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Planejamento Estratégico

QUADRO 03: RELAÇÃO DE OBJETOS DE TRABALHO DO DESIGN Impressos

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Natureza e Caracterização da Pesquisa:

Esta proposta busca, nas diretrizes da pesquisa qualitativa, seu eixo metodológico central, visto que envolve o estudo do caso de um grupo de profissionais de uma organização, suas percepções e experiências no contexto da função que exercem. Sendo assim, a abordagem se faz pelos acontecimentos do cotidiano subjetivo e coletivo, em uma perspectiva sincrônica, isto é, referindo-se aos fatos do momento, sem levar em conta sua evolução no tempo.

Segundo Trivinos (1995), o estudo de caso é um dos tipos de pesquisa qualitativa mais característico e relevante, já que se contrapõe ao tipo clássico de pesquisa do modelo positivista, que privilegia a quantificação das informações. Goldenberg (1997, p. 49) acrescenta: "nas abordagens que privilegiam a compreensão do significado dos fatos sociais, a questão da representatividade dos dados é vista de forma diferente do positivismo", pois os dados da pesquisa qualitativa buscam compreender os fenômenos

"apoiados no pressuposto da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social".

A presente investigação possui caráter exploratório e descritivo, visando familiarizar o pesquisador com o que existe, descrevendo a realidade com consistência, coerência e objetivação, de modo a esclarecer conceitos e formular idéias mais condizentes com o estudo. Igualmente, possui caráter avaliativo, presente na análise das informações obtidas, valendo-se do potencial reflexivo e da criatividade subjetiva do pesquisador, em função das proposições que busca estabelecer, tendo em vista a problemática em questão.

Contudo, a análise de dados qualitativos requer capacidade interpretativa e habilidade em selecionar os pontos de maior interesse para o estudo. A competência do pesquisador é fundamental nesta etapa, pois, como referem Martins e Bicudo (1989) o procedimento interpretativo requer a seleção de dados a cada etapa do processo. Já que o estudo de caso enfatiza a implicação do sujeito no processo e nos resultados do estudo, Trivinõs (1995, p. 134) diz que ele requer "severidade maior na objetivação, originalidade, coerência e consistência das idéias". Com relação à medida dos dados, o estudo de caso faz uso de uma estatística simples e elementar, no dizer do autor.

Geralmente, é possível agrupar o conteúdo, através de um sistema próprio, criado pelo pesquisador, estabelecendo assim, uma análise categorial das respostas. Outra possibilidade é a interpretação dos dados a partir do mundo-vida do entrevistado por um procedimento exegético, descobrindo e articulando os significados, pois, segundo Martins e Bicudo (1989, p. 57), "a

interpretação é feita através de meios rigorosamente específicos de engajar as descrições ingênuas e de descobrir os seus significados psicológicos".

Por outro lado, como lembra Bruyne et al. (1977), por sua natureza, o estudo de caso possui caráter particularizador, com poder de generalização limitado, na medida em que a validade de suas conclusões permanece contingente, não gerando, portanto, conclusões válidas em outros casos, mesmo que semelhantes.

Para Goldenberg (1997, p. 50),

"a representatividade dos dados na pesquisa qualitativa em ciências sociais está relacionada a sua capacidade de possibilitar a compreensão dos significados e a 'descrição densa' dos fenômenos estudados em seus contextos, e não à sua expressividade numérica". Essencialmente, a pesquisa qualitativa constrói e elabora seus conceitos pela observação e reflexão a partir de conteúdos cotidianos encontrados nas práticas e costumes sociais. Os eventos ou fenômenos são considerados tendo como corolário os significados dos sujeitos, participantes do estudo. O pesquisador, em sua abordagem da realidade, vê com o seu próprio olhar os eventos, mas pela objetivação, tenta ser o mais isento possível, buscando apreender um pouco da complexidade humana. Neste momento, mais anota e refere do que julga, mensurando os dados com base em pressupostos de pesquisa, de acordo com sua visão de mundo e opção metodológica.

Os métodos qualitativos levam a descobrir não verdades incontestáveis, mas percepções, visões verdadeiras, concepções e valores de um sujeito (pesquisador) em relação a um objeto determinado (o estudo). A ênfase é no

processo, e não no produto. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo e há a preocupação com o enfoque cuidadoso das opiniões, significados e pontos de vista dos participantes, já que abarca o mundo dos motivos, valores, aspirações, atitudes, crenças, expressos pela linguagem comum, na vida cotidiana. É uma abordagem que se afirma nos campos da subjetividade e do simbolismo, com a definição do nível simbólico, dos significados e da intencionalidade, dados na observação da uniformidade e da regularidade previsível em qualquer fenômeno humano-cultural.

Teoria e método se interpenetram nesse processo, e a criatividade pessoal e a performance perceptiva são determinantes de maior ou menor êxito e profundidade nos resultados da pesquisa.

De acordo com Minayo et al. (1993), a diferença entre qualitativo e quantitativo é de natureza, ficando ao quantitativo a região visível, morfológica, concreta, e ao qualitativo o lado não perceptível, não captável em equações e estatísticas, expresso em crenças, valores, atitudes, significados, entre outros.

Por outro lado, a autora acrescenta que os dados quantitativos e qualitativos se complementam, pois a realidade que abrangem interage dinamicamente. Da mesma forma, Trivinos (1995) afirma que toda pesquisa pode ser, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa, sendo que a falsa dicotomia existente não tem razão de ser.

Assim, o pesquisador, orientado pelo enfoque qualitativo, como refere Trivinos (1995) dispõe de maior liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo, cujos limites se fixam pelas exigências de um trabalho científico. Portanto, ter uma estrutura coerente, consistente, originalidade e nível de

objetivação são condições suficientes e capazes de aprovação por parte da comunidade científica. Esta flexibilidade do método, que não o liberta do rigor científico, dá lugar à personalidade e criatividade do pesquisador, tornando sua contribuição mais original e significativa.