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Núcleo de Tecnologia de Florianópolis: algumas considerações sobre a

CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO INFANTIL: DEFININDO SUA

3.1 Núcleo de Tecnologia de Florianópolis: algumas considerações sobre a

Objetiva-se, neste item, tecer algumas considerações sobre como o Município de Florianópolis tem organizado, no âmbito público, ações que visem a implementação das Salas Informatizadas na Rede Pública de Ensino. Para isso, apoiou-se no estudo de Shui (2003), que realizou uma importante pesquisa sobre os documentos e relatórios emitidos pelo Núcleo de Tecnologia (NTE), procurando melhor compreender a implementação da informática educativa no município de Florianópolis e, mais especificamente, a atuação dos coordenadores da Sala Informatizada das instituições de ensino municipais.

De acordo com esse estudo, as primeiras ações que visavam o uso da informática na educação aconteceram por volta da década de 90. Essas ações, porém, estavam desvinculadas das políticas públicas vigentes na época. No ano de 1998, foi criado o Núcleo de Tecnologia do Município de Florianópolis, através do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) com o objetivo de:

“apoiar o processo de informatização das escolas auxiliando tanto no processo de planejamento de incorporação de novas tecnologias, quanto no suporte técnico e na capacitação de professores e das equipes administrativas das escolas” (ibidem, p. 16).

28 Este período (como são separadas as turmas na Educação Infantil) compreende crianças entre 5 e 6 anos de idade. 29 As atividades referidas nesta pesquisa são aquelas que englobam os projetos de trabalho que, previamente planejados pela professora da unidade, utilizem o Laboratório de Informática.

Após o processo de criação do Núcleo, incluindo uma estrutura física e a instalação de equipamentos de informática, planejou-se a compra de alguns programas computacionais educacionais para o processo de “criação de projetos inserindo dados, combinando tipos de informações ou mídias (...), tudo isso com atributos (programações) próprios a cada objeto e onde o criador é chamado autor” (ibidem, p. 16). Foi com este objetivo que o NTE adquiriu para as escolas o Micromundos (baseados na linguagem Logo), o Everest e o Superlink (software de autoria).

Em uma palestra proferida por representantes do NTE na IIIa. Mostra Educativa da Educação Infantil observou-se a grande ênfase dada a projetos de criação e na atribuição do aluno como autor:

“A gente trabalha muito no Micromundos é que a gente estimula a criação (...). O autor do projeto viaja, vai faz o que quiser no seu trabalho. Ainda mais, nesse programa, ele simula o real. A gente pode simular uma realidade, simular algo que a gente não pode fazer com as crianças(...). Porque a gente pode transformar todos aquele objetos, como por exemplo, num sistema circulatório, onde um objeto daquele seria o que está circulando. Então ele tem muitas aplicações. Desde a pré-escola até alguém que queira fazer um trabalho científico” (grifos nossos).

O NTE, baseado nos pressupostos do Proinfo, estabelece o trabalho com o computador fundamentado em projetos que, segundo Shui (2003), atuam com a pesquisa e a produção de conhecimento de forma integrada, subsidiada por um tema que pode ser estabelecido pelo professor ou pode originar-se de alguma vivência do aluno. Assim, objetiva-se favorecer “a interpretação, análise e crítica, estimulo à busca, seleção e organização de informações, experimentos e análises comparativas de soluções semelhantes” (ibidem, p. 18).

Inclusive esses parâmetros serviram para denominar a nomenclatura utilizada nos espaços informatizados, chamados hoje de Sala Informatizada, pois o uso do termo Laboratório de Informática está vinculado a um lugar que é explorado esporadicamente, desarticulado do projeto de trabalho do professor. A Sala Informatizada, no seu bojo, instiga professores e alunos a explorarem de acordo com suas necessidades educativas, complementando as atividades desenvolvidas em sala.

Shui (2003) enfatiza, porém, que a metodologia do projeto não é obrigatória ao pensar-se em usar a Sala Informatizada com os alunos. Sua exploração, portanto, pode estar permeada por outras metodologias educacionais, que variam de acordo com o

objetivo do professor e do seu grupo de alunos. No que se refere ao uso de projetos, Shui (ibidem, p. 20) ainda coloca que:

“Os professores do Núcleo possuem clareza de que o trabalho com projetos poderá contribuir com importante subsídio para repensar a prática pedagógica, proporcionando aos educadores condições não apenas de dominar o computador e o software trabalhado, mas de repensar o papel da educação numa sociedade que vem sendo continuamente informatizada, assim como as relações estabelecidas entre alunos, professores e conhecimento diante do desenvolvimento de novas tecnologias, na medida que não for encarado como uma fórmula ou orientação rígida” (grifos nossos).

