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O ser humano como um ser musical

Para Bergold (2006) a importância da música para o ser humano reside no fato de ela ser inerente à própria constituição humana, havendo registros muito antigos de sua presença em praticamente todas as culturas, inclusive as mais primitivas. Desde a Antiguidade, a música é utilizada como um recurso terapêutico de acordo com o conhecimento de sua influência no homem e a evolução das concepções de cada época sobre o que é saúde, doença e cura. Para esta autora a música nos ajuda a organizar, a pontuar a vida em sequência para lembrar fases da vida e a época em que ocorreram. Os aspectos que ligam a música à identidade musical do sujeito, relacionados à sua própria história pessoal, podem ser categorizados em espaço pessoal, espaço social, espaço tempo/lugar e espaço transpessoal. O espaço pessoal engloba a consciência emocional e corporal, espaço privado e crenças básicas. O espaço social é relacionado ao grupo de pertencimento, gênero, valores e comunidade. Tempo/lugar abrange rituais diários, celebrações, fases da vida, nacionalidade, etc. O transpessoal é conectado a experiências religiosas, rituais de transição, de natureza, o sentido de “ser maior”.

Segundo Albuquerque et al (2012), o uso da música em idosos com Demência é possível porque a percepção, a sensibilidade, a emoção e a memória para a música podem permanecer muito tempo depois que as outras formas de memória tenham desaparecido. Seu uso tem efeitos duradouros, melhora o humor, o comportamento e a função cognitiva, estes persistem por horas ou dias depois de terem sido desencadeados pela mesma. Por meio da música o idoso também pode entrar em contato com suas lembranças e emoções, percebendo-as e manifestando-as, dentro da sua possibilidade motora e cognitiva atual. Vale salientar que a escolha da melodia e ritmo usados no tratamento dos idosos com Alzheimer deve ser feito de forma individualizada, levando em consideração as necessidades singulares, assim como o gosto pessoal por determinados tipos musicais.

A música desperta lembranças relacionadas a vivências pessoais, que fazem parte da biografia musical de cada um. Brincadeiras da infância envolvendo cantigas de roda, amores do passado, lugares que são visitados em viagens dentre outros aspectos. A enfermagem, por ser a profissão que mais está em contato com o paciente, pode enriquecer suas atribuições tornando-se um enfermeiro musicoterapeuta, oferecendo ao paciente um atendimento mais abrangente, valendo-se da música como possibilidade terapêutica alternativa.

Considerações finais

A música é um elemento da expressão individual e coletiva presente na vida cotidiana e reflete o meio cultural em que as pessoas vivem. Pode-se notar que aqueles que pertencem ao mesmo grupo cultural, demonstram preferência de gênero musical semelhantes. Deste modo, a música pode ser então um meio de resgatar memórias do indivíduo que sofre de Alzheimer. A música trabalha o corpo, a mente e a alma. E, quando se proporciona ao paciente ouvir uma canção que lhe traz bons momentos, pode-se notar neles, algumas reações faciais, corporais e/ou verbais, surgindo uma resposta de um paciente que se encontrava incomunicável. O uso da musicoterapia vem sendo estudado em diversas áreas da saúde, tendo sido observado melhoras significativas em pacientes com quadros de doenças neurológicas, sendo elas degenerativas ou não.

Ao mudarem-se os parâmetros acerca do cuidado, procura-se atender o homem em sua integralidade, e para isso, busca-se em outras disciplinas recursos que possam ampliar sua prática. A música, proporcionando um ambiente saudável, valoriza o idoso e fortalece sua interação com o enfermeiro, tornando possível a ampliação das intervenções de enfermagem.

Diante do exposto concluiu-se que o uso da música é uma terapêutica complementar valiosa, que exerce influência sobre os aspectos neurocognitivos, emocionais, psíquicos e sociais do idoso com Alzheimer em instituição de longa permanência, portanto, desempenha importante papel na manutenção e melhora da qualidade de vida, além de propiciar maior interação deste com o meio social e familiar.

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