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a compreensão da importância desse período anterior ao processo de formação territorial do Município de Jundiaí.

Foto 01:

Ponte Torta sobre o Rio Guapeva, uma expressão de tempos passados

Situada sobre o Rio Guapeva, Bairro do

Vianelo, a Ponte Torta é um importante símbolo da história de Jundiaí. Foi construída com o objetivo de ligar o centro da cidade e a estação ferroviária, sendo, antes disso, o principal eixo de passagem de bondes movidos a burros.

Foto: Elias Oliveira Noronha Data: 01 de março

de 2007

No século XIX, o Município de Jundiaí será mais uma vez beneficiado por sua situação estratégica. Já em fins do século XVIII, a cultura cafeeira expandia-se em direção ao interior da Província de São Paulo, dinamizando algumas vilas e expandindo-se, sobretudo, no Vale do Paraíba. Essa incorporação horizontal acompanhou de certa forma o esgotamento dos solos e permitiu a constituição de pequenas redes de cidades por onde avançava.

Como lembra Souza (1956, p. 21),

A lavoura cafeeira só toma grande incremento na segunda metade do século XIX. O cultivo da cana entrara, então, em declínio, não só pela baixa mundial dos preços, como porque terras mais produtivas foram conquistadas em outras regiões da província pela lavoura açucareira. Como conseqüência, o algodão juntamente com o café entra a sobressair na agricultura de Jundiaí.

Com o advento do complexo cafeeiro11 na Província de São Paulo e, sobretudo de seus investimentos, como foi o caso da rede ferroviária, a função histórica desempenhada por Jundiaí desapareceu, dando início a novas funções: urbana, agrícola e industrial. Explicando: novas representações espaciais. Como são perceptíveis, as características anteriores não se perdem no tempo, coexistindo, portanto, velhas e novas

43 funções. A articulação entre as funções industrial e agrícola é um exemplo. Além disso, o uso das velhas rotas de ligação com a cidade de São Paulo para a construção das estradas e rodovias é um exemplo da importância desse período que antecede o surto urbano- industrial.

C o m e f e i t o , a combinação dessas três funções possui suas particularidades no tempo e no espaço. Porém, é difícil compreender a passagem do século XIX ao XX sem considerar a articulação entre o desenvolvimento de uma agricultura local e o conseqüente investimento na indústria beneficiadora e, em especial, as repercussões na cidade a partir do crescimento demográfico.

O perfil de cidade industrial que hoje marca o município está, sem dúvida, atrelado ao ciclo de café, à expansão da ferrovia e à urbanização, processos que são simultâneos e se relacionam entre si. A marcha do café para o oeste paulista promoveu o crescimento da cidade; junto com ela, vieram os trilhos e as indústrias. Ao mesmo tempo, naquela segunda metade do século XIX, começaram a chegar os primeiros imigrantes europeus (JUNDIAÍ, 2003).

Conforme destaca Langenbuch (1971), a decadência econômica, n o período que antecede os anos 1860, explica-se, fundamentalmente, pelo declínio da atividade canavieira. Nas palavras desse autor, dois foram os fatores condutores de uma nova fase de crescimento: primeiro, a chegada da ferrovia e, segundo, a expansão da cafeicultura. Logicamente, esses dois fatores se complementam, tendo em vista os interesses por parte da burguesia cafeeira no transporte do produto que avançava em direção ao interior da Província de São Paulo.

Dessa forma, ao considerar a complexidade criada por esse segundo elemento histórico, ou seja, a ferrovia e sua associação direta com a expansão da cultura cafeeira se tem a constituição de um segundo evento. Igualmente, é válido observar que o desenvolvimento da economia cafeeira encontrou subsídios na economia criada pela cultura canavieira.

Matos (1990) ao analisar a íntima relação existente entre a economia cafeeira e a evolução da malha ferroviária em São Paulo, afirma que até fins do século XVIII todo o planalto ocidental paulista encontrava-se em uma situação de isolamento geográfico em relação ao litoral. Tal fato apresentou modificações em fins do mesmo

44 século a partir da dinâmica econômica estabelecida pela cultura da cana-de-açúcar12 e

posterior entrada do café.

