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O município de Rio do Sul está situado no alto vale do Itajaí-Açu. Limita-se ao norte com os municípios de Presidente Getúlio e Ibirama, ao sul com Aurora, ao leste com Lontras e a oeste com Laurentino e Agronômica. A confluência dos rios Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste ocorre no espaço urbano de Rio do Sul, formando o rio Itajaí-Açu, isto é, a cidade cresceu na planície às margens destes principais cursos fluviais.

A sub-bacia do Itajaí do Oeste, cujo rio principal homônimo possui 132 quilômetros de extensão, é formada pelos municípios de Agrolândia, Agronômica, Braço do Trombudo, Laurentino, Mirim Doce, Otacílio Costa, Petrolândia, Pouso Redondo, Rio do Campo, Rio do Sul, Salete, Taió e Trombudo Central. A sub-bacia Itajaí do Sul compõe-se pelos municípios de Agronômica, Alfredo Wagner, Atalanta, Aurora, Bom Retiro, Chapadão do Lajeado, Imbuia, Ituporanga, Petrolândia e Rio do Sul (SANTA CATARINA, 1997). O rio Itajaí do Sul possui 101 quilômetros de extensão (SANTA CATARINA, 1997), e é o manancial voltado à captação de água para abastecimento público do município de Rio do Sul.

Rio do Sul originou-se da expansão da Colônia Blumenau. A partir de 1893 alguns colonos se transferiram para a localidade, chamada na época de Braço do Sul. Elevada à categoria de vila em 1912, recebeu a denominação de Bela Aliança, constituindo o 5º distrito de Blumenau (COLAÇO; KLANOVICZ, 1999). Esta vila desmembrou-se de Blumenau e tornou-se sede do município de Rio do Sul em 1930. O território original deste município deu origem a outros, como Taió, Salete, Rio do Campo, Pouso Redondo, Trombudo Central, Rio d’Oeste, Lontras, Laurentino, Agronômica e Aurora (CABRAL, 1970).

O município tornou-se um importante polo econômico no Alto Vale, destacando-se a indústria madeireira e estabelecimentos comerciais ligados a este ramo; porém, o crescimento econômico advindo desta atividade trouxe uma série de problemas sociais e ambientais para o município. Quanto ao problema social, Colaço e Klanovicz (1999) destacam o processo de favelização decorrente do estabelecimento de empresas extrativistas que usavam mão de obra de baixo custo, começando a aparecer zonas mais pobres no município a partir de 1950, como a localidade de Beira às margens do rio Itajaí-Açu, associadas a altos índices de criminalidade.

A ocupação do solo urbano no início da história do município não seguia nenhum planejamento, principalmente no que se refere a preocupações ecológicas. A cidade sede era voltada para os rios e se utilizava deste meio para desfazer-se dos detritos das indústrias, comércios, serviços e residências (COLAÇO; KLANOVICZ, 1999). A população se instalava ao longo das margens dos rios principais sem seguir um plano urbanístico, o que foi classificado por Colaço e Klanovicz (1999) de “urbanismo espontâneo”. Devido à proximidade com a estrada de ferro, a maioria das serrarias localizava-se na sede do município, visando o escoamento da produção (TOMASINI et al., 1999).

O primeiro plano diretor de Rio do Sul foi elaborado na década de 60 por uma empresa de arquitetura e urbanismo de Curitiba, mas o plano não foi aceito pela população e segmento industrial porque desvalorizava economicamente as áreas suscetíveis à inundação (COLAÇO; KLANOVICZ, 1999).

Nas décadas de 70 e 80 constata-se uma crise econômica no município, pois as reservas de madeira estavam muito reduzidas, e em 1990 o Governo Federal proíbe o corte de mata nativa. Tornavam-se necessários novos ramos de economia para amenizar a crise. Em função disto, houve desenvolvimento do setor metalúrgico, mobiliário, produtos alimentares e vestuário, com destaque na produção de artigos em jeans (TOMASINI et al., 1999) e extração de areia e argila. Rio do Sul possui 496 estabelecimentos industriais registrados no ano de 2010 pela FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, além de 1.063 comércios, 835 prestadores de serviços, 80 estabelecimentos do ramo da construção civil e 34 da agropecuária cadastrados (FIESC, 2010).

Soma-se à crise econômica da década de 70, o problema das frequentes inundações, que na década de 1980 mudaram a configuração espacial de Rio do Sul, dada as inundações de 1983 e 1984, conforme relato abaixo:

A cidade que até então tivera um crescimento urbano espontâneo e concentrara sua população na área central e ao longo dos rios, voltou-se para os morros. Constata-se, inclusive, um remanejamento social: os mais abastados da parte baixa da cidade procuram os morros, considerados até então áreas de predomínio da pobreza. (COLAÇO; KLANOVICZ, 1999, p. 143).

Os lugares livres de inundação, onde até então habitava população de baixa renda, foram rapidamente valorizados, mesmo com problemas de infraestruturas como falta de saneamento, de iluminação pública, mal traçado das ruas e baixo padrão das casas. Por outro lado, muitas das encostas não suportam adensamento populacional, ainda mais sem coleta de efluentes, porque o município todo tem como substrato as rochas sedimentares do Supergrupo Tubarão. Como já referido, elas são de granulometria entre areias e argilas, em camadas que se alternam. As camadas de rochas arenosas são aquíferos, porque a infiltração das águas das chuvas ocorre com facilidade. As camadas argilosas (argilitos e mesmo os siltitos) impedem o fluxo das águas ou as transmite muito lentamente. Em ângulos baixos e médios das encostas, essas rochas com granulometria mais finas podem se movimentar. As razões são a permanência das águas infiltradas, sejam das chuvas ou das fossas mal executadas ou mal dimensionadas. Essas águas promovem uma ação intempérica e/ou preenchem os espaços interlaminares das rochas argilosas, ou aqueles de fraturas que tornam essas argilas um fluido de fácil deslocamento encosta abaixo. Nas encostas de declives altos, mesmo sem ocupação, processos similares podem ocorrer.

Em resumo, a granulometria fina das rochas mais as águas que percolam são um problema. As águas de esgotos são diárias e permanentes e é esta origem a mais prejudicial no estabelecimento dos escorregamentos em encostas de diversas declividades.