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4 ANÁLISE DOS DADOS

4.4 NARRATIVAS DO PROFESSOR A VS ANÁLISE DOS SEUS PLANOS DE AULA

Foi pedido ao professor A que escrevesse duas narrativas sobre o seu processo de formação dentro do PROFICI. Na primeira narrativa, o professor deveria responder à seguinte pergunta:

Gostaria que você narrasse como foi, e está sendo, seu processo de formação como professor dentro do PROFICI. Como foi o começo? Como ele tem evoluído? Quais são os principais aprendizados? (ANEXO C)

Nesse primeiro relato, o professor A fala da sua insegurança quando ele começou a ensinar. Ele afirma que tinha medo de que fizesse algo errado durante suas aulas, mas que a sessões de formação o ajudaram bastante a lidar com o ensino de inglês. Ele também ressalta que as sessões de formação o ajudaram a melhorar o seu desempenho dentro do seu curso de graduação. Além disso, ele afirma que está satisfeito com o caminho percorrido, mas não faz nenhuma menção a questões críticas ligadas à sua formação na primeira narrativa.

A análise dessa primeira narrativa mostra que ela se encontra de acordo com o que foi observado nos planos de aula desse professor. A maior preocupação do professor A está relacionada com o seu desempenho técnico em sala de aula. Talvez pela pouca experiência, ele se preocupa principalmente em como conduzir as atividades necessárias para que seus alunos atinjam os objetivos traçados no planejamento das suas aulas e baseia os objetivos dessas aulas nas atividades encontradas no material didático.

Nas primeiras aulas eu me sentia muito inseguro e tinha muito medo de ensinar algo errado ou que eu não fosse capaz de ensinar o que era necessário, mas com as sessões de treinamentos e com o curso de treinamento de professores ministrado por coordenador X, eu sinto que passei a lidar melhor com o ensino de inglês. Sinto a grande importância dos treinamentos. (ANEXO C)

Na primeira narrativa, o pesquisador não quis direcionar o professor a relatar nada específico sobre sua formação crítica, mas prevendo que esse professor não se referisse a esse tipo de formação, o pesquisador pediu uma segunda narrativa, mais específica, focada justamente na perspectiva do professor sobre a formação crítica a que ele é exposto. Com essa segunda narrativa, o pesquisador pretendia dar outra oportunidade ao professor de se posicionar sobre aspectos críticos da sua formação. Na segunda narrativa o pesquisador perguntou:

Gostaria que você comentasse como as sessões de treinamento do PROFICI contribuem para sua formação crítica como professor? (ANEXO D)

O professor A respondeu à pergunta em um único parágrafo, narrando que: As sessões de treinamento do PROFICI me dão base para ensinar. Através das sessões eu consigo analisar o que faço em sala de aula, como posso melhorar, o que preciso mudar. Toda sessão eu aprendo algo novo e desde a minha primeira aula até o momento, sinto que minha capacidade de ensinar melhorou muito graças às sessões de treinamento. Ainda não tive matérias como didática, na graduação, mas sinto que já aprendi bastante com as sessões de treinamento do PROFICI. Além das sessões de treinamento, o treinamento de professores oferecido no meio do ano também me ajudou muito. (ANEXO D)

Aparentemente, a resposta do professor A denota que ele entendeu ‘criticidade’ como análise e reflexão sobre a sua própria prática. Apesar de perceber a importância de ser crítico em relação à própria prática, ele demonstra desconhecer outros aspectos relacionados com formação e educação crítica, se mostrando alheio aos outros aspectos da educação crítica abordados durante as sessões de formação.

O nome do coordenador foi omitido do texto original escrito pelo professor A por uma questão ética (grifo do pesquisador)

Fica evidente que o professor A não percebe claramente os aspectos de educação crítica presentes na sua formação dentro do PROFICI e, assim, não aplica muitos desses princípios na sua prática de planejamento de aulas. Apesar desse professor se beneficiar da formação oferecida no PROFICI para reflexão sobre sua prática e crescimento profissional e pessoal, o aspecto técnico desta formação é o mais observado por ele. Tudo leva a crer que esse professor, talvez por conta da pouca experiência, tem como preocupação principal dominar um método ou uma abordagem que lhe permita conduzir suas aulas de forma confortável. Pelo que já foi descrito anteriormente sobre as sessões de formação, observei que elas também proporcionam o aprimoramento de técnicas e abordagens usadas para o ensino de línguas estrangeiras, como, por exemplo, a abordagem comunicativa. Como já foi descrito, em alguns momentos das sessões de formação, os professores do PROFICI se mostraram interessados em técnicas e atividades prontas, mas o interesse não era o mesmo quando eram abordados aspectos críticos relacionados ao ensino de língua inglesa.

O que foi observado nas narrativas do professor A está de acordo com seus planos de aula e com as sessões de formação em relação aos professores do PROFICI como um todo. Os três instrumentos de geração de dados apontam na mesma direção. Embora as sessões de formação ofereçam grandes oportunidades para a formação crítica e desenvolvimento de uma prática pautada nos princípios da educação crítica, o que é mais aproveitado e observado pelo professor A e pelos professores em geral é a questão técnica também contemplada nessas sessões de formação.

Passarei, a seguir, à análise dos planos de aula do professor B para verificar se eles contemplam os traços de criticidade observados nas sessões de formação, destacados nesta pesquisa.