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As médias dos níveis plasmáticos de PAI-1 não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, comparando as gestantes que desenvolveram e que não desenvolveram PE, nos quatro períodos gestacionais avaliados (Tabela 9). O número reduzido de gestantes avaliadas provavelmente explica esse resultado. No entanto, houve uma tendência de aumento da mediana dos níveis plasmáticos de PAI-1 nas gestantes que desenvolveram PE, comparando-se aquelas que não desenvolveram a doença, em três períodos gestacionais (12-19, 20-29 e 35-40 semanas), como mostra a Figura 10. Como o PAI-1 é sintetizado pelas células endoteliais, não se pode descartar a hipótese que a tendência de aumento dos níveis de PAI-1 na PE, reflita a disfunção endotelial que está associada a essa doença.

Em concordância com os resultados do presente estudo, o único relato da literatura, acompanhando o mesmo grupo de gestantes e que também avaliou os níveis de PAI-1, em portadoras de fatores de risco para PE, ao longo da gravidez, também não obteve diferença significativa comparando as gestantes que desenvolveram (Pré-gravidez=20,1ng/mL, 11-15semanas=24,7ng/mL, 31-

34semanas=57,7ng/mL) e que não desenvolveram a doença (Pré-

gravidez=17,3ng/mL, 11-15semanas=17,7ng/mL, 31-34semanas=66,4ng/mL) em nenhum dos períodos gestacionais avaliados (HALE et al. 2012).

A comparação dos níveis de PAI-1 nas duas gestantes que tiveram diabetes gestacional evidenciou um aumento desses, no período de 20-29 semanas, naquela que também desenvolveu PE (48,9ng/mL) em relação à que não desenvolveu (39,6ng/mL). Para o outro período avaliado nessas gestantes (12-19 semanas), não foi obtida diferença nos níveis de PAI-1. Uma revisão do prontuário clínico dessas

gestantes, para constatar a época do surgimento da diabetes seria interessante para esclarecer este dado.

Uma revisão da literatura mostra que a investigação da atuação do sistema fibrinolítico na PE tem resultado em conclusões paradoxais, onde uma hipofunção uma função inalterada e uma hiperfunção desse sistema comparando-se à gestação normotensa têm sido relatadas. Higgins et al. (1998) e Clark et al. (2001) evidenciaram uma diminuição dos níveis plasmáticos de PAI-1 em gestantes pré- eclâmpticas comparadas às normotensas. Em contrapartida, Gow et al. (1984) demonstraram níveis similares de PAI-1 nesses dois grupos. A maioria dos estudos da literatura, no entanto, revelou aumento dos níveis de PAI-1 em gestantes com PE comparadas às normotensas (HALLIGAN et al., 1994; YIN et al., 1998; DUSSE, 1999; TANJUNG, 2005; SCHJETLEIN et al., 1999; HELLGREN, 2003 e 1996; ESTELLES et al., 1998; CHAPPELL et al., 2002; BACHMANN, 1995; SUCAK et al., 2006).

Hunt et al. (2009) demonstraram um aumento nos níveis plasmáticos de PAI-1 em mulheres que posteriormente apresentaram evidência precoce de disfunção placentária e restrição do crescimento fetal. Sabendo que esses achados estão associados à PE, pode-se inferir uma diminuição da atividade fibrinolítica nessa doença.

Chappel et al. (2002), evidenciaram um aumento significativo da razão PAI- 1:PAI-2 em gestantes entre 22ª e 25ª semanas de gestação, que desenvolveram PE subsequentemente, quando comparadas aquelas que mantiveram-se normotensas, o que sugere um aumento da produção de PAI-1 nessa doença.

Wikstron et al. (2009) relataram um aumento da razão PAI-1:PAI-2 na PE precoce, mas não na PE tardia. Esses investigadores sugerem o potencial dessa razão para predizer o surgimento da PE precoce.

No presente estudo, não foi obtida diferença significativa comparando-se as médias dos níveis de PAI-1 nos três primeiros períodos gestacionais, para as gestantes que desenvolveram PE. A comparação das médias dos níveis de PAI-1 nos períodos gestacionais entre si, revelou um aumento no período 35-40 em relação aos demais (Tabela 10).

A análise da Figura 11 mostra que houve uma tendência de aumento dos níveis plasmáticos de PAI-1 nas gestantes que desenvolveram PE, ao longo da gestação, especialmente no terceiro trimestre, o que permite inferir a inibição do

sistema fibrinolítico nessa doença, como anteriormente sugerido na literatura (HALLIGAN et al., 1994; YIN et al., 1998; DUSSE, 1999; TANJUNG, 2005; SCHJETLEIN et al., 1999; HELLGREN, 2003 e 1996; ESTELLES et al., 1998; CHAPPELL et al., 2002; BELO et al. 2002; BACHMANN, 1995; SUCAK et al., 2006). Em concordância com os resultados obtidos no presente estudo, HALE et al., (2012) também obtiveram um aumento nos níveis de PAI-1, em um mesmo grupo de gestantes que desenvolveram PE, no 3º trimestre de gestação em relação ao 1º.

Em relação às gestantes que não desenvolveram PE, a análise da Figura 12 evidencia que os níveis plasmáticos de PAI-1 aumentaram ao longo da gravidez. A comparação das médias dos níveis de PAI-1 entre os períodos gestacionais, revelou um aumento significativo em todos, exceto para 20-29x30-34 semanas (Tabela 11).

Assim como na PE, na gestação normal não há um consenso sobre a atuação do sistema fibrinolítico. Estudos pioneiros indicavam uma redução da atividade fibrinolítica (BIEZENSKI et al.,1958; SHAPER et al., 1965; e MENON et al., 1970), enquanto outros estudos revelaram um aumento dos níveis de t-PA e u-PA, sugerindo uma ativação do sistema fibrinolítico. Revelaram, também, um aumento dos níveis de PAI-1, que esses pesquisadores interpretaram como um mecanismo para compensar o aumento dos ativadores do plasminogênio (KOH et al., 1992; HALIIGAN et al., 1994; BELO et al., 2002).

Em concordância com os resultados obtidos no presente estudo, Estelles et al. (1989) encontraram um aumento da atividade do PAI-1, em 43 gestantes normotensas, do 1º para o 3º trimestre, utilizando dois métodos laboratoriais, o IRMA (0,64 para 2,57U/mL) e ELISA (11,74 para 34,86ng/mL). Choi et al. (2002) revelaram um aumento gradual dos níveis de PAI-1 nas gestantes normotensas, a partir do 2º trimestre gestacional (45,2±9,7ng/mL), atingindo concentração máxima no 3º trimestre (75,9±12,4ng/mL). Vale ressaltar que em ambos os estudos mencionados, as amostras avaliadas em cada trimestre gestacional, não correspondiam às mesmas gestantes, como foi realizado no presente estudo.

A análise da Figura 13 revela um aumento gradual de PAI-1 na gestação. No entanto, esse aumento é mais evidente nas gestantes que desenvolveram PE, principalmente no último trimestre gestacional. A não obtenção de diferença estatística significativa entre as médias de PAI-1 das gestantes que desenvolveram e que não desenvolveram PE (nos quatro períodos gestacionais) provavelmente se deve ao número reduzido de amostras avaliadas neste estudo.

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