Com o advento da economia cafeeira, u m novo alento será dado à economia da Província de São Paulo no percurso do século XIX (MATOS, 1990). A complexidade da economia proporcionada pelo café está diretamente associada a dois aspectos: primeiro, com a grande imigração e, segundo, com os investimentos na malha ferroviária em caminhos pelos quais até fins do século XVIII se exportava açúcar. No Município de Jundiaí, tal fato não foi diferente, sendo possível analisar esses dois elementos históricos em consonância com a história da Província de São Paulo.

Matos (1990) destaca que seis são os aspectos intimamente relacionados ao processo de formação econômica e social de São Paulo quando o assunto é a expansão da malha ferroviária: a) a marcha de povoamento; b) a cultura do café; c) a abertura de diversas frentes pioneiras; d) a captura de outras regiões; e) as migrações internas; e f) a criação de uma consciência ferroviária.

Foi na economia cafeeira, em conformidade com o surgimento e expansão da rede de trilhos, que houve a consolidação de territórios complexos, seja com o crescimento e o aumento do número de cidades, seja com os novos atores sociais trazidos para o trabalho a ser realizado nas fazendas de café. No Município de Jundiaí, em particular, o surgimento da ferrovia em 1867 resultou, a partir da segunda metade do século XIX, na consolidação de processos e dinâmicas territoriais complexas. A ferrovia, como resultado dos investimentos ingleses, favoreceu, de maneira intensa, o crescimento do núcleo urbano, que entre 1874 e 1900, dobrou a população total. Nos anos de 1874 e 1900 a população do Município de Jundiaí correspondia a 7.805 e 14.990 habitantes, respectivamente (LANGENBUCH, 1971).

Para Monbeig (1984), o período compreendido entre 1860 e 1880 foi decisivo na história do café na Província de São Paulo. Dentre as transformações técnicas, sociais e econômicas ocorridas, o autor chama a atenção para a construção da Ferrovia

12 De acordo com Matos (1990), o ciclo da cana-de-açúcar foi um pilar essencial para algumas mudanças na fisionomia e, sobretudo, no sistema de transportes e comunicações na Província de São Paulo sendo, posteriormente, ocupado pela economia cafeeira mais complexa e dinâmica. Por um lado, o ciclo da cana resultou de maneira efetiva na conquista das terras e, principalmente, na derrubada da mata. Por outro, com perspectivas de atender ao mercado mundial, favoreceu o surgimento e/ou crescimento de uma rede de cidades e a formação de capitais necessários aos primeiros investimentos no plantio do café.

45 Santos-Jundiaí como um elemento chave da economia paulista e o avanço em direção às áreas externas, denominadas pelo autor de sertão ocidental.

Sobre o “complexo cafeeiro” no contexto da Província de São Paulo, salienta-se o favorável intercâmbio proporcionado com a cidade de São Paulo. Esse intercâmbio, acrescido por sua situação estratégica, permitiu ao Município de Jundiaí, desenvolver outras funções, como foi o caso da distribuição e conservação da produção de café destinada à exportação via férrea até o porto da cidade de Santos. O processo de formação da Província de São Paulo apresentou dois elementos significativos que, simultaneamente, resultaram na estruturação de uma rede de cidades mais complexa, assim como, dos eixos de transportes e comunicações, portanto, o desenvolvimento dos primeiros capitais industriais. Igualmente um outro elemento histórico vem a complementar tal complexo processo de formação territorial: a imigração estrangeira.

A imigração estrangeira na Província de São Paulo pode ser compreendida a partir da segunda metade do século XIX no âmbito das mudanças políticas, sociais e econômicas, dando destaque à Lei Eusébio de Queiroz (1850) e a abolição da escravatura (1888). O resultado foi a necessária utilização do trabalho de colonos, sobretudo de imigrantes europeus, nomeadamente, italianos, portugueses e espanhóis.

Para Tavares dos Santos (1984), o processo de introdução de imigrantes deve ser compreendido no contexto de crise do sistema escravista e em relação às pressões externas à formação de um mercado consumidor interno com base no trabalho livre. Certamente, deve-se considerar que a implantação de núcleos de colonização desenvolvia- se desde o início do século XIX com preponderante atuação da Coroa Imperial13.

