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CAPÍTULO 2 – Espaços de fluxos e as redes de nanotecnologia

3.2 Nanotecnologia do Avesso – uma experiência de divulgação científica na inter-

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www.alltv.com.br 84

Canal Nano Web Tv. Disponível em:

https://www.youtube.com/channel/UC7EqH71Q3e8mgOTIKeOExbw. Acesso em: 08/03/2017 85

143 O programa de WebTV Nanotecnologia do Avesso é fruto de uma das experiên- cias feitas pelo Projeto de Engajamento Público em Nanotecnologia, que foi aprovado pelo edital do CNPQ 12/2006. O programa completa dez anos em 2019 e, até o final de janeiro de 2019, contava com 480 programas86. Como dito acima, os programas inici- almente foram transmitidos pela WebTV All TV e, depois transferido para a plataforma de mídia social Youtube. No canal intitulado Nano Web TV, os programas são exibidos e, logo depois já estão disponíveis na página inicial do site da Renanosoma. Os progra- mas são, geralmente, transmitidos ao vivo (só são gravados quando há um problema na transmissão) e tem a média de cinquenta minutos de duração.

Inicialmente, o projeto Engajamento Público realizou chats: houve 164 desses bate-papos virtuais entre abril de 2007 e novembro de 2008. Em cada chat, um entrevistado – pesquisador ou outra pessoa cujo trabalho estivesse relacionado à nanotecnologia – conversava com os internautas sobre a nano de modo geral ou sobre um aspecto específico referente ao tema, como nanotecnologia e alimentos, nano- tecnologia e trabalhadores, nanotecnologia e ciências humanas, nano- tecnologia e cosméticos, nanotecnologia e tuberculose, nanotecnologia na mídia etc. O dia, o horário, o perfil do entrevistado e as instruções para acessar o chat eram divulgados por meio de boca-a-boca, envio de e-mails ou publicação de notícias. A média de participantes nos ba- te-papos ao longo do período foi de 8,3 (embora houvesse frequenta- dores mais assíduos, os participantes dos chats nem eram sempre os mesmos internautas; eles variavam) (MARTINS; FERNANDES 2011a, p. 113).

Esses chats acabavam restringindo de certa forma o acesso de mais internautas pela falta de divulgação em uma plataforma de maior visibilidade, foi então que se op- tou em fazer as entrevistas através de plataformas digitais multimídias, como a WebTV. Esse conceito de comunicação digital está baseado nos pilares da convergência, fluxos informacionais e construções colaborativas que promovem, de acordo com Körbes (2013), “uma conversão de conteúdos televisivos para a internet, a construção social de informação com a participação do usuário como produtor de conteúdo e não mais como mero receptor de mensagens” (KÖRBES, 2013, p. 195).

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144 Outra característica que é bem evidente nos programas audiovisuais para a inter- net, é a possibilidade de programação segmentada em função de audiências com interes- ses específicos. Assim, a WebTV oferece ao usuário programas em formatos televisi- vos para serem assistidos no computador ou dispositivos móveis, com mais canais de interatividade.

A WebTV e os novos meios de comunicação surgidos a partir do de- senvolvimento de tecnologia internet, alteram as estruturas vigentes por quase um século e transformam o tradicional receptor em poten- cial produtor e emissor de informações. (RIBEIRO, 2009, p. 8)

Com os recursos disponibilizados pelo CNPQ ao Projeto de Engajamento Públi- co foram pagos os programas transmitidos na All TV até 2011, mesmo quando os recur- sos públicos já tinham acabado. Em janeiro de 2012 o programa passou a ser transmit i- do pela IPTV87 da Universidade de São Paulo. Nesse período os programas foram gra- vados semanalmente, por razões técnicas, e passaram a constituir um banco de dados sobre nanotecnologia do projeto de pesquisa do professor do Departamento de Sociolo- gia da Universidade de São Paulo e membro da Renanosoma, Dr. Ruy Braga.

Um primeiro estudo sobre o programa foi realizado por Martins; Fernandes (2011a) que analisaram a audiência e os perfis dos entrevistados nas primeiras cem edi- ções: de 12 de janeiro de 2009 a 01 de fevereiro de 2011. Os registros de audiência fo- ram feitos a partir dos dados de acesso do servidor da All TV e, por problemas técnicos, só foi possível analisar 94 programas.

Em média, cada edição foi acompanhada por 1.089 internautas. Con- siderando-se apenas os programas de 2009, essa média foi 1.240 e caiu para 922, ao longo do ano de 2010. [...] De forma resumida, ob- serva-se que a audiência começa elevada, sofre uma queda e, depois, volta a crescer (MARTINS; FERNANDES, 2011a, p. 114).

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145 O uso da WebTV possibilitou um aumento significativo no número de pessoas interessadas em nanotectologia. Lembrando que os chat’s feitos, inicialmente, davam uma audiência bem menor.

Figura 35: Audiência dos 100 primeiros programas Nanotecnologia do Avesso

Fonte: Martins; Fernandes (2011a)

A figura acima mostra a oscilação da audiência em dois anos de análise. Segun- do Martins; Fernandes (2011a), a descontinuidade da linha se refere a março de 2010, quando houve mudanças no servidor da All TV e não houve registro do número de inter- nautas.

Quanto aos perfis dos entrevistados, esse estudo inicial estabeleceu dez categori- as: pesquisador da área de humanas; pesquisador da área de exatas; pesquisador da área da saúde; representante dos trabalhadores; ONG’s; gestor; empresa; assessoria sindical; dois ou mais (pesquisadores de diferentes áreas no mesmo programa); outros (Ex: pro- fessor do ensino médio).

146 Figura 36: Distribuição dos 100 primeiros programas Nanotecnologia do Avesso

Fonte: Martins; Fernandes (2011a)

A figura acima mostra uma predominância dos pesquisadores da área de huma- nas (38,3%), seguido por pesquisadores da área de exatas (18,1%). Martins; Fernandes (2011a) cruzaram os dados de audiência e o perfil dos entrevistados e calcularam a au- diência média por categoria dos programas. A audiência ficou na faixa entre 1000 e 1200 internautas.

Figura 37: Audiência média por categoria de programa dos 100 primeiros programas Nanotecno- logia do Avesso.

147 Percebe-se a categoria assessoria de movimento sindical com uma audiência muito significativa. Os autores justificam esse fenômeno:

Em relação à maior audiência dos programas com representantes de “assessorias ao movimento sindical”, a perspectiva é que, por meio dessas assessorias, os sindicatos, as centrais sindicais e os próprios trabalhadores tornem-se cada vez mais engajados nos debates sobre nanotecnologia - algo essencial, na medida em que, se um nanocom- pósito for tóxico à saúde, os principais atingidos pelo problema serão aqueles expostos às maiores concentrações do produto por tempo mais prolongado, isto é, os trabalhadores. (MARTINS; FERNANDES, 2011b, p. 6)

Nesse primeiro estudo sobre o programa de WebTV Nanotecnologia do Avesso, as autores destacaram a necessidade de diversificar ainda mais as vozes dentro da nano- tecnologia, aumentar o acesso à interatividade do programa a partir de canais de partici- pação do internauta.

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