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CAPÍTULO II: METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 Natureza da pesquisa

Uma vez que o objetivo da investigação proposta é caracterizar a motivação de aprendizes de sétima série do ensino fundamental de uma escola pública para aprender inglês em sala de aula convencional e no laboratório de informática, mediante a utilização da internet, em “chat’’ com falantes da Língua Inglesa (LI), considero a pesquisa qualitativa de natureza etnográfica a mais adequada, pois esse tipo de pesquisa visa fornecer1 “ uma descrição e um relato interpretativo-explicativo do que as pessoas fazem

em um contexto (como a sala de aula, vizinhança ou comunidade), o resultado de suas interações e a maneira como entendem o que estão fazendo (o significado que as interações têm para elas)’’ 6(Watson-Gegeo, 1988, p.38).

Para André (2000), Watson-Gegeo (op.cit) e Bogdan & Biklen (1998), a pesquisa qualitativa é um termo mais geral que abrange várias abordagens de pesquisa que compartilham determinadas características. Incluem-se nesse paradigma, por exemplo, a

6 The etnographer´s goal is to provide a description and an interpretative-explanatory account of what people do in a setting (such as a classroom, neighborhood or community) the outcome of their interactions, and the way they understand what they are doing (the meaning interactions have for them).

últimos utilizados nesta investigação. Segundo André (op.cit) e Burns (1999) podemos caracterizar a pesquisa qualitativa como sendo uma pesquisa que: a) interpreta o comportamento humano da perspectiva dos participantes (professor, alunos e pesquisador); b) explora o ambiente naturalístico ou natural sem controlar variáveis; c) garante validade através de fontes de informação múltiplas (diários da pesquisadora, notas de campo, gravações em áudio e vídeo, questionários e entrevistas); d) não procura generalizações além do contexto da pesquisa; e) tem o foco no processo e tem flexibilidade, ou seja, não apresenta ciclos lineares, mas fases flexíveis.

Esta pesquisa é de natureza etnográfica porque faz uso de técnicas que tradicionalmente são associadas à etnografia, ou seja, a observação participante, a entrevista intensiva e a análise dos documentos. A observação é chamada participante porque parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetado. As entrevistas têm a finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados. Os documentos são usados no sentido de contextualizar o fenômeno, explicitar suas vinculações mais profundas e completar as informações coletadas através de outras fontes.

Existe uma interação constante entre o pesquisador e o objeto pesquisado, ou seja, o pesquisador é o instrumento principal na coleta e na análise dos dados. Sendo assim, o fato de ser uma pessoa o põe numa posição bem diferente de outros tipos de instrumentos, porque permite que ele responda ativamente às circunstâncias que o cercam, modificando técnicas de coleta, se necessário, revendo as questões que orientam a pesquisa, localizando novos sujeitos e revendo toda a metodologia ainda e durante o desenrolar do trabalho.

que está ocorrendo e não no produto ou nos resultados finais; existe a preocupação com o significado, com a maneira própria com que as pessoas vêem a si mesmas, as suas experiências e o mundo que as cerca. O pesquisador deve tentar apreender e retratar essa visão pessoal dos participantes.

A pesquisa qualitativa envolve também um trabalho de campo, pois o pesquisador aproxima-se de pessoas, situações, locais, eventos, mantendo com eles um contato direto e prolongado, e são observados em sua manifestação natural, o que faz com que tal pesquisa seja também conhecida como naturalística ou naturalista.

Segundo Gillham (2000), há duas características fundamentais deste tipo de pesquisa. A primeira é o uso de fontes múltiplas de evidência, ou seja, o pesquisador olha para tipos diferentes de evidência, referindo-se ao que as pessoas dizem, o que o pesquisador as vêem fazendo, o que elas realmente fazem ou produzem e o que mostram documentos e gravações. A segunda característica deste tipo de pesquisa é que o pesquisador não precisa possuir noções teóricas, porque até ele entrar no contexto, coletar as informações e entendê-lo, ele não saberá que teorias ou explicações farão mais sentido. “A pesquisa de estudo de caso é particularmente apropriada a um fenômeno de estudo humano, e que significa o ser humano dentro do mundo real e como isto acontece’’ (p.02).

