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3.2 Sistemas Puxados de abastecimento e produção

3.2.2 Nivelamento da Produção (Heijunka Box)

Nivelar é o processo de planejar e executar uma programação de produção, em que numa situação ideal uma dada linha de produção produziria uma quantidade de produtos distribuída igualmente a cada hora, e a cada dia. Desta forma todos os itens seriam produzidos todos os dias (TARDIN; LIMA, 2000).

O nivelamento da produção adapta os índices da produção a variações da demanda em volume e modelos de produto. Para nivelar a produção é necessário um estudo do histórico da demanda e estabelecer, através da demanda média diária, o objetivo da produção, buscando na medida do possível produzir todos os modelos todos os dias (LIKER, 2006).

O nivelamento da produção necessita, para que seja operado com sucesso, que dois pontos básicos sejam levados em consideração (OHNO, 1997):

• redução dos tamanhos dos lotes de fabricação; • a redução no tempo de troca de ferramentas.

O quadro utilizado para o nivelamento, também conhecido por Heijunka Box, auxilia os operadores a fazerem a programação de produção, através do controle dos estoques de peças prontas. Além da quantidade a ser produzida, é função do quadro, também, indicar o ritmo e horários em que devem ser feitos os vários produtos pela linha.

O quadro é dividido em duas partes, a parte inferior é chamada de Situação de Estoque e a parte superior é chamada de Ordem de Produção. A Situação de Estoque é dividida por produtos e deve ter espaço para se colocar a quantidade total de kanbans de produção de cada um deles. A quantidade de kanbans é definida como o máximo de peças que estará no inventário (estoque) de cada produto. A Ordem de Produção deve ser grande o suficiente para acomodar o número de cartões que podem ser produzidos durante o turno ou um determinado período de tempo (TARDIN; LIMA, 2000).

Segundo Tandin e Lima (2000), o quadro funciona da seguinte maneira: toda vez que um produto for consumido pelo cliente, o kanban, que o acompanhava, entra no quadro na área do produto, dentro da Situação de Estoque. Cada uma destas áreas de produto é dividida em três faixas (verde, amarela e vermelha) que sugerem a situação em que estão os produtos, conforme Figura 3.8. Quando os cartões voltam para o quadro eles são inseridos primeiramente sobre a faixa verde, depois sobre a amarela e finalmente sobre a vermelha.

A faixa vermelha deve suportar cartões o suficiente para se fazer o setup da linha, mais o tempo de espera, e mais um tempo de segurança. Os operadores devem produzir o produto que atingir ou estiver na iminência de atingir a faixa vermelha primeiro. Caso haja cartões somente sobre as demais faixas, não há necessidade de produzir aquele produto. Desse modo, os operadores só produzem aquilo que está sendo consumido pelo cliente.

Figura 3.8: Quadro Heijunka com fendas. Fonte: Tardin e Lima, 2000.

Neste sistema, o kanban indica não só a quantidade a ser produzida, mas também quanto tempo se leva para produzir esta quantidade (ROTHER e SHOOK, 2003).

Tanto para utilização de sistemas puxados como o Kanban, como sistemas de nivelamento como o Heijunka, que podem ser classificados como sistemas operacionais, também classificados de sistemas enxutos por Reali (2006), têm-se como um dos requisitos, a estabilidade e confiança das máquinas e equipamentos. Pode-se verificar, através da Figura 3.9, a jornada necessária à implementação de um novo sistema operacional.

Figura 3.9: Estabilidade do processo Fonte: Reali, 2006

A instabilidade mostrada por Reali (2006) na Figura 3.9 é gerada pela falta de qualidade, tempo de set-up e quebras de máquina com tempos excessivos, tornando desta forma insustentável a abordagem da aplicação de sistemas operacionais, de algumas práticas da produção enxuta e até mesmo o estudo de caso em questão. Logo em seguida, com a estabilidade dos processos mostrada na Figura 3.9, a garantia de um bom funcionamento das máquinas e equipamentos, set-ups padronizados e com tempos reduzidos, torna-se possível o avanço para uma fase em que a implementação de sistemas Kanbans e o nivelamento da produção por meio do Heijunka Box podem vir a gerar benefícios significativos.

Outra forma de visão muito interessante para a estabilidade em discussão é o diagrama “Casa do Sistema Toyota de Produção”, conforme Figura 3.10, que se tornou um dos símbolos mais facilmente reconhecíveis da indústria moderna. Há diferentes versões da casa, mas os princípios fundamentais permanecem os mesmos.

Começa com as metas de melhor qualidade, menor custo e menor lead time,o telhado. Há duas colunas externas – Just in Time, provavelmente a característica mais visível e mais popularizada do STP, e autonomação ou Jidoka, que essencialmente significa nunca deixar

que um defeito passe para a próxima estação e liberar as pessoas das máquinas – automação com um toque humano. Finalmente, há vários processos e também nivelamento da produção, que significa nivelar a programação de produção tanto em volume quanto em variedade.

Uma produção nivelada ou Heijunka, como visto anteriormente, torna-se necessária para manter a estabilidade do sistema e permitir um mínimo de estoque.

Figura 3.10 – Casa do STP (Sistema Toyota de Produção) Fonte: Site TBM, 2008.

Como mencionado anteriormente, um dos pré-requisitos para a utilização de ferramentas da produção enxuta como o Kanban e o Heijunka, é obter o tempo reduzido do

setup, ou troca rápida de ferramentas como também é conhecido na literatura.

Tersine e Tersine (1990) citam que ao se reduzir o tempo de setup, aumenta-se o tempo disponível para se processar a matéria prima e conseqüentemente é possível reduzir o tamanho dos lotes de produção, o que por sua vez revelará possíveis problemas de qualidade existentes na matéria prima de forma mais rápida, auxiliando na redução do inventário com relação à parte a que é destinada para segurança do sistema, o setup também é conhecido como troca rápida e será abordado a seguir.

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