NÍVEL DE INSTRUÇÃO

Os níveis de instrução encontrados para a PEA rural, restrita e ocupada dos estados da Amazônia Legal se apresentam bastante distintos, quando realizada a divisão entre as atividades agrícolas e as não agrícolas. A Tabela 12, a seguir, contribui para essa primeira apresentação sobre os níveis de escolaridade.

50

TABELA 12- Níveis de instrução da PEA rural restrita e ocupada. Classificação por gênero e por tipo de atividade (2010)

Primeiramente, fica evidente que os indivíduos alocados em atividades não agrícolas detém melhores níveis de instrução. Cabe ressaltar que, por meio de dados também disponibilizados pelo IBGE em 2010, para o meio rural de todo o Brasil, a participação daqueles indivíduos sem nenhum grau de instrução ou ainda com o ensino fundamental incompleto, atinge 75,3%. O nível de ensino, fundamental completo e o médio incompleto, detêm 13,6% dos indivíduos. Essa participação diminui, ainda mais, conforme o nível de instrução se eleva, por exemplo, aqueles que possuem o ensino médio completo ou o ensino superior incompleto, com 9,3%. E os que possuem o ensino superior completo, 1,3%. Pode-se perceber que, mesmo com a comparação da média brasileira para o meio rural, os indivíduos em atividades não agrícolas, dos estados da Amazônia Legal, apresentam níveis de instrução superiores. Os melhores índices registrados para o meio não agrícola confirma o que Silva et al. (2002) encontraram a respeito do meio agrícola deter níveis de escolaridade relativamente inferiores.

A diferença dos níveis de instrução, por meio da questão de gênero, torna-se perceptível ao se realizar a distinção entre as atividades agrícolas e não agrícolas. Nota-se que as participações dos gêneros são similares nas atividades agrícolas. Entretanto, ao se observar as atividades não agrícolas, a

51 melhora relativa dos índices de escolaridade das mulheres torna-se clara, conforme tabela abaixo.

TABELA 13 - Níveis de instrução para a PEA rural restrita e ocupada, classificada por gênero, tipo de atividade e por estado da Amazônia Legal (2010)

A referida tabela apresenta as participações nos diferentes níveis de instrução por parte da PEA rural restrita e ocupada, dividida por gênero e tipo de atividade em cada estado que compõe a região da Amazônia Legal. Por

52 meio dessa tabela pode-se confirmar a superioridade dos níveis de instrução dos indivíduos alocados em atividades não agrícolas, para todos os estados que compõem a região e também para ambos os gêneros.

É reforçado, também, que as atividades agrícolas detêm níveis de instrução similares entre os homens e mulheres em todos os estados. Enquanto que os indivíduos de gênero feminino, em atividades não agrícolas, possuem participações expressivamente menores quando comparados aos do gênero masculino no nível sem instrução ou ensino fundamental incompleto. O nível que trata o ensino fundamental completo e ensino médio incompleto é o único que detém participações similares entre os gêneros. Já no nível de ensino médio completo ou ensino superior incompleto e também no ensino superior completo, a predominância relativa é das mulheres, chegando, neste último nível de instrução, a atingir o dobro da participação masculina em todos os estados, e, a aproximadamente, o triplo nos estados de Rondônia, Acre, Tocantins e Mato Grosso.

Na Tabela 14, apresentada a seguir, podem ser observados os rendimentos oriundos do trabalho principal da PEA rural restrita e ocupada. Por meio dessa tabela, verifica-se que homens e mulheres auferem rendimentos superiores nas atividades não agrícolas, em todos os níveis de escolaridade. A exceção ocorre no estado do Mato Grosso, onde os indivíduos alocados nas atividades agrícolas obtêm maiores rendimentos em três níveis de escolaridade para as mulheres e para os homens, em um nível.

É notório, ainda na mesma tabela, o fato já demonstrado por Santos et al. (2009), onde o gênero feminino aufere rendimentos inferiores àqueles do gênero masculino, apesar de possuírem melhores níveis de instrução. A situação demonstra que para todos os estados da região da Amazônia Legal os rendimentos obtidos pelos homens são superiores aos das mulheres, para cada um dos níveis de instrução. A exceção se dá nos estados do Acre e Amazonas, no nível de ensino superior completo, onde as mulheres auferem rendimentos maiores que os dos homens.

53

TABELA 14 - Médias dos rendimento do trabalho principal por nível de instrução, gênero e tipo de atividade em cada estado da Amazônia Legal (2010)

Quanto às diferentes classificações de cores/raças pode-se dizer que, primeiramente, os pardos se caracterizam como a maioria em ambos os gêneros, masculino e feminino, e nos dois tipos de atividades, agrícolas e não agrícolas. Na sequência apresentam-se os brancos, pretos, indígenas e

54 amarelos7. Apesar da predominância dos pardos, os rendimentos se apresentam superiores na cor/raça branca. Nas atividades agrícolas, em todos os níveis de instrução, o gênero masculino de cor/raça branca apresenta rendimentos superiores, exceto no nível ensino superior em que a cor/raça amarela tem maior rendimento. No gênero feminino ocorre a mesma predominância da cor/raça branca, exceto pelos níveis de ensino médio completo ou superior incompleto e nível superior completo, onde o rendimento das mulheres amarelas é superior. Nas atividades não agrícolas também ocorre a superioridade dos rendimentos por parte da cor/raça branca. Entre os homens não há exceção, já entre as mulheres, a cor/raça amarela apresenta maiores rendimentos para o nível de ensino superior completo.

Entre aqueles que possuem os rendimentos mais baixos, estão as cores/raças indígenas e pretos. Nas atividades agrícolas, os homens indígenas registram, em todos os níveis de instrução, os piores rendimentos. Entre as mulheres agrícolas, são as categorias pretas e indígenas que têm os rendimentos mais baixos. A mesma configuração se verifica nas atividades não agrícolas, com a diferença de que entre as mulheres, a cor/raça preta é a que detém, sempre, os piores rendimentos em todos os níveis de instrução.