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3. Setor das Pescas

3.3 A nível Nacional

No que concerne a Portugal, o Instituto Nacional de Estatísticas possibilita uma análise mais recente face às anteriormente analisadas, podendo o mesmo ser estudado com dados referentes ao ano transato.

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Neste sentido, em 2015 foram capturados em Portugal um total de 194.164 toneladas de pescado, o que relativamente a 2014 representou um acréscimo de 5,6% na produção da pesca nacional. Através do Gráfico 3.2 é possível verificar que apesar da diminuição das capturas em pesqueiros externos3 (-12,7%), o maior volume de pesca em águas nacionais

conduziu ao aumento global da captura de pescado. (INE, 2016a)

Gráfico 3.2 Capturas totais e em pesqueiros externos

Fonte: INE (2016a: 47)

Deste total capturado, 140.831 toneladas corresponderam a pescado fresco ou refrigerado transacionados em lota, no valor de 260 984 mil euros, representando um acréscimo de 17,5% em volume e 4,2% em valor comparativamente com 2014, conforme ilustra o Gráfico 3.3.

Gráfico 3.3 Capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, em portos nacionais

Fonte: INE (2016a: 47)

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Pesqueiros externos são locais que possibilitam a pesca, como por exemplo rios, mares, lagos, entre outros, fora da zona económica exclusiva portuguesa.

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Quanto à aquicultura, em 2014 (informação disponível mais recente), ouve uma produção de 10.791 toneladas, o que gerou uma receita de 50,3 milhões de euros. Analisando o Gráfico 3.4 verificamos que o mesmo traduz um aumento em quantidade de 7,2 % face a 2013, porém, face ao mesmo ano, existiu um decréscimo em valor de 8,3%. Este resultado justifica-se pela maior produção de certos produtos de pesca que obtiveram uma menor valorização no mercado em relação ao ano de 2013 (INE, 2016a).

Gráfico 3.4 Produção de aquicultura

Fonte: INE (2016a: 75)

Relativamente às espécies capturadas (Gráfico 3.5), o aumento registado a nível nacional ficou a dever-se à maior captura de peixes marinhos.

Gráfico 3.5 Estrutura do volume de capturas nominais por espécie (2014-2015)

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No que concerne a moluscos, visto que o presente projeto incide neste tipo de produtos, existiu um aumento de capturas de 3.6% mas um decréscimo do valor correspondente de 4% face ao ano de 2014. Estes resultados derivaram fundamentalmente de um aumento expressivo da quantidade de berbigão (+ 124,4%) e a uma menor quantidade de polvo (- 28%), disponível em 2015. Como o berbigão é uma espécie menos valorizada no mercado comparada com o polvo, o resultado foi uma descida do valor global do grupo de moluscos (INE, 2016a).

Quanto às espécies produzidas em aquicultura, no Gráfico 3.6 verifica-se que as mais relevantes no nosso país são o pregado, a dourada, o robalo, a truta, a amêijoa, o mexilhão e a ostra. Relativamente aos moluscos bivalves, os mesmos representam 45% da produção total da aquicultura, mantendo-se as amêijoas como a espécie mais relevante (2.251 toneladas), seguida dos mexilhões (1.547 toneladas), que registaram reduções de produção de 3,3% e 19,6%, respetivamente. Quanto à produção de ostras (1.085 toneladas), existiu um aumento de 36,6% em 2014, estando este aumento relacionado com um novo paradigma de investimentos que se têm vindo a verificar de norte a sul do país, em viveiros e em espaços que anteriormente se destinavam apenas à produção de peixe (INE, 2016a).

Gráfico 3.6 Estrutura do volume de produção em aquicultura por espécie (2013-2014)

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No que concerne ao comércio Internacional, Portugal registou em 2015 um aumento das importações de produtos de pesca ou relacionados com esta atividade, atingindo um valor de 1,766 mil milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 187,5 milhões de euros (+11,9%) face ao ano de 2014. Quanto às exportações, este setor registou um valor de 1,031 mil milhões de euros, correspondendo também a um aumento, comparativamente a 2014, de 112 milhões de euros (+12,2%) (INE, 2016a).

Gráfico 3.7 Comércio Internacional dos produtos da pesca ou relacionados com esta atividade

Fonte: INE (2016a: 89)

A análise do Gráfico 3.7 possibilita-nos verificar que o saldo da balança comercial dos produtos da pesca foi deficitário, atingindo um valor de 735 milhões de euros em 2015, sendo que em 2014 o valor situava-se nos 659,6 milhões de euros, registando assim um aumento de 75,4 milhões de euros, o que corresponde a um agravamento bastante significativo da balança comercial neste setor. Este comportamento justifica-se pelo facto do aumento das importações ter sido superior ao crescimento registado nas exportações, com uma taxa de cobertura de 58,8%, correspondendo a um aumento de 0.2% face a 2014 (INE, 2016a).

Quanto aos produtos da pesca mais importados, apesar da sua evolução ser generalizada à maioria dos produtos, destaca-se o aumento nos “peixes congelados exceto filetes”, com um peso de 23,3% no valor global das importações (Gráfico 3.8), correspondendo a um aumento em valor de 69,1 milhões de euros em relação a 2014. Relativamente à classe de

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moluscos, os mesmos representam 12,5% no valor global das importações, representando um aumento 34,7 milhões de euros face a 2014.

Em 2015 Espanha permaneceu como o principal fornecedor de produtos da pesca a Portugal, exceto no que diz respeito aos “peixes secos, salgados e fumados”, sendo esse lugar ocupado pela Suécia e quanto aos moluscos, cujo principal fornecedor de Portugal foi o Vietname (INE, 2016a).