Martins (1973) destaca que o processo de colonização estrangeira não apenas representou uma complexa reformulação do regime de trabalho - livre e assalariado -, mas, de forma processual, a reformulação do regime de propriedade. Isso porque, a imigração resultou na consolidação do regime de pequena propriedade, o que de fato não chegou a eliminar o latifúndio.

Tavares dos Santos (1984, p. 15), por sua vez, enfatiza que a colonização “deveria ser feita por homens livres, proprietários e brancos”, o que representava, em seu

13 Segundo os dados apresentados por Monbeig (1984), foram criados 14 núcleos de povoamento na Província de São Paulo ainda no período do Império.

46 conjunto, os princípios ideológicos difundidos pelo movimento em favor da imigração. Do mesmo modo, a imigração somente foi concretizada por meio da formação dos núcleos de colonização.

A partir das contribuições de Beiguelman (1981) sobre a crise do escravismo e o auge da imigração estrangeira, é possível destacar os distintos conflitos surgidos entre colonos e fazendeiros, assim como o interesse por parte destes pelos imigrantes, decorrente dos estímulos governamentais. Para a referida autora:

Embora, em tese se pudesse considerar vantajosa a introdução de trabalho livre em quaisquer condições, dado o alto preço do escravo, contudo só a garantia de uma relativa estabilidade, que não obrigasse a renovar continuamente essas despesas (proibindo-se, na verdade, a mobilidade do colono entre as fazendas e na direção dos núcleos urbanos), é que permitiria ao lavrador (que podia apelar para a alternativa do braço escravo) encarar o trabalho imigrante como comparativamente interessante, na competição entre ambos os tipos (BELGUELMAN, 1981, p. 33).

Para Martins (1973), os fazendeiros necessitavam de trabalhadores que atendessem às crescentes demandas por falta de mão-de-obra e que a solução foi encontrada em países europeus que apresentavam um excesso relativo de mão-de-obra rural. No caso do Município de Jundiaí, a principal corrente imigratória, em fins do século XIX, foi a de italianos.

Saquet (2003) ao descrever o processo de colonização italiana na Colônia Silveira Martins no Rio de Grande do Sul, observa q u e a emigração italiana está intimamente associada às transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas na Itália e em todo continente europeu em fins do século XIX. Para o autor, o processo de expansão das relações capitalistas de produção resultou na expropriação de agricultores e artesãos, principalmente na região do Vêneto. Nas palavras do autor,

No Vêneto, era comum as mulheres cuidarem da produção agrícola enquanto os homens migravam em busca de trabalho temporário. Muitos eram camponeses operários que vendiam esporadicamente sua força de trabalho, tanto para latifundiários como para industriais, para garantir a sobrevivência familiar. Por isso, tinham experiência e habilidades artesanais e/ou industriais. E são esses, os chamados colonos, que formam a grande massa de emigrantes italianos, mais pobres, oprimidos,

47 expropriados e sem qualificação para serem absorvidos nas indústrias da época (SAQUET, 2003, p. 59).

Essas afirmações, em seu conjunto, corroboram o fato de que tanto a imigração quanto o surgimento da pequena propriedade rural atenderam objetivos distintos na Província de São Paulo em relação ao sul do Brasil, em que a imigração subvencionada atendeu, principalmente, desígnios geopolíticos. Por um lado, a imigração surgiu como grande provedora de braços para o trabalho nas fazendas de café (MONBEIG, 1984), por outro, a pequena propriedade desenvolveu-se em complementação à grande, mormente como isca atrativa de colonos e formação de um mercado consumidor interno (PETRONE, 1985).

Para Filippini (1990), serão os núcleos de povoamento os pontos chave na consolidação da imigração na Província de São Paulo. Para esta autora, o processo de formação desses núcleos deve ser compreendido no contexto de estruturação do trabalho livre, assim como também, no desenvolvimento da cafeicultura, c onstituindo-se um capítulo da imigração, principalmente de italianos, no Brasil.

Um elemento importante em relação ao processo de formação dos núcleos de povoamento e, por sua vez, da imigração estrangeira, foi o sistema de colonato. Para Filippini (1990), o sistema de colonato favoreceu a cooperação familiar dos colonos por meio de um contrato de trabalho centrado na família, sendo entendido no contexto de formação de uma força de trabalho livre.

