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A citogenética é uma área do conhecimento que possibilita a realização de inúmeros estudos. Os cromossomos podem ser estudados como uma manifestação morfológica do genoma, sendo possível a visualização microscópica de seus tamanhos, formas, número e comportamentos, durante a mitose e meiose (THIRIOT- QUIÉVREUX, 2002).

Os testes citogenéticos são bastante adequados para a identificação de efeitos perigosos de substâncias sobre organismos vivos, em diferentes

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concentrações e em diversos tempos de exposição. Estes testes são também utilizados no biomonitoramento da extensão da poluição e na avaliação dos efeitos de substâncias tóxicas e mutagênicas sobre os organismos, no ambiente natural (MORAES, 2000).

Como o ambiente vem sofrendo severas interferências em decorrência dos resíduos das atividades humanas, é de suma importância a avaliação do comprometimento ambiental, gerado por esta poluição. Muitos testes biológicos vêm sendo desenvolvidos para este fim, sendo que muitos deles têm se mostrado muito eficientes, por serem capazes de estimar as reações dos organismos vivos à contaminação ambiental, além de possibilitar a avaliação dos efeitos sinergísticos potenciais de vários poluentes presentes no meio ambiente (MORAES, 2000; ROOS et al., 2004; FERETTI et al., 2008). Desta forma, segundo Fiskesjö (1985), a escolha de testes adequados, tanto pela eficiência como pela exeqüibilidade, rapidez e fácil reprodução, podem ser úteis para a garantia e manutenção dos ambientes.

O entendimento das propriedades físicas e químicas de um composto genotóxico, bem como os seus efeitos sobre as células, constituem importantes informações para se avaliar o comprometimento hereditário, deletério ou mesmo a potencialidade de ação letal que o produto exerce sobre os organismos expostos (RABELLO-GAY et al., 1991).

A genética toxicológica é uma importante área de pesquisa, que investiga a potencialidade de agentes diversos agirem sobre o material genético dos organismos. É sabido que, embora ocorram mutações espontâneas, a maioria delas é induzida por agentes físicos, químicos ou biológicos, aos quais os organismos e, inclusive, o homem podem estar expostos (MATSUMOTO; MARIN-MORALES, 2004).

A preservação do meio ambiente e a prevenção dos impactos que este meio pode sofrer são preocupações constantes e crescentes no mundo atual. Muitas mudanças ocorridas no material genético podem não acontecer de imediato (VOGEL, 1982), sendo então de difícil observação, o que pode caracterizar um risco futuro para a saúde dos organismos (TAVARES, 1991).

Os efeitos genotóxicos são caracterizados pela capacidade de um agente promover alterações no DNA de uma célula, sendo que estas alterações são ou não passíveis de correção pelo sistema de reparo celular. Quando estas alterações não são devidamente reparadas pelo sistema celular, podem levar a mutações, cujos

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efeitos podem ser desde a inviabilidade celular até o desenvolvimento de processos carcinogênicos (FERNANDES, 2005). Atualmente, a genotoxicidade vem sendo avaliada por diversos testes, realizados com vários organismos, e que resultam em informações seguras e precisas, quanto à potencialidade em causar lesão no DNA.

A mutagenicidade é a capacidade de um agente promover um efeito tóxico sobre o material genético de uma célula, causando uma mudança no DNA ou nos cromossomos da mesma. Diferentes substâncias químicas podem ser consideradas mutagênicas e esta mutagenicidade pode ser dada por diversos modos de ação, tais como reação direta com o DNA nuclear; incorporação do DNA durante a replicação celular; interferência na divisão celular mitótica ou meiótica, decorrendo em divisão incorreta da célula (MATSUMOTO; MARIN-MORALES, 2004; MATSUMOTO et al., 2006). Os chamados agentes mutagênicos podem, então, acelerar ou aumentar o aparecimento de mutações que podem estar associadas ao desenvolvimento de neoplasias. Após passar por várias divisões, uma célula poderá acumular mutações que, se em número elevado, poderão determinar a perda do controle celular, determinando, assim, o aparecimento do câncer (RIBEIRO et al., 2003).

Existem mais de 200 testes de curta duração, utilizando uma ampla variedade de organismos-teste (bactérias, insetos, plantas e animais, tanto em testes in vitro como in vivo), com a finalidade de avaliar poluentes ambientais potencialmente causadores de danos (VANZELLA, 2006). Na maioria dos testes, a detecção da potencialidade mutagênica de uma substância baseia-se na observação de AC estruturais ou numéricas, formação de MN, trocas entre cromátides-irmãs e avaliação de danos do DNA. Pelas análises, podem-se estabelecer três principais classes de danos: mutagênico, quando as mutações ocorrem no gene (também conhecida como mutação de ponto). Neste caso, ocorrem alterações na seqüência do DNA de um determinado gene; clastogênico, referente a alterações na estrutura cromossômica, resultando em ganho, perda ou rearranjo de porções cromossômicas; e aneuploidia, referente ao ganho ou perda de cromossomos intactos (HOUK, 1992).

É de grande importância conhecer os processos mutacionais e os fatores que os produzem, pois isto possibilita administrar e minorar riscos (SILVA et al., 2003), além de servir na identificação e análise de substâncias que são capazes de interagir com o material genético dos organismos (MAZZEO, 2009). Diferentes espécies têm se mostrado eficientes como bioindicadores do comprometimento

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ambiental, por serem capazes de detectar, por meio de processos bioquímicos específicos, os efeitos sinergísticos de mistura de contaminantes presentes no ambiente (ROOS et al., 2004; FERETTI et al., 2008).

Resultados provenientes de bioensaios podem ser extrapolados para outros organismos, já que o alvo toxicológico é o DNA, molécula presente em todas as formas celulares vivas. Segundo Houk (1992), compostos que se mostram reativos com o DNA de uma espécie podem produzir efeitos semelhantes em outras espécies e perturbações no material genético podem causar efeitos deletérios severos e irreversíveis aos organismos.

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