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Necessidade da Supervisão Pedagógica – Um documento que explica a necessidade de implementar esta função.

Os documentos oficiais e as discussões sobre a coordenação pedagógica

1.2 Os Documentos da Secretaria Estadual de Educação Paulista

1.2.2 Necessidade da Supervisão Pedagógica – Um documento que explica a necessidade de implementar esta função.

Em 1974, a Secretaria dos Negócios da Educação-Coordenadoria do Ensino Básico e Normal – Divisão de Assistência Pedagógica, produziu um documento coordenado pelo professor Miguel Angel Márquez, intitulado “Necessidade da Supervisão Pedagógica”. Este documento expõe a importância da supervisão pedagógica bem como justifica a necessidade de sua existência. Ele trata ainda dos seguintes assuntos: Conceito de Supervisão Educacional, Objetivos da Supervisão, As Funções do Supervisor e Diferenças entre uma Supervisão Tradicional e uma Supervisão Renovada.

Um dos motivos apontados como elemento importante para a existência da Supervisão Pedagógica, recaiu na heterogeneidade do magistério paulista (constatação também verificada no Documento Organização do Sistema de Planejamento Para a Implantação da Reforma do Ensino de 1º e 2º graus – p.34, 38). O documento Necessidade da Supervisão aponta:

É indubitável que a Supervisão é necessária, de uma ou outra forma, para ajudar, em seu trabalho, o pessoal que se destina à tarefa de ensinar; ela é útil tanto para o mestre que se inicia na carreira, como para o que já tem experiência.

A composição heterogênea do magistério é um fator que demonstra a necessidade da supervisão. Quando se analisa esta composição se descobre que entre o pessoal em serviço há mestres titulados e sem título, principalmente com pouco e com muita experiência, há mestres que passaram de um cargo a outro novo, e que cada um deles tem sua maneira de ser, de pensar e de atuar. Esta é uma razão poderosa que demonstra que a supervisão é necessária e essencial para orientar a função exigida do magistério em serviço (SE/CENP, 1974, p. 1).

Outras razões também foram apontadas para justificar a necessidade da supervisão pedagógica, tais como:

a) A supervisão evita que a rotina se torne arraigada no ensino. b) Promove o aperfeiçoamento profissional do magistério.

c)Garante a unificação e o desenvolvimento dos programas educacionais.

e) Pode contribuir de maneira científica, para o planejamento integral da educação.

f) Contribui para a melhoria das condições do aluno, do mestre e da escola.

g) Coopera para o bem estar da comunidade. h) Estimula a renovação do ensino.

i) Favorece a realização dos fins colimados pelo sistema de ensino. j) Vincula a ação da escola à da comunidade e do Estado (SE/CENP, 1974, p. 1).

Estas afirmações denotam, que o supervisor pedagógico foi compreendido como um importante agente facilitador das mudanças, e um importante agente para alcançar a maior eficácia no processo de ensino. Nesta proposição, caberia ao supervisor pedagógico, a função de: diagnosticar, sugerir meios para sanar falhas no trabalho escolar, estimular os professores e procurar recursos que contribuíssem para a melhoria da educação.

O documento apresenta três conceitos de supervisão, sendo eles: a) Supervisão Fiscalizadora, caracterizada como uma supervisão autocrática, corretiva ou coercitiva, centralizada principalmente na administração. b) Supervisão Construtiva, definida como aquela que aproveitaria os erros e falhas como base para buscar melhores meios para sanar as deficiências no ensino. c) Supervisão Criadora, aquela que estimularia e orientaria de maneira democrática e científica, promoveria atividades de crescimento profissional, criaria um ambiente de estudos e de estímulo que levaria os mestres a superar-se constantemente. Estabelece ainda objetivos gerais para a Supervisão Pedagógica:

a) Cooperar no treinamento e capacitação profissional dos mestres, de sorte que a aplicação do plano educativo proposto oficialmente redunde em benefício efetivo da comunidade.

b) Valer-se das normas jurídicas-educativas e dos instrumentos técnicos legais para alcançar rendimento no fomento da educação, baseada esta na filosofia educacional centro-americana [...]