Em fins do século XIX, o Município de Jundiaí passou a ser um pólo atrativo de imigrantes, o que resultou na conformação dos primeiros núcleos baseados no regime de colonato, como foi o caso do Núcleo Barão de Jundiaí criado em 1887. Esse é o terceiro elemento histórico, cujo contexto político, social e econômico vivido o faz ser compreendido como um evento, pois une, simultaneamente, tempos e espaços em distintas escalas.

O imigrante, como um personagem da história paulista e brasileira, pode ser compreendido a partir de diferentes perspectivas. Seus desdobramentos denotam a complexidade desse fenômeno, seja no campo, com a introdução do regime de colonato e conseqüentes modificações da estrutura fundiária, seja na cidade, com o desenvolvimento do comércio e a consolidação das classes sociais urbanas.

48 A importância dos imigrantes na formação econômica e social do Município de Jundiaí, nomeadamente de italianos, é pertinente na medida em que estes introduziram outras lavouras, com realce à produção de frutas. Do mesmo modo, outra característica herdada do processo de ocupação foi, s e m dúvida, a estrutura fundiária, caracterizada pela presença de pequenas propriedades rurais, em que a força de trabalho é centrada na família (JUNDIAÍ, 2003).

Assim, de forma paralela ao crescimento do núcleo urbano, em virtude do prematuro ciclo industrial – impulsionado pelo complexo cafeeiro –, a agricultura desenvolveu-se a partir de pequenos núcleos rurais, originando os primeiros bairros rurais do município: os bairros rurais do Traviú; do Caxambú e da Colônia14. Segundo Mattos (1951), a formação desses bairros, como foi o caso do Traviú, seguiu uma mesma lógica, ou seja, o fracionamento das grandes propriedades rurais produtoras de café.

Em fins do século XIX, seguindo essa mesma lógica, ou seja, a partir do fracionamento constante das fazendas situadas nos bairros rurais da Colônia e do Caxambu, originaram-se outros bairros rurais, como é o caso da Roseira, da Toca, do Ivoturucaia. Pode-se dizer, portanto, que a formação desses últimos caracteriza uma segunda etapa de ocupação das áreas rurais no Município de Jundiaí, mormente com os colonos-imigrantes e suas respectivas famílias.

Dessa maneira, é intima a relação entre o trabalho do colono-imigrante e a formação dos principais núcleos de povoamento no processo de formação social das áreas rurais do referido município. Com efeito, a constituição desses bairros possui diferenças, seja pelo número de famílias instaladas, seja em decorrência da origem das mesmas.

No caso específico dos imigrantes que se estabeleceram no Município de Jundiaí, destacam-se como províncias de origem: Trento, Treviso, Rovigo e Mántua. Todas as províncias citadas situam-se no norte da Itália, região em que as transformações sociais e econômicas em fins do século XIX resultaram na expropriação e emigração de agricultores e artesãos, como bem lembra Saquet (2003).

Os bairros rurais surgiram da combinação entre diferentes aspectos e ordens: social, econômica e política. Logicamente tal processo não se desenvolveu de

49 maneira harmoniosa, coexistindo conflitos no processo de compra da terra e estabelecimento dos limites fundiários das propriedades rurais. Portanto, a formação dos territórios rurais no Município de Jundiaí teve origem a partir de um correlato campo de forças, diretamente associado a um conjunto de processos que se complementam.

Em relação aos Bairros Rurais da Roseira e da Toca destacam-se o estabelecimento das seguintes famílias: Leonardi; Spiandorrelo; Guilhen; Mingoti; Fontebasso; Fonte Basso; Fumachi; Mingoti; Marquesin; Bernardi; Galvão; e, Donati. Com exceção da família Guilhen, cuja origem é espanhola, todas as demais famílias são de origem italiana e estabeleceram-se na passagem dos séculos XIX e XX por meio da compra de pequenas parcelas de terra na porção norte do município.

