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O trabalho com a leitura tem se tornado cada dia mais desafiador, uma vez que ao professor/ mediador é delegada a tarefa de tornar a leitura prazerosa e significativa em meio a outras inúmeras atribuições e cobranças também de sua responsabilidade. Assim, surge o questionamento que norteará esta pesquisa: Como o professor de Língua Portuguesa pode estimular leituras prazerosas e, ao mesmo tempo, significativas para seus alunos? Diante desta inquietação somos levados a pesquisar. Nesse sentido, a pesquisa aqui apresentada é de abordagem qualitativa e de natureza bibliográfica, visando à construção de um projeto interdisciplinar de leitura para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.

Para tanto, o embasamento teórico para o trabalho com a leitura é de extrema necessidade, pois sabemos que muitas são as possibilidades apresentadas atualmente ao professor, mas também vemos que estas nem sempre são aplicáveis para todas as realidades e contextos. Diante disso, deve ser prazerosa e significativa, auxiliando-nos a pensar estratégias que possibilitem o trabalho com o texto literário de maneira dinâmica e significativa.

Mediante o exposto, cabe ressaltar que este trabalho se divide em três etapas. Em primeiro lugar, um capítulo teórico que serve de base para a elaboração da proposta de trabalho, a explicitação de detalhes do produto, e a construção da proposta de intervenção, justificada teoricamente. A nossa abordagem qualitativa está embasada nos postulados de Bortoni-Ricardo (2008, p. 32), conforme ilustra o trecho a seguir: “as escolas, e especialmente as salas de aula, provaram ser espaços privilegiados para a condução de pesquisa qualitativa.” Entendemos ser este tipo de pesquisa o mais indicado para o pesquisador do espaço escolar, uma vez que buscamos respostas para questionamentos que envolvem diferentes atores, em um espaço social com muitas cobranças, por vezes divergentes, o que leva a práticas ineficazes, em muitos casos, do ponto de vista didático. Ademais, acreditamos que o professor/ mediador do conhecimento deva estar em constante busca por melhores métodos de socializar-se com seus educandos, bem como pelas alterações e aperfeiçoamentos que passam os conhecimentos “científicos” que devem ser trocados em ambiente escolar. Acostamo-nos a Bortoni-Ricardo (2008, p. 32 e 33):

O docente que consegue associar o trabalho de pesquisa ao seu fazer pedagógico, tornando-se um professor pesquisador de sua própria prática ou das práticas pedagógicas com as quais convive, estará no caminho de aperfeiçoar-se profissionalmente, desenvolvendo uma melhor compreensão de suas ações como mediador de conhecimentos e de seu processo interacional com os educandos. Vai também ter uma melhor compreensão do processo de ensino e de aprendizagem.

Portanto, optou-se pela pesquisa bibliográfica devido a sua importância para o foco aqui proposto, “leitura prazerosa e significativa”, pois reconhecemos que muitas já foram as pesquisas feitas nesta área que contribuem para a construção de uma metodologia, possibilitando ao professor estratégias para o trabalho com a leitura do texto literário. Logo, beber destas fontes é a maneira mais coerente de se encontrar respostas para motivação desta pesquisa.

Na apresentação de seu livro Escola e leitura, velha crise, novas alternativas (2009), as autoras Regina Zilberman e Tania M.K. Rösing fazem uma breve explanação das discussões e práticas pensadas para o trabalho eficaz com a leitura por estudiosos, linguístas e professores da década de 1970, confirmando que questões que envolvem a leitura escolarizada são pensadas já há bastante tempo, não tendo, ainda, se esgotado, mas permitindo o fomento de tais estudos, principalmente por parte dos professores, os atores mais cobrados pelo sucesso desta. As autoras destacam:

[...] os professores, na qualidade de profissionais da educação, poderiam apelar para o verso de Drummond: “Teus ombros suportam o mundo”. No entanto, seguidamente, se questionam sobre a natureza de seu ofício, ao interrogarem a si e a seus colegas sobre o que deve a escola oferecer. Relativamente à leitura, que ocupa a base do ensino e da qual se espera tanto, a pergunta talvez seja: que tipo de leitura caberia à escola estimular? (ZILBERMAN e RÖSING, 2009, p.13).

Assim, percebemos a necessidade de um aprofundamento bibliográfico, uma vez que este tipo de pesquisa permitirá ao professor-pesquisador analisar suas práticas pedagógicas, conciliando e/ou refutando teorias no seu dia a dia como mediador de leitura. Essa abordagem nos permitirá um conjunto de procedimentos que visem a solução para o problema aqui tratado, a leitura prazerosa e significativa no universo escolar. Nesta perspectiva, o professor é o nosso principal ator social que, em busca de práticas docentes eficazes e envolventes, deve tornar-se um constante pesquisador, aprimorando suas práticas e conhecendo novos métodos, pois como confirma Bortoni-Ricardo (2008, p. 46):

[...]o professor pesquisador não se vê apenas como um usuário de conhecimento produzido por outros pesquisadores, mas se propõe também a produzir conhecimentos sobre seus problemas profissionais, de forma a melhorar sua prática. O que distingue um professor pesquisador dos demais professores é seu compromisso de refletir sobre a própria prática, buscando reforçar e desenvolver aspectos positivos e superar as próprias deficiências.

Dessa forma, surge nossa proposta de intervenção para o trabalho com a leitura no 9º ano do Ensino Fundamental, um projeto interdisciplinar, que visa envolver alunos e professores das diversas áreas do conhecimento, em um trabalho com a leitura que alcance resultados positivos em sala de aula, bem como na vida dos atores envolvidos no processo.

No subtópico seguinte trataremos do projeto e da sua importância para o ensino de leitura numa perspectiva intercultural, propondo um diálogo entre os conteúdos previstos na base curricular e a cultura local do educando, baseando-se no respeito pela diversidade, histórias e identidades dos atores envolvidos no processo educacional.

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