Para que esses propósitos possam ser realizados de forma articulada e contínua, existe na Sala Informatizada um responsável, cuja atribuição é sensibilizar o corpo docente e a comunidade escolar para a utilização das máquinas na educação – o coordenador. Assim, suas diretrizes de trabalho precisam estar pautadas de acordo com o Projeto Político Pedagógico de sua instituição de origem e os pressupostos estabelecidos pelo NTE. A seleção desse coordenador é realizada através de uma parceria entre o NTE e as unidades educativas. Num primeiro momento, a escola (através do diretor) que receberá o equipamento que irá compor a Sala Informatizada recebe do NTE orientações sobre os projetos de trabalho que serão desenvolvidos neste espaço. De posse dessas orientações, o diretor consulta o corpo docente para a seleção de um educador ou auxiliar de ensino30 para assumir o cargo de coordenador, sendo que os requisitos para tal cargo é ser efetivo no quadro docente e possuir pelo menos um curso ministrado pelo NTE. Assim, a escola indica três nomes e o NTE encarrega-se de realizar a seleção, que acontece sob a forma de entrevistas, indicando o nome do responsável para o cargo. Shui (ibidem, p. 25) destaca que “seu papel de articulação do trabalho realizado na Sala Informatizada é considerado de fundamental importância pelos multiplicadores do NTE para garantir a implementação do uso pedagógico dos computadores na escola”.

No que se refere ao apoio à utilização desse espaço, vale destacar que ainda conta-se com uma assessoria, desenvolvida pelo próprio NTE, e que atende toda a rede de ensino de Florianópolis equipada com computadores, para orientação em relação à elaboração de projetos, navegação da internet, utilização dos recursos multimídias, entre outros. Ainda, na própria sede do NTE, está à disposição dos professores da rede

um acervo de CDs de referência e de jogos. Essa assessoria, porém, ainda encontra obstáculos, principalmente por falta de um automóvel para que a equipe possa locomover-se até as unidades de ensino.

As escolas equipadas com as Salas Informatizadas, de acordo com esse estudo, totalizam 13, dentre as 23 existentes, sendo que a estrutura montada para tal sala constitui-se de: 11 computadores (no mínimo), 2 impressoras e 1 scanner, ligados em rede, num ambiente climatizado e com mobília adequada. O processo de implementação de computadores abarcou as escolas básicas. A única instituição da rede de educação infantil contemplada com esse processo foi a Creche Dona Cota, fruto de um projeto piloto, objetivando dar início à implementação dos computadores na educação de crianças de zero a seis anos.

De acordo com a trajetória explicitada até aqui, as ações do NTE visam principalmente abarcar a educação fundamental, cuja tônica está direcionada a construção do conhecimento, no processo de ensino-aprendizagem e no acesso ao conhecimento através de projetos elaborados pelos próprios alunos ou pelo professor. As ações que contemplam a Educação Infantil, entretanto, ainda encontram-se na sua gênese. Não encontrou-se, diante desse quadro, objetivos educativos que apontam para as necessidades da criança pequena, de zero a seis anos.

Acredita-se, certamente, que muitas diretrizes do NTE, assim como os objetivos educacionais nela imbricados, possam ir ao encontro das necessidades educativas das crianças e jovens que freqüentam o ensino fundamental, e possibilitam aos professores uma nova forma de apresentar e explorar os conteúdos curriculares e estimular a pesquisa e a investigação de forma crítica e criativa. No entanto, cabe questionar-se: Que diretrizes regem as salas de educação infantil pertencentes a essas escolas básicas, ao pensar o uso do computador com as crianças pequenas?

Assim, durante a pesquisa empírica, freqüentou-se durante três meses o projeto de trabalho de uma professora de educação infantil de uma das unidades de educação básica da Rede Municipal de Florianópolis, no intuito de trazer elementos relevantes para esta problemática.