Objetivos específicos:

a) Alcançar os resultados a que propõe o plano de estudos.

b) Orientar os mestres de maneira a coordenar as atividades contidas no desenvolvimento do programa de estudos.

c) Dar normas aos mestres e cooperar com eles no estabelecimento das melhores relações entre a escola e a comunidade.

d) Promover a prática das boas relações humanas. e) Facilitar os meios para o uso de obras de consulta.

f) Fomentar a produção de materiais de ensino dando ênfase ao uso dos recursos do meio.

g) Orientar os mestres na maneira de colher os dados estatísticos que lhes sejam solicitados.

h) Pôr em prática métodos objetivos de avaliação para o estudo comparativo dos rendimentos alcançados e os exigidos nos planos e programas (SE/CENP, 1974,p. 4).

No que se refere às funções do supervisor tece os comentários transcritos a seguir:

As funções do supervisor são de ordem técnica, administrativa e social. É preocupação atual liberá-lo, o quanto possível de funções administrativas a fim de que disponha de maior tempo para dedicá-lo à orientação dos mestres no aspecto técnico e no de suas relações com o desenvolvimento da comunidade.

A – FUNÇÕES TÉCNICAS – CONSELHEIRO DIDÁTICO

1) Realizar investigações da realidade educacional de sua zona e planejar, cooperativamente, o trabalho de supervisão que se propõe realizar.

2) Orientar e coordenar o trabalho dos mestres em relação à interpretação e aplicação de programas, uso de métodos e materiais de ensino e avaliação do trabalho escolar.

3) Treinar os mestres no conhecimento e uso das técnicas de planejamento do trabalho escolar.

4) Ajudar os mestres no conhecimento e aplicação das técnicas para o estudo, organização e desenvolvimento da comunidade.

5) Procurar a aplicação inteligente dos princípios das relações humanas nas atividades do trabalho com os mestres e demais pessoas.

6) Promover o aperfeiçoamento sistemático dos mestres em serviço por meio de cursos, boletins e outras técnicas adequadas (p. 5).

B – FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

1) Organização da escola, das aulas e dos serviços auxiliares. 2) Organização e distribuição do pessoal docente.

3) Organização e distribuição do calendário escolar. 4) Aquisição, distribuição e uso dos utensílios escolares. 5) Organização e manutenção dos arquivos escolares. 6) Manutenção de registros estatísticos.

7) Realização de iniciativas para a construção, reparação e dotação de escolas.

8) Desenvolvimento de gestões para que se aprovem pressupostos que permitam uma remuneração justa e prestações sociais adequadas aos mestres (p. 6).

C – FUNÇÕES SOCIAIS

1) Estabelecer boas relações humanas com mestres, alunos, vizinhos e demais pessoas.

2) Procurar que as escolas promovam e ajudem nos projetos de melhoria comum.

3) Estimular a organização de centros e associações que contribuam para o desenvolvimento da comunidade.

5) Ajudar na aquisição da consciência do justo e do injusto.

6) Ajudar na construção de uma sociedade mais livre e mais justa (SE/CENP, 1974,p. 6).

A produção deste documento ocorreu no Centro Regional de Pesquisas Educacionais – Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais e Educacionais, e segundo nota do próprio coordenador do documento, Professor Miguel Angel Márquez, teve como referência as obras: “Supervisión de la Educación” – OEA – Washington – 1961, e “La Educación en el plano Internacional” – Oficina de Educación Ibero-Americana – Madrid – 1960, o que evidencia as influências externas nas inovações educacionais aqui implantadas.

1.2.3 Sistema de Assessoramento da Secretaria da Educação, e a