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Capítulo 4: Discussão de resultados e disposições construtivas

4.2. Discussão de resultados

4.2.2. Muro existente – Caso B

No que diz respeito aos estudos relacionados com a aferição do estado de conservação do muro estudado no Caso B, verifica-se que este apenas apresentava algumas roturas parciais nos taludes exteriores do muro em zonas pontuais, não sendo estas, condicionantes para o funcionamento da marinha de sal. Este facto é visível em alguns dos perfis já representados neste trabalho (Figura 3.7).

O levantamento topográfico realizado numa série de 5 perfis mostra o carácter heterogéneo que uma estrutura deste tipo pode ter. Os perfis escolhidos mostram diferentes tipos de reforços utilizados na estabilização deste muro (geossintéticos de controlo de erosão e taipais de madeira). Também nos perfis obtidos é visível que a geometria dos taludes mais expostos está em constante mutação, quer devido à erosão superficial sofrida por estes (Figuras 3.11 e 3.12), quer devido ao surgimento de pequenas superfícies de escorregamento nos taludes do muro.

Além do estado de conservação do muro existente, também a verificação da sua capacidade de evitar a entrada de água no interior da marinha foi realizada. Os resultados obtidos para este caso de estudo revelaram que o muro é susceptível de ser galgado, sendo este o motivo que levou ao estudo de uma nova solução com um novo perfil.

4.2.3. Verificação da estabilidade externa

Os resultados obtidos na verificação da estabilidade externa dos diferentes perfis de muro estudados são apresentados na Tabela 4.5.

Passando à discussão destes resultados verifica-se que, a longo prazo, quando estes são solicitados sob condições drenadas e o estado de tensões existente corresponde a tensões efectivas, apenas o Caso B1C1,ou seja, perfil B1 constituído por solo com as características

descritas para a combinação 1, demonstra problemas de estabilidade a um mecanismo de rotura, no caso, o escorregamento global. Todos os outros casos de estudo, nas condições descritas anteriormente, são estáveis para todos os mecanismos de rotura.

Como seria de esperar, a curto prazo, em que o factor de segurança destas estruturas é mínimo a situação é diferente. De facto, para tensões totais (durante e nos instantes imediatamente após a construção da obra) a estabilidade externa do muro só pode ser garantida para os Casos B1C1 e B2C1. Nos outros casos a estabilidade é observada apenas para

alguns dos mecanismos. Assim, não pode ser garantida a estabilidade externa sem que sejam tomadas medidas adicionais de correcção da estabilidade durante a fase de construção, como as descritas na secção 4.4.

Por outro lado, há que referir que, o mecanismo de rotura mais condicionante para os casos estudados, ou seja, menos vezes cumprido, é o que corresponde ao escorregamento global. Pelo contrário, o derrubamento é o único mecanismo de rotura que é sempre verificado em todos os exemplos.

Assim, enquanto que para o Caso B apenas existem problemas para o mecanismo de rotura por estabilidade global, no Caso A surgem também problemas relacionados com a capacidade de carga do solo de fundação e com o escorregamento pela base do muro. Na verdade, já seria de esperar estes resultados. No Caso A o muro tem uma maior altura e maior inclinação dos taludes, logo é mais propenso à existência de instabilidade.

Quanto a este assunto, importa referir ainda uma simplificação realizada e que poderia condicionar estes resultados. Esta está relacionada com o facto de, para estruturas reforçadas com geossintéticos, estas não puderem ser consideradas como um único bloco, para efeitos de verificação da capacidade de carga do solo de fundação, quando a largura da zona reforçada for maior que a altura. Neste caso teria de se admitir que a largura da fundação seria no máximo igual à altura do muro (Mendonça, 2004). No entanto, nos casos de estudo analisados a largura não é muito superior à altura do muro, pelo que, se optou por considerar a largura

Tabela 4.5. Resultados das verificações de estabilidade externa

Verifica? Caso de estudo Mecanismo de rotura

Tensões Efectivas (TE) Tensões Totais (TT)

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Não

Capacidade de Carga Sim Sim

A1C1

Escorregamento Global Sim Não

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Não

Capacidade de Carga Sim Não

A1C2

Escorregamento Global Sim Sim

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Não

Capacidade de Carga Sim Sim

A2C1

Escorregamento Global Sim Não

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Não

Capacidade de Carga Sim Não

A2C2

Escorregamento Global Sim Não

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Sim

Capacidade de Carga Sim Sim

B1C1

Escorregamento Global Não Sim

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Sim

Capacidade de Carga Sim Sim

B1C2

Escorregamento Global Sim Não

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Sim

Capacidade de Carga Sim Sim

B2C1

Escorregamento Global Sim Sim

Derrubamento Sim Sim

Escorregamento pela Base Sim Sim

Capacidade de Carga Sim Sim

B2C2

Por fim, resta referir que, como é visível na Tabela 4.5, os casos de estudo onde se utiliza a combinação 2 de parâmetros do solo fino são mais susceptíveis à ocorrência de instabilidade externa. No entanto, este facto é mais facilmente observado nos resultados referentes ao Caso B. Neste caso de estudo verifica-se que as piores propriedades do solo, desta combinação, possibilitam o aparecimento de instabilidade ao escorregamento global.

Para o Caso A observa-se que a combinação dos parâmetros do solo não é condicionante para o aparecimento de instabilidade, ou seja, a instabilidade não ocorre mais facilmente para uma das combinações. Isto leva a que não se possa dizer que uma das combinações de parâmetros pode ser utilizada sem que ocorram problemas de instabilidade. Logo, podem ser utilizados solos com características dentro dos intervalos proporcionado pelas duas combinações, mas sempre associadas a medidas de controlo de estabilidade presentes na secção 4.4.