Não se pode deixar de mencionar a descrição e a indução como características importantes na pesquisa qualitativa de natureza etnográfica. O pesquisador faz uso de uma grande quantidade de dados descritivos: situações, pessoas, ambientes, depoimentos, diálogos, que são por ele reconstruídos em forma de palavras ou transcrições literais.

abstrações, teorias e não sua testagem. André (op.cit) ressalta que, para isso, faz uso de um plano de trabalho aberto e flexível, em que os focos de investigação vão sendo constantemente revistos, as técnicas de coleta, reavaliadas, os instrumentos, reformulados e os fundamentos teóricos, repensados. O que esse tipo de pesquisa objetiva é a descoberta de novos conceitos, novas relações, novas formas de entendimento da realidade.

Moita Lopes (1996), caracteriza a pesquisa de base etnográfica pela preocupação com o todo do contexto social da sala de aula, enfatizando a visão que os participantes desse contexto têm sobre o que está ocorrendo. Portanto, para realizar este tipo de pesquisa foi necessário que a pesquisadora participasse na sala de aula e no laboratório de informática, escrevendo diários, entrevistando alunos e a professora para que tentasse descobrir o que estava acontecendo naqueles contextos, como os acontecimentos estavam organizados, o que significavam para alunos e professora envolvidos e como aquelas organizações se comparavam com organizações em outros contextos de aprendizagem.

Esta observação foi guiada pelos próprios dados que se apresentaram à pesquisadora, que levaram, à construção através de instrumentos de pesquisa específicos (diários, gravações em áudio) que são os dados primários, e os dados secundários (entrevistas, questionários e conversas informais), sua interpretação sobre eventos vivenciados na sala de aula e no laboratório de informática, levando em consideração a intersubjetividade de dados provenientes de subjetividades diferentes (isto é, professores e alunos). Isto se tornou possível, portanto, através da triangulação de dados primários e secundários obtidos por instrumentos diferentes.

utilizada também neste trabalho que é o estudo de caso. André distingue os dois tipos de pesquisa, a seguir.

A abordagem do estudo de caso vem sendo usada há anos em diferentes áreas do conhecimento humano, como medicina, psicologia, serviço social, em que se faz o estudo exaustivo de um caso, geralmente um indivíduo bastante problemático, para fins de diagnose, tratamento ou acompanhamento. Já na área da administração, o estudo de caso tem servido para estudar o funcionamento de uma instituição e determinar focos de intervenção. E em direito, destinando-se à ilustração dos procedimentos legais utilizados na resolução de um problema jurídico.

Para este autor, o estudo de caso aparece há anos nos livros de metodologia da pesquisa educacional, mas dentro de uma concepção bastante estrita, ou seja, o estudo descritivo de uma unidade, uma escola, um professor ou um aluno.

Já o estudo de caso etnográfico só vai surgir recentemente na literatura educacional numa acepção bem clara que é a aplicação da abordagem etnográfica ao estudo de um caso. Segundo André (op.cit), pode-se deduzir que nem todos os tipos de estudo de caso incluem-se dentro da perspectiva etnográfica de pesquisa, como também nem todo estudo do tipo etnográfico será um estudo de caso.

Para que seja reconhecido como um estudo de caso etnográfico é preciso que preencha os requisitos da etnografia e que seja um sistema bem delimitado, isto é, uma unidade com limites bem definidos, tal como uma pessoa, um programa ou um grupo social. O caso pode ser escolhido porque é uma instância de classe ou porque é por si mesmo interessante. O estudo de caso enfatiza o conhecimento do particular. Mas, isso

todo orgânico, e à sua dinâmica como um processo.

Considerando a descrição de André, caracterizo o estudo de caso desenvolvido nesta pesquisa como de natureza etnográfica.

Logo a seguir apresento uma descrição detalhada da instituição na qual a pesquisa foi realizada, e dos participantes envolvidos.

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