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Número de inseminações artificiais por ciclo estral sobre a fertilidade de éguas ou

3.2. Fatores inerentes as fêmeas equinas

3.2.5. Número de inseminações artificiais por ciclo estral sobre a fertilidade de éguas ou

A frequência de cobrições ou inseminações é um dos aspectos mais importantes do manejo reprodutivo de equinos, dependendo da individualidade do garanhão e do tipo de sêmen utilizado. Quanto à individualidade do garanhão, é importante saber que a qualidade do sêmen sofre variações entre ejaculados e indivíduos, quanto à motilidade progressiva do sêmen, a concentração necessária por dose inseminante, a duração da capacidade fecundante no sistema genital da fêmea, dentre outras. Igualmente importante para o sucesso da concepção é o

acompanhamento do desenvolvimento folicular, visando detectar o momento da ovulação (Silva Filho et al., 1998).

O controle da ovulação possibilita a redução do número de inseminações artificiais/ciclo, sendo este, um fator importante a ser considerado quando se pretende reduzir custos em um programa de inseminação artificial de equinos, notadamente naqueles envolvendo o transporte de sêmen entre haras (Valle et al., 2000). A determinação do momento exato da ovulação requer um maior controle das éguas, através da realização de palpações transretais e/ou de exames ultrassonográficos sistemáticos da atividade ovariana das éguas. Com este manejo, é possível reduzir o número de inseminações artificiais por ciclo, com consequente redução dos riscos de contaminação iatrogênica do sistema genital, principalmente em éguas susceptíveis à endometrite (Brinsko e Varner, 1993).

Ao contrário de outras espécies domésticas, as éguas possuem uma fase folicular longa, com duração do estro bastante variável (Pace e Sullivan, 1975). Para facilitar o manejo de forma que a inseminação ocorra o mais próximo da ovulação, preconiza-se os agentes indutores da ovulação. Esses agentes são aplicados na presença de um folículo com 33mm de diâmetro em éguas pôneis e de 35mm em éguas, período em que o folículo encontra-se mais responsivo ao LH (Melo et al., 2012). Deste modo, após a indução da ovulação, a maioria das éguas irá ovular dentro de 36-48 horas da indução, havendo, desta forma, uma variação individual acentuada, que pode estar relacionada ao diâmetro ovulatório de cada animal (Sieme et al., 2003).

Alguns autores observaram maior eficiência dos ciclos acompanhados por um maior número de cobrições ou inseminações (Squires et al., 1998; Vidament et al., 1997; Sieme et al., 2003; Xavier et al., 2010). Entretanto, vários autores não observaram efeito dessa variável sobre a fertilidade das fêmeas equinas (Pace e Sullivan, 1975; Kloppe et al, 1988; Valle et al., 2000; Brandão et al., 2003; Rossi et al, 2012).

Em um estudo realizado por Squires et al. (1998), utilizou-se o sêmen de três garanhões para inseminar 33 éguas, divididas em três grupos. No primeiro grupo, as éguas foram inseminadas duas vezes, sendo a primeira inseminação realizada com 1 x 109 espermatozoides com motilidade progressiva, com o sêmen resfriado à 5°C durante 24 horas. A segunda inseminação foi realizada 24 horas após a primeira, com a mesma concentração, embora o sêmen tenha sido resfriado por 48 horas (T1); no segundo grupo, as éguas foram inseminadas apenas uma vez com 1 x 109 espermatozoides com motilidade progressiva, sendo o sêmen resfriado à 5°C por 24 horas (T2). No terceiro grupo, as éguas foram inseminadas apenas uma vez com 2 x 109 espermatozoides com motilidade progressiva, sendo o sêmen resfriado à 5°C durante 24 horas (T3). Todas as fêmeas foram induzidas com 2500UI de hCG, no momento da inseminação. As taxas de gestação obtidas foram de 64% (16/25), 31,0% (9/20) e 41,4% (12/17), respectivamente, para os tratamentos T1, T2 e T3, sendo os valores do T1 superiores aos do T2 e T3, que não diferiram (p>0,10) entre si.

No mesmo sentido, Vidament et al. (1997), também observaram melhores resultados ao inseminar as éguas duas ou mais vezes por ciclo, em relação as inseminadas apenas uma vez, com taxas de gestação de 34% (n=1.576) e 26% (n=626), respectivamente.

