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NORMA DE DESEMPENHO NBR 15.575

No documento 2019AlissonGotardoSerraglio (páginas 41-43)

A norma brasileira NBR 15.575: Edifícios habitacionais – Desempenho (ABNT, 2013), publicada em 19 de fevereiro de 2013, trata do desempenho das habitações, qualquer que seja seu número de pavimentos. Ela contém preocupações para o desenvolvimento dos empreendimentos residenciais no que se refere a vida útil, desempenho, eficiência, sustentabilidade e manutenção dessas edificações. Em resumo, insere o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários (CAUBR, 2015; CÂMARA BRASILEIRA DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2013).

Logo após sua publicação, essa norma foi alvo de muitos questionamentos e de processos de revisão, porém sua vigência representou um considerável avanço na busca pela melhora na qualidade da construção civil brasileira, especialmente no que diz respeito à habitação de interesse social (SANTO; ALVAREZ; NICO-RODRIGUES, 2013). Para Bertini, Martins e Thomaz (2013) a NBR 15.575 representa um grande avanço no setor da construção, porque ela não é uma norma prescritiva, ou seja, não indica como a edificação deve ser construída, mas sim ao que ela deve atender para ter o desempenho desejado (mínimo, intermediário ou superior), independentemente de seu sistema construtivo (BERTINI; MARTINS; THOMAZ, 2013).

A utilização de containers nas habitações exige adaptações termoacústicas, já que, caso não se tenha esse isolamento térmico e acústico, a vivência no interior desses espaços será desconfortável (SOTELLO, 2012). O conforto térmico é de fundamental importância para a satisfação do usuário e, quando um edifício não proporciona conforto em seu interior, há influência direta no consumo energético, considerando que os ocupantes tendem a tomar medidas para torná-lo confortável, alterando com isso suas características construtivas, como um melhor isolamento (ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009).

É possível afirmar que, no que se refere ao conforto térmico no interior dos containers, na maioria dos casos é necessário que o sistema seja complementado por um isolamento térmico representado pela cobertura com telhado verde, utilização de pintura ou sistema de

refrigeração como ar condicionado, porque a chapa metálica da qual é constituído não consegue atender a esses quesitos. Essas intervenções visando à melhora do conforto térmico, contudo, acabam refletindo no seu custo (TEIXEIRA, 2014).

O conforto acústico só existe quando se tem um esforço fisiológico em relação ao som para a realização de uma determinada tarefa. Um ambiente confortável proporciona bem-estar quando as necessidades dos habitantes são atendidas. Deve-se ter em vista que as principais variáveis do conforto acústico são o entorno (tráfego), a arquitetura, o clima (ventilação, pluviosidade) e a orientação/implantação (materiais, mobiliário) (VIANNA; RAMOS, 2005).

O objetivo final da NBR 15.575 é atender às necessidades dos usuários, que podem ser entendidas pelos seguintes aspectos: (a) segurança (segurança estrutural, contra fogo, no uso e na operação); (b) habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico, acústico e lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade, acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico); e (c) sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental) (BERTINI; MARTINS; THOMAZ, 2013). Ainda de acordo com Bertini, Martins e Thomas (2013), o escopo de aplicação dessa norma está dividido em 6 partes, conforme pode ser visualizado nas informações do Quadro 4.

Quadro 4: Escopo das seis etapas de aplicação da NBR 15.575

Parte 1 Requisitos

Gerais

com caráter de orientação geral, funciona como um índice de referência remetendo, sempre que possível, as partes especificas (estrutura, pisos, vedações verticais, coberturas e sistemas hidrossanitários). Também traz aspectos de natureza geral e critérios que envolvem a norma. Nela são apresentados o conceito de vida útil do projeto, definição de responsabilidades e parâmetros de desempenho mínimo (compulsório), intermediário e superior.

Parte 2 Sistemas Estruturais

trata dos requisitos para os sistemas estruturais de edificações habitacionais. Estabelece quais são os critérios de estabilidade e resistência do imóvel, indicando, inclusive, métodos para medir quais os tipos de impacto que a estrutura deve suportar sem que apresente falhas ou rachaduras.

Parte 3 Sistemas de Piso

normatiza os sistemas de pisos internos e externos. Definição do sistema de pisos como a combinação de diversos elementos, o que inclui o contrapiso, e não somente a camada de revestimento ou acabamento. Define o coeficiente de atrito e resistência ao escorregamento. O escorregamento e um decréscimo intenso e rápido no valor do coeficiente de atrito entre o corpo em movimento e a superfície de apoio. O coeficiente de atrito, por sua vez, e uma propriedade intrínseca da interface dos materiais que estão em contato.

Parte 4 Vedações Verticais

refere-se aos requisitos como estanqueidade ao ar, a água, a rajadas de ventos e ao conforto acústico e térmico, a serem atendidos pelos sistemas de vedação vertical em uma edificação (basicamente o conjunto de paredes e esquadrias - portas, janelas e fachadas). Exige a adequação de critérios relativos ao desempenho estrutural e a inclusão dos critérios relativos a segurança ao fogo. Em relação ao desempenho estrutural, define quais os critérios aplicáveis ao estado limite último de resistência do material.

Parte 5 Coberturas

os requisitos a serem atendidos pelo sistema de cobertura, ou seja, pelo conjunto de componentes dispostos no topo da construção com a função de assegurar estanqueidade as águas pluviais e salubridade, proteger os demais sistemas da

edificação da deterioração por agentes naturais, e contribuir para o conforto termo acústico da habitação. Fazem parte dos sistemas de cobertura elementos como lajes, telhados, forros, além de calhas e rufos.

Parte 6 Sistemas Hidrossanitários

estabelece requisitos para os sistemas prediais de água fria e de água quente, de esgoto sanitário e ventilação, além dos sistemas prediais de águas pluviais. O texto explora conceitos como a durabilidade dos sistemas, a previsão e antecipação de critérios para a manutenção da edificação e suas partes, bem como o funcionamento dos sistemas hidrossanitários. O texto também traz considerações sobre a separação física dos sistemas de água fria potável e não potável, em consonância com as tendências atuais de reuso de água.

Fonte: Adaptado pelo autor de Perfeito (2017).

No documento 2019AlissonGotardoSerraglio (páginas 41-43)