É importante observar que o estabelecimento dos colonos-imigrantes em terras do Município de Jundiaí representa um segundo momento na vida dessas famílias, uma vez que a primeira etapa foi realizada junto às fazendas de café situadas em distintas localidades no Estado de São Paulo. A título de exemplo, destacam-se as famílias Marquesin e Donati que inicialmente foram estabelecidas na Fazenda Nossa Senhora da Conceição e em fazendas pelo interior de São Paulo, respectivamente e, posteriormente compraram terras nas áreas rurais do Bairro da Toca.

No processo de compra da terra, o interesse dos fazendeiros atendia aos do colono-imigrante que, em finais do século XIX e início do século XX, passou a comprar pequenas glebas terras nessas áreas rurais. Como afirma Antonio Mingotti15 (2007), as

famílias, a princípio, realizavam de maneira conjunta a derrubada d a mata e, logo, construíam suas casas que, em algumas propriedades rurais, seguem sendo a residência das famílias herdeiras (Foto 02).

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Foto 02:

Casa da Família Fontebasso, anos 1920

A construção das casas era f e i t a nas proximidades dos cursos d’água e contava com a ajuda do grupo de famílias ali estabelecidas. O grau de declividade do relevo complicava a derrubada total da mata, o que explica a presença de matas nas galerias e encostas, cujos declives não permitiram o desenvolvimento da agricultura.

Foto: autor desconhecido; Fonte: Ivanir Fontebasso (2007).

Ao correlacionar o desenvolvimento da agricultura com o período da colonização estrangeira, que originou os primeiros territórios rurais no Município de Jundiaí, é destacável o papel da uva. Vale dizer que antes mesmo da chegada dos primeiros imigrantes, a cultura da uva já era cultivada - variedade Izabel -. Entretanto, é evidente a associação entre o crescimento das áreas plantadas em pequenas propriedades com o trabalho da família dos colonos (Foto 03).

Para Souza (1956, p. 25):

Tais núcleos inicialmente se dedicaram à cultura do café. Pouco a pouco, porém, a colonada italiana entrou a cultivar a Isabel, a princípio com meras intenções domésticas, nas horas de folga da lavoura cafeeira, e logo se tornando a viticultura uma das riquezas do Núcleo Barão de Jundiaí, nascendo dele o primeiro bairro vitivinícola jundiaiênse.

A principal referência sobre o desenvolvimento da viticultura no Município de Jundiaí é o trabalho de Mattos (1951), em que foi descrito, do ponto de vista histórico-geográfico, o processo de formação dos primeiros vinhedos16, assim como

também, o consórcio entre o colono-imigrante, a uva e o café. Esse trabalho merece uma atenção especial em decorrência dos aspectos analisados.

16 Mattos (1951) observa que, apesar de o desenvolvimento da viticultura em bases econômicas no Estado de São Paulo datar dos anos 1930, a introdução das primeiras vinhas remonta aos primeiros tempos da colonização e ocupação da região.

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Foto 03:

A relação da vinha com o grupo familiar, anos 1940

O crescimento das áreas com a vinha deu-se de maneira paulatina e logo, já nos anos 1940, era considerada a principal cultura agrícola no Bairro Rural da Toca. A produção da uva envolvia todos os membros da família. Foto: autor desconhecido;

Fonte: Antonio Mingotti (2007).

Para Mattos (1951), d o i s foram os fatos que colaboraram, simultaneamente, para o desenvolvimento da viticultura no Estado de São Paulo: a) a introdução de outras variedades de uvas – principalmente norte-americanas –; e b) a colonização estrangeira, notadamente de italianos. Isso não foi diferente no Município de Jundiaí. Igualmente, a história não se desenvolveu de forma linear, sendo possível encontrar algumas particularidades.

De acordo com Mattos (1951), tanto a uva quanto o colono imigrante percorreram caminhos distintos, encontrando-se em terras da região em fins do século XIX. O referido autor denomina esse encontro de ‘consórcio’, não ocorrendo de forma imediata:

O imigrante peninsular veio ao Brasil não para cultivar o seu pedaço de terra, mas para trabalhar como colono nas prósperas fazendas de café de então. Saindo de sua terra natal na direção das fazendas paulistas, com encargos e obrigações já definidas, êle não trouxe consigo nem a vinha nem o pensamento de cultivá-la.

Mattos (1951) afirma que o crescente desenvolvimento da cidade de São Paulo também pode ser considerado um fenômeno desencadeante do processo de formação

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