Sieme et al. (2003) observaram que a taxa de gestação de éguas inseminadas apenas uma vez com sêmen resfriado de garanhões (84/169; 49,7%), não diferiu (p>0,05) das inseminadas duas vezes por ciclo (48/85; 56,5%), embora diferisse (p<0,05) das inseminadas três (20/28; 71,4%)

vezes por ciclo, sendo o intervalo entre as inseminações de 24 horas. Em outro estudo, avaliando as taxas de nascimento, verificaram os menores valores nas éguas inseminadas uma vez por ciclo (507/1622; 31,2%), em relação às inseminadas duas (791/1905; 41,5%), três (464/1064; 43,6%) ou quatro (314/714; 43,9%) vezes por ciclo. Além disso, ao utilizarem sêmen congelado e uma única inseminação realizada entre 12 horas antes (31/75; 41,3%) até às 12 horas após (24/48; 50%) a ovulação, obteve-se taxas de concepção similares às observadas para as éguas inseminadas duas (31/62, 50%) ou três (3/9; 33,3%) vezes, a intervalos de 24 horas.

Diferentemente, Pace e Sullivan (1975) observaram que as taxas de concepção não sofreram influência do aumento do número de inseminações diárias, de uma para duas vezes. Entretanto, observou-se melhores índices de fertilidade nas éguas inseminadas dentro de 12 horas da ovulação.

O efeito do número de inseminações artificiais sobre a fertilidade de éguas inseminadas com sêmen asinino diluído e resfriado à 5ºC, por 12 horas de armazenamento, foi estudado por Rossi et al. (2012), ao utilizarem o sêmen de cinco jumentos da raça Pêga e 195 ciclos de 140 éguas. As inseminações foram realizadas quando da detecção de um folículo com diâmetro de 3,0 a 3,5cm de diâmetro, sendo o sêmen depositado no corpo do útero. As éguas foram agrupadas segundo o número de inseminações realizadas por ciclo em: uma inseminação, duas inseminações e três ou mais inseminações, sendo as doses inseminantes, de 20mL com 400x106 espermatozoides móveis, resfriadas à 5ºC por 12 horas de armazenamento, em contêiner especial. A redução do número de inseminações, no presente trabalho, não causou prejuízos à fertilidade, já que a taxa de gestação, com apenas uma inseminação foi de 47,69% (31/65), similar às obtidas com duas inseminações, de 55,56% (45/81) e com três ou mais inseminações, de 42,86% (21/49), que também não diferiram (p>0,05) entre si.

Ao utilizarem o sêmen congelado asinino para inseminar jumentas, a partir de um folículo ≥30mm, Trimeche et al. (1998) inseminou as fêmeas uma vez por dia até a ovulação. A dose inseminante continha 600 x 106 espermatozoides (20 palhetas), com pelo menos, 35% de motilidade total. Neste estudo, obteve-se uma taxa de gestação de até 62% (8/13).

Castejon (2005) utilizou o sêmen congelado asinino, da raça Zamorano-Leonés, para a inseminação de jumentas da mesma raça. Neste estudo, utilizou uma única inseminação, 24 horas após a indução da ovulação pela administração da hCG, sendo a dose inseminante utilizada de 500 x 106 espermatozoides móveis. Obteve-se apenas uma gestação em 18 ciclos reprodutivos de seis jumentas (5,5% - 1/18).

Ao utilizarem o sêmen congelado asinino para inseminar 28 éguas, Jepsen et al. (2010) utilizaram duas inseminações por ciclo (6 horas pré e 6 horas pós-ovulação). Neste estudo, utilizou-se uma dose inseminante de 300 x 106 espermatozoides móveis, depositados no corpo do útero, quando obteve-se taxas de gestação de até 58,3% (14/24), ao longo de cinco estações reprodutivas.

É possível afirmar que apenas uma inseminação é capaz de produzir taxa de gestação aceitável comercialmente, similarmente às obtidas com múltiplas inseminações, desde que, seja realizada de 24 horas pré até 12 horas após a ovulação. Quando se utiliza o sêmen resfriado ou congelado, preconiza-se que a inseminação deveria ocorrer de 12 horas pré até 12 horas após a ovulação (Sieme et al., 2003).

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