Gráfico 3.8 Valor das Importações por grupo de produtos (2015)

Fonte: INE (2016a: 89)

Gráfico 3.9 Valor das Exportações por grupo de produtos (2015)

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Relativamente aos produtos de pesca mais exportados, conforme demonstra o Gráfico 3.9, tal como o produto mais importado, também os “peixes congelados exceto filetes” foram dos produtos mais exportados, detendo um peso de 19,4% no valor global das exportações, com um aumento de 0,4% face a 2014. Curiosamente, pela primeira vez este foi o principal grupo de produtos exportados, sendo que esta posição tradicionalmente vinha sendo ocupada pela “preparações e conservas de peixe”.

Relativamente aos moluscos, este grupo encontra-se em 2ª posição com um peso de 19,2% no valor global das exportações, registando o segundo maior acréscimo das exportações em valor, com um aumento de 31,7 milhões de euros comparativamente com 2014.

Quanto ao país de destino, Espanha foi o principal cliente de Portugal no que diz respeito aos produtos da pesca, sendo que, relativamente ao grupo de moluscos, em 2015 mais de 80% foi exportado para Espanha, seguindo-se a Itália (7,1%) e os Estados Unidos (5,5%). (INE, 2016a)

Gráfico 3.10 Capturas nominais de moluscos em Portugal por Regiões (2015)

Fonte: Elaboração própria

A nível de capturas de moluscos, Portugal no ano de 2015, e de acordo com os dados do INE (2016b), efetuou capturas destas espécies superiores a 19 mil toneladas (Gráfico 3.10), sendo que deste total o Centro representou a região do país com maior percentagem, cerca de 42%, seguida do Algarve com 22% e da área metropolitana de lisboa com quase 20% das capturas totais.

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Gráfico 3.11 Capturas nominais de moluscos na Região do Centro (2015)

Fonte: Elaboração própria

É importante salientar os dados do Gráfico 3.11, sendo que do total de capturas de moluscos na região Centro, 8.133 toneladas, quase 80% são efetuadas na região de Aveiro. Estes valores representam efetivamente a importância desta região, da sua imensa ria e da sua comunidade piscatória no desenvolvimento do setor das pescas nacional. Quando analisado o peso da região de Aveiro no total de capturas de moluscos em Portugal, o valor é demonstrativo, cerca de 34%, ou seja, mais de um terço da produção total de moluscos neste país é realizada pela região de Aveiro, sendo este valor bastante expressivo.

Tabela 3.5 Capturas nominais de moluscos por espécie (valor e peso) na Região do Centro (2015)

Fonte: Elaboração própria

€ (milhares) t € (milhares) t € (milhares) t € (milhares) t

Am eijoas 281,00 € 79 0,00 € 0 757,00 € 112 Berbigão 4.261,00 € 4661 74,00 € 58 50,00 € 55 Buzios 0,00 € 0 Choco 1.564,00 € 435 56,00 € 15 52,00 € 13 106,00 € 24 Longueirões 48,00 € 20 0,00 € 0 0,00 € 0 2,00 € 1 Lulas 1.295,00 € 177 438,00 € 62 465,00 € 62 177,00 € 22 Polvos 1.453,00 € 538 821,00 € 232 1.449,00 € 289 3.290,00 € 666 Potas 35,00 € 16 24,00 € 17 17,00 € 12 19,00 € 10 Ostras 0,00 € 0 0,00 € 0 0,00 € 0 Mexilhão 66,00 € 186 0,00 € 0 33,00 € 35 Conquilha 0,00 € 0 0,00 € 0 0,00 € 0 0,00 € 0 Diversos 823,00 € 330 0,00 € 0 0,00 € 0 17,00 € 5 Total Moluscos 9.825,00 € 6442 1.413,00 € 384 1.984,00 € 377 4.453,00 € 930

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Relativamente aos valores, verifica-se na Tabela 3.5 que a região de Aveiro movimentou em 2015 um valor total de moluscos de 9,825 milhões de euros, destacando-se das restantes regiões (INE, 2016b). Contudo, importa referir que estes valores reportam-se aos primeiros de mercado. Por exemplo, quanto ao berbigão, uma das espécies mais capturadas em Aveiro, verificamos que o preço médio por Kg deste produto rondou os 0,91 €. Contudo, este tipo de produtos é alvo de aumentos progressivos e exponenciais até chegar ao consumidor final, sendo que, tendo por exemplo a depuração, este tipo de produto após depurado poderá sofrer um aumento do seu valor comercial que rondará os 200% a 300%. Também deveremos ter em conta uma realidade bem presente, que se refere à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada que, logicamente, interfere com todos os dados disponíveis. De acordo com a Comissão Europeia (2016), estima-se que são capturados ilegalmente entre 11 a 26 milhões de toneladas por ano deste tipo de produtos, o que corresponde a pelo menos 15% das capturas mundiais.

Não obstante, todos os dados descritos neste capítulo atestam a grande importância que este setor representa para as várias economias nacionais, nomeadamente para Portugal, sendo certo que, a pesca e as suas atividades subsidiárias, tais como a transformação e comercialização dos produtos da pesca, apresentam-se como domínios de ação estratégicos indispensáveis para a promoção do desenvolvimento sustentável deste setor, com enorme tradição em Portugal e com um peso social e económico muito significativo.

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4. Plano de Negócio: Centro de Depuração e Expedição de

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