quantidades adequadas de atividade física e exercícios físicos podem melhorar aspectos morfológicos do cérebro, como por exemplo aumento da massa cerebral de várias regiões, dentre as quais pode-se destacar o hipocampo (região responsável por funções de aprendizagem e memória). Além disso, podem ser observadas melhoras em mediadores bioquímicos que podem provocar alterações no cérebro e nas suas funções cognitivas19,18,23,24, sendo que o aumento de alguns desses mediadores,

como as neurotrofinas, podem ajudar na manutenção, crescimento dos neurônios e assim melhorando a plasticidade neural do sujeito.

Um fator importante para ter um envelhecimento saudável é sempre manter bons níveis de atividade física, tanto para saúde física quanto para saúde mental19,25. A Organização Mundial de Saúde16 afirma que a prática regular de exercícios tem o poder de prevenir, minimizar e/ou reverter muitos dos problemas que frequentemente acompanham o processo de envelhecimento.

O exercício físico pode influenciar na performance cognitiva e suas funções neurológicas por diversos motivos: a) em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na comparação de indivíduos fisicamente ativos x sedentários); b) pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis); c) na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de uma menor flexibilidade mental/atencional quando comparado com um grupo jovem18,25.

Partindo desse pressuposto, precisa ser destacado ainda que a ação do exercício físico sobre a função cognitiva pode ser direta ou indireta. Os mecanismos que agem diretamente aumentando a velocidade do processamento cognitivo seriam uma melhora na circulação cerebral e alteração na síntese e degradação de neurotransmissores. Além dos mecanismos diretos, outros, tais como diminuição da pressão arterial, decréscimo dos níveis de LDL e triglicérides no plasma sanguíneo e inibição da agregação plaquetária parecem agir indiretamente, melhorando estas funções e também a capacidade funcional geral, refletindo-se desta maneira no aumento da qualidade de vida26.

Dados epidemiológicos sugerem que pessoas moderadamente ativas têm menor risco de ser acometidas por desordens mentais do que as sedentárias, mostrando que a participação em programas de exercícios físicos exerce benefícios na esfera física e psicológica, e que indivíduos fisicamente ativos provavelmente possuem um processamento cognitivo mais rápido4,19.

Vale destacar que durante o processo de envelhecimento outras alterações ocorrem concomitantemente a estas alterações neurofisiológicas e cognitivas. Dentre essas podemos destacar alterações na composição corporal, que por sua vez podem estar estritamente relacionado com piora nas funções cognitivas27,28. Essa associação da composição corporal, principalmente aumento da gordura corporal e declínio

cognitivo, está relacionada às alterações de mediadores inflamatórios provocados pelo acumulo de gordura29. Este aumento da inflamação sistêmica pode alcançar níveis centrais, fazendo com que tais moléculas atravessem barreira hematopoiética, que por sua vez vão provocar inflamação no tecido cerebral e assim causando danos teciduais e fazendo com que haja morte de neurônios e por fim piorando funções cognitivas30.

Ou seja, além da prática de exercícios físicos e atividade física já possuírem um impacto positivo sobre funções cognitivas, a manutenção de um peso corporal adequado é importante fator para estas disfunções do envelhecimento.

Dada a relevância dos achados sobre o tema e em razão do impacto que a prática de exercícios pode ter sobre a cognição e consequentemente sobre a qualidade de vida de idosos, é importante a realização de outros estudos na área. Especificamente no Brasil, onde essa relação é ainda pouco explorada, trabalhos sobre o tema podem ser relevantes para o conhecimento dos hábitos relacionados às atividades e de suas consequências para nossa população.

Conclusão

Concluímos que níveis adequados de atividade física (~150 min/semana) podem estar relacionados a melhores escores de funções cognitivas de sujeitos idosos.

Os resultados deste estudo podem ajudar profissionais que atuam na prescrição de atividades físicas e exercícios pois proporcionam informações relevantes, mostrando que idosos fisicamente ativos possuem uma maior chance de manter suas funções cognitivas durante o processo de envelhecimento.

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