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Capítulo III – Metodologia

1. Natureza da investigação

Estudo de caso

A presente investigação é do tipo estudo de caso, e isto é concordante com a documentação analisada. O estudo de caso utilizado em diversas áreas, tais como,

medicina, psicologia, ciência politica ou sociologia, no entanto, quando usado no ensino, é muito ilustrativo e pode constituir uma estratégia pedagógica muito relevante (Matos & Pedro, 2011).

Muitos autores defendem o estudo de caso como sendo uma metodologia de investigação, tendo como objetivo encontrar soluções e resolver um problema, adaptada a responder às questões de investigações que estejam formuladas para entender o “como” e o “porquê”, orientadas através de um suporte teórico de levantamento de dados e evidências (Yin, 2001; Martins, 2008; Matos & Pedro, 2011). Ventura (2007) acrescenta que o caso de estudo tende para uma investigação de um acontecimento em particular, delimitado e contextualizado no espaço e no tempo para uma investigação pormenorizada de informação. Outros defendem que a abordagem de estudo de caso não é um método, mas sim uma estratégia de pesquisa (Hartley, 2007, citado por Freitas & Jabbour, 2011).

Esta metodologia, segundo Craveiro (2007), citando Serrano (2004), possui uma dupla vertente: é uma modalidade de investigação dedicada a estudos que descrevem uma situação, havendo explicação de resultados a partir de uma teoria e, por outro lado, permite analisar uma situação real e criar discussão e decisões para melhorar esses estudos, servindo para desenvolver a aprendizagem e a formação. As grandes vantagens do estudo de caso, segundo Ventura (2007), são: o estímulo que cria para novas descobertas, enfatiza várias dimensões de um problema, apresentando os procedimentos de forma simplificada e permite uma análise aprofundada dos processos e das suas relações.

Não existe uma norma rígida relativamente às etapas a serem seguidas no desenvolvimento do estudo de caso, mas é possível definir um conjunto de fases que podem ser seguidas na maioria das pesquisas, segundo Gil (2002):

- Formulação do problema: Longo processo de reflexão e pesquisa de fontes bibliográficas adequadas.

- Definição da unidade-caso: A unidade-caso refere-se a um individuo num contexto, espaço e tempo definidos. É importante definir e delimitar a unidade-caso para conhecer o conteúdo da pesquisa.

- Determinação do número de casos: podem ser constituídos por um único ou múltiplos casos.

- Elaboração do protocolo: contém o instrumento de recolha de dados e define a conduta a ser adotada para a sua aplicação. O protocolo informa acerca dos propósitos do

estudo, dos procedimentos desenvolvidos, da determinação das questões levantadas no estudo e é um guia para a recolha de dados e elaboração do relatório.

- Recolha de dados: especificamente no estudo de caso, é utilizada mais que uma técnica para a obtenção de dados, o que garante a qualidade dos resultados obtidos e a validade do estudo.

- Avaliação e análise dos dados: como o processo de recolha de dados é variado, o processo de análise e interpretação envolve diferentes modelos de análise. É muito comum o pesquisador ter dúvidas acerca das suas próprias conclusões, por isso, é importante que este desenvolva um quadro de referência teórico no inicio da investigação para que evite especulações no momento da sua análise.

- Preparação do relatório: envolve partes destinadas à apresentação do problema, à metodologia empregada, resultados obtidos e conclusões.

Tipologia de estudo de caso

No que diz respeito à tipologia de estudo de caso, Yin (1993) formula uma tabela que é descrita por Meirinhos & Osório (2010) onde é possível constatar os diferentes tipos de estudo de caso existentes (Tabela 1).

Tabela 4 - Tipos de estudos de caso, adaptado de Meirinhos & Osório (2010), adaptado de Yin (1993)

Únicos

(Apenas um caso de estudo)

Múltiplos

(Vários casos de estudo)

Exploratórios

Tem como objetivos: Definir questões e encontrar hipóteses significativas para suporte de uma investigação

futura e para a teoria da temática.

Exploratórios Únicos Exploratórios Múltiplos

Descritivos

Tem como objetivo: Completa descrição de um

fenómeno, num determinado contexto.

Descritivos Únicos Descritivos Múltiplos

Explanatórios

Tem como objetivos: Procurar melhor causa explicativa para a situação

estudada.

Os estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas (Gil, 2002), pois permitem que haja formulação de questões ou hipóteses que levem a uma investigação posterior, por outro lado, os estudos descritivos narram um fenómeno contextualizado. Por fim, os estudos explanatórios ou explicativos, permitem estabelecer relações entre as causas que melhor explicam os fenómenos estudados e as suas causas (Meirinhos & Osório, 2010).

Observando a tabela anterior, constata-se que esta investigação é um caso de estudo exploratório e múltiplo, pois pretende definir questões e formular hipóteses a ser colocadas em futuras investigações, servindo de suporte na abordagem da História da Ciência numa perspetiva EDS, aplicando-as a mais que uma turma e relacionando-as.

Natureza da investigação

Depois de definida a perspetiva de Ensino, surge a necessidade de descrever a metodologia que permita desenvolver o estudo.

Segundo Cesar (2005), é preciso ter claro quando se opta pelo uso de um dos métodos ou pela combinação dos mesmos, que a natureza qualitativa e quantitativa de uma investigação está ligada a escolhas epistemológicas e a formas destintas de representação, não se podendo dar primazia a uma das abordagens. Assim, é necessário o estudo de cada uma delas para puder definir em qual se enquadra a investigação deste Relatório de Estágio.

A abordagem quantitativa baseia-se na quantificação de dados através do recurso a técnicas estatísticas, é utilizada em pesquisas descritivas onde se procura descobrir a relação entre variáveis ou em pesquisas conclusivas (Oliveira, 1999, citado por Cesar, 2005). Por outro lado, a abordagem qualitativa implica que haja mais que um instrumento de recolha de dados, de modo a conferir validade à investigação, o objeto de estudo deve ser observado e analisado com recurso a várias fontes que permitam obter diferentes perspetivas que traduzem a complexidade do estudo (Amado,2013).

O estudo de caso tem vindo a desenvolver-se na investigação educativa (Matos & Pedro, 2011) e tem-se destacado através da abordagem qualitativa, mas isso não impede que ambos os métodos de investigação estejam relacionados nesta tipologia de investigação (Yin, 2001). Quando o caso é uma escola, o investigador recorre a dados numéricos de natureza demográfico, como por exemplo, o número de alunos que

participaram na investigação, as taxas de reprovação, a origem social, tudo indicadores quantitativos que melhor fazem compreender o caso específico (Coutinho & Chaves, 2002).

Assim sendo, é possível afirmar que esta investigação apresenta uma natureza mista, combina aspetos qualitativos e quantitativos, ou seja, são utilizados vários instrumentos de recolha de dados, recorreu-se a várias fontes que traduzem a complexidade do estudo e também foram usadas técnicas estatísticas para uma pesquisa descritiva.