• Nenhum resultado encontrado

PRIMEIRAS PALAVRAS

CAPÍTULO 2 – NA CONCRETUDE DA VIAGEM O PERCURSO

2.3 Na escola o diálogo com as diferentes vozes Um sonho audaz?

Os coautores interlocutores desta pesquisa são docentes da Educação de Jovens e Adultos de duas escolas públicas estaduais da cidade de Santa Maria. Para a seleção desses sujeitos, elencamos como critério: ser educador tanto do Ensino Médio regular quanto da EJA, visando considerar os objetivos do estudo; e

ter disponibilidade e interesse em participar dos encontros e dialogar conosco nos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos. Ressaltamos aqui que estes espaços de diálogo foram para nós momentos ricos de aprendizagem e de formação.

Normalmente os estudos que envolvem as escolas, e mais especificamente os educadores e sua formação, preocupam-se apenas em ouvir esses profissionais. Por ser esta uma pesquisa de caráter dialógico, dentro da concepção freireana de educação, pensamos ser coerente escutar primeiro os estudantes das escolas públicas participantes, para, depois, dialogar com os seus educadores sobre a problemática do estudo. Salientamos, no entanto, que as falas desses educandos, jovens e adultos da EJA, embora não menos importantes, foram utilizadas apenas como temáticas geradoras para os diálogos com os docentes, e aparecem em alguns momentos no texto para facilitar a compreensão das discussões.

Acreditamos que “[...] o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro” (FREIRE, 2011b, p. 109), nem se transformar em uma mera troca de opiniões a serem consumidas pelos pesquisadores. Mas sim, deve ser um momento de reflexão sobre as próprias situações-limite enfrentadas por aquele grupo, para que todos os envolvidos no processo busquem ser mais.

Partindo dessa premissa, fomos até as escolas para fazer os agendamentos. Contudo, conseguimos programar para o 2º semestre de 2014 apenas os encontros com os estudantes e educadores da Escola do Bairro, visto que a primeira turma de EJA na Escola do Centro da cidade estava começando a funcionar e os educadores precisavam de um tempo de integração com os estudantes. Desse modo, com esta referida escola, realizamos a pesquisa apenas no início deste ano letivo de 2015. Assim que combinamos as datas com as coordenações, explicamos como seria a dinâmica e já conversamos com os educandos. Os encontros foram organizados por totalidade. Primeiramente nos reunimos com os jovens da totalidade 7 (sete) e dialogamos com eles. Logo em seguida, conversamos com os da totalidade 8 (oito). E, por último, somente na Escola do Bairro com os da totalidade 9 (nove), já que na outra instituição não existe ainda essa turma.

Iniciamos o encontro propondo que todos se apresentassem escrevendo em um papel aquilo que gostariam de dizer sobre eles mesmos, sem identificar o nome. Após escreverem, pedimos que colocassem os papeizinhos dentro de um balão,

enchendo-o e colando-o no painel de apresentações. O passo seguinte foi solicitar que cada um dos jovens e adultos ali presentes pegasse um balão, que não o seu, e o estourasse, retirando o papel com as informações dadas pelo colega. A partir do que estava escrito, eles tinham que tentar adivinhar quem era aquela pessoa que se apresentava. Pensamos nessa dinâmica, pois era a primeira vez que iríamos nos encontrar com os estudantes e isso poderia deixá-los inibidos.

O resultado foi um momento de descontração muito significativo. Todos demonstraram ter gostado da brincadeira proposta e até os mais tímidos foram se sentido à vontade para dizer a sua palavra. Assim que eles iam descobrindo quem era a pessoa, esta falava a sua idade, se trabalha ou não e se tem filhos. Dessa maneira fomos construindo o perfil dos grupos. Os estudantes expuseram também as(os) razões/motivos que os fizeram procurar a EJA, a fim de concluírem seus estudos, justificando a sua resposta. Destacamos que tanto o perfil traçado quanto as informações foram sendo apresentadas no decorrer do texto, costuradas com as falas dos educadores.

Assim que concretizamos a experiência maravilhosa de dialogar com os estudantes, a qual nos proporcionou grandes aprendizados, sentamos com as equipes diretivas das escolas para montar o cronograma dos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos com os docentes. Combinamos que faríamos, no mínimo, 05 (cinco) encontros e que estes aconteceriam uma vez por mês, nas quartas-feiras, no horário das reuniões de estudo e planejamento da Educação de Jovens e Adultos. Entretanto, a realização de todos os encontros planejados aconteceu apenas na Escola do Bairro. Na Escola do Centro, foram concretizados somente dois, pois, ao longo do tempo, a escola precisou desmarcar três deles, devido a alguns imprevistos. Importa informarmos, contudo, que, mesmo com apenas dois momentos de diálogo, os encontros foram extremamente reflexivos e intensos.

No primeiro encontro, apresentamos a proposta da pesquisa aos educadores e salientamos que esta poderia ser, de certo modo, repensada a partir de sugestões dadas por eles. Além disso, explicamos que aqueles interessados precisariam atender aos critérios elencados para participação no estudo, quando fomos informados de que todos os docentes poderiam participar, visto que trabalhavam/trabalham no Ensino Médio regular e na EJA e tinham o interesse.

Tão logo esclarecemos cada movimento do estudo e as dúvidas que foram surgindo, explicamos a metodologia dos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos,

bem como entregamos o Convite e o Termo de Confiabilidade, e recolhemos os Termos de Consentimento dos participantes pesquisadores interlocutores. Nessa oportunidade, em meio a apresentações, falamos um pouquinho sobre nossa caminhada pessoal e profissional para cada grupo, bem como conhecemos um pouquinho sobre cada um dos docentes. Dessa forma, os 21 (vinte) educadores participantes/coautores, 09 (nove) da Escola do Bairro e 11 (onze) da Escola do Centro, apresentaram-se e se mostraram dispostos a contribuir com o estudo, compartilhando e (re)construindo cooperativamente conhecimentos, bem como dividindo incertezas.

Assim, nos quadros a seguir, apresentamos cada um deles com as suas respectivas formações, tempo de atuação docente e tempo de atuação específica na EJA. Iniciamos com o perfil dos educadores da Escola do Bairro.

Quadro 01 – Perfil dos educadores da Escola do Bairro

IDENTIFICAÇÃO