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O propósito da Produtora é fornecer recurso que financie a Escola de Comunicação por meio da prestação de serviços nas áreas de comunicação, educação e mobilização comunitária a organizações sociais, pessoas físicas e jurídicas. A partir da renda gerada pela Produtora, a EDN consegue remunerar os membros da equipe técnica que gerencia o empreendimento e colabora para a manutenção da Escola de Comunicação. Os projetos aos quais o empreendimento geralmente se dedica se concentram nas áreas de formação em comunicação, em que a Escola fornece capacitação e treinamento, mobilização de público e produção de materiais de comunicação institucional.

Um dos projetos entregues pela Produtora foi o treinamento de 15 crianças e adolescentes entre 9 e 12 anos, alunos da Associação Santa Amélia, na região do Pedreira, extremo sul da capital paulista. Durante sete meses, a equipe técnica da Produtora deu oficinas e workshops sobre produção de documentário para os jovens e, ao final da formação, os próprios alunos roteirizaram e produziram o documentário “Som, Ritmo e Ação”24.

O valor recebido por esse e outros projetos é armazenado atualmente nas contas físicas dos membros da equipe técnica, já que a EDN não é pessoa jurídica constituída. O grupo mantém uma planilha orçamentária em que faz o controle da utilização dos recursos financeiros.

A outra vertente da Escola de Notícias, a Escola de Comunicação Comunitária, reuniu em 2013 20 jovens de escolas particulares e públicas da região para uma formação _____________

23 Localizado na Praça da Sé, zona central do município de São Paulo. 24 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=5uB80aQ-z0A.

58 gratuita em comunicação que se baseou na participação em oficinas teóricas e atividades práticas.

Trabalham na EDN três pessoas remuneradas: o idealizador do projeto, jornalista e empreendedor social, Tony Marlon, a jornalista Karoline Coelho, e um produtor, que é sempre um jovem que tenha participado de uma oficina de comunicação realizada pela EDN e que cumpre uma carga horária menor. “É uma função de curto prazo porque sempre queremos dar oportunidades para que jovens que tenham sido formados pelo Escola de Notícias tenham uma oportunidade de vivência na área”, explica Karoline. São eles os responsáveis pelo gerenciamento da EDN, tanto trabalhando na Produtora, quanto dando oficinas de conteúdo humano e teórico na Escola de Comunicação. Além deles, oficineiros e técnicos freelancers são responsáveis por dar aos jovens o conteúdo técnico e prático. São eles Ana Luíza Vastag, jornalista e tradutora na temática direitos humanos; Camila Andrade Vaz, produtora, educadora e co-fundadora do projeto “Rede Interferência – Semeando sonhos para construir realidades”; e Unilson Mangini Jr., jornalista que trabalha atualmente com jovens do Morro do Doce como educador de comunicação no Centro Santa Fé.

O projeto também conta com voluntários esporádicos e quatro fixos, que de acordo com suas profissões fazem o possível para auxiliar o projeto. Uma designer é responsável, por exemplo, por diagramar o Jornal Viver Campo Limpo, produzido pela EDN e distribuído gratuitamente na comunidade; a pedagoga Kamila Modesto também atua como voluntária esquematizando a metodologia pedagógica usada na escola, que em 2013 entregou sua primeira edição da vivência formativa em comunicação.

Os projetos que a Produtora realiza geram o recurso necessário para pagar os salários e manter a escola, voltado principalmente à compra de materiais e equipamentos. Quando resolveu criar o projeto, Tony escolheu investir em um negócio social porque acredita que a sustentabilidade financeira é algo que pode amplificar e muito o impacto de uma organização sem fins lucrativos. A EDN segue uma lógica comercial de emancipação, realizando prestação de serviços e recebendo por isso, contribuindo assim para a economia local, uma vez que os clientes em sua maioria são da região, e aplicando o recurso gerado em um objetivo de impacto social. “Como é que eu crio uma coisa que independentemente de patrocinadores, de doações, consiga existir?”, se questionava Tony durante o período de concepção do projeto Escola de Notícias.

59 Outra forma de geração de renda utilizada pelo projeto foi a participação no programa de financiamento público Programa de Valorização de Iniciativas Culturais - VAI, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Segundo o edital do Programa VAI, criado pela Lei nº 13540/2003 e regulamentado pelo Decreto nº 43823/2003, seu objetivo é fornecer subsídio a atividades artístico-culturais para jovens de baixa renda e de regiões desprovidas de recursos. Anualmente são selecionados projetos por uma comissão composta por funcionários do governo e membros da sociedade civil e os critérios avaliados para escolha daqueles que serão agraciados com a verba são a atividade proposta pelo projeto, idade e perfil dos proponentes e local de realização. Em 2013, a EDN foi selecionada e recebeu financiamento no valor de R$ 24 mil para investir no projeto e a verba foi destinada à aquisição de equipamentos e materiais para realização das oficinas e atividades do projeto.

A EDN também se financia por meio do recurso gerado graças aos anúncios no Jornal Viver Campo Limpo, jornal-laboratório da Escola, feito pelos próprios estudantes. Tony enumera três principais motivos para utilizar essa estratégia: os anunciantes são moradores e possuem negócios na região, então anunciar no jornal aproxima tanto os comerciantes do seu público-alvo, quanto a comunidade do jornal; o anúncio também não deixa de ser um investimento em um projeto local, o que agrega valor à marca, já que atrela o negócio a um projeto social; os anúncios representam um incentivo à economia local.

Tony afirma que o assistencialismo barra muito um projeto social, que fica à mercê de doações e patrocinadores, enquanto que o empreendedorismo social utiliza a lógica comercial não como um fim, mas sim como um meio. “Conseguir criar uma forma de viver do que você está fazendo por impacto social”, explica ele.

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