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Normas de higiene e conservação de alimentos

2.8 ALIMENTAÇÃO

2.8.2 Normas de higiene e conservação de alimentos

Há uma série de cuidados a se tomar quando há trabalhos com alimentos. Esses cuidados devem existir em todos os estabelecimentos em que há preparo e oferecimento de alimentação, e nos hospitais esses cuidados são redobrados, justamente pelo agravante de se atenderem pessoas com a saúde debilitada e de haver grande acúmulo de microorganismos no ambiente.

Algumas regras simples são seguidas por todas as organizações de saúde.

● Os trabalhadores do setor de cozinha devem cumprir um programa especialmente projetado para o recebimento, o armazenamento, a conservação e a preparação dos alimentos.

● Este pessoal deve cumprir normas especiais de lavagem das mãos de forma adequada, antes de iniciar suas atividades.

● O pessoal deve usar avental branco adequado, gorro e calçados fechados.

● No caso de suspeita de contaminação de vasilha ou utensílio por sangue ou secreção de pacientes, antes de lavados com água e sabão, devem ser deixados de molho por 10 minutos em um recipiente com hipoclorito de sódio a 5.000 partes por milhão.

● Os manipuladores de alimentos devem ser submetidos a exame médico, exames de laboratório – sangue e fezes – swab de nasofaringe, cultura de amostras colhidas das mãos e unhas, PPD e radiografia de tórax.

Estas revisões devem ser programadas com periodicidade cuidadosa, sendo importante anexar uma cópia dos resultados na folha funcional de cada trabalhador. (MALAGÓN-LONDOÑO, 2003, p. 143-144, Grifos do autor)

Além dessas normas específicas, alguns conselhos são dados pelo autor para que todos os funcionários da instituição tenham boas práticas de higiene e limpeza. Entre eles estão: a) o uso de uniforme e de cabelo preso durante a jornada de trabalho; b) evitar contato com pacientes e materiais altamente infectados, amostras de laboratório e cadáveres; e c) lavar cuidadosamente as mãos após qualquer contato com pessoas ou materiais suspeitos e ao concluir a jornada de trabalho. Essas são normas de biossegurança, que devem ser seguidas rigidamente para evitar problemas de contágio e proliferação de enfermidades.

Existem manuais de boas práticas de higiene e limpeza para áreas de alimentação e nutrição. Alguns são mais específicos para hospitais e instituições de saúde, e trazem uma série de normas a serem seguidas, como temperaturas de cocção de alimentos, produtos a serem utilizados na limpeza dos mais diversos itens, armazenamento de insumos, entre muitos outros pontos. Normalmente, os hospitais seguem com disciplina essas normas, visto que são, realmente, cuidados essenciais para com indivíduos e materiais. Alguns desses cuidados se destacam, e podem ser enumerados (ARRUDA, 1998; TRIGO, 1999). São eles:

a) higiene do pessoal: refere-se aos funcionários, fornecedores e clientes. Compreende regras de higiene pessoal – como banhos, higiene de mãos e unhas, uso de cosméticos e adornos, apresentação de uniformes, utilização de dependências comuns, como banheiros e vestiários;

b) higiene ambiental: compreende as condições ambientais necessárias ao bom funcionamento do departamento de alimentação e as práticas para o processo de limpeza e sanificação dos ambientes. Refere-se a dependências, pisos, paredes, teto, portas, janelas, iluminação, ventilação, exaustão, combate a insetos e roedores, sistemas de drenagem e de armazenamento e coleta de lixo, recebimento e estocagem de materiais;

c) higiene dos equipamentos: há regras para controle de higiene e sanidade de utensílios e equipamentos, além das condições ideais para o seu funcionamento e conservação. Compreende os equipamentos fixos – como fogões, fornos, fritadeiras, batedeiras, caldeirões, equipamentos de refrigeração, cafeteiras, estufas, máquinas de lavar louças, mesas e bancadas – e os móveis – como fatiadores, moedores e

amaciadores de carne, descascadores, picadores, processadores, extratores, panelas, assadeiras, cubas, talheres, pratos, bandejas, copos, facas, utensílios em geral; d) sanidade da operação e certeza da qualidade: é o conjunto de procedimentos que

garantem as perfeitas condições de higiene, sanidade e qualidade das matérias- primas e dos alimentos armazenados ou manipulados na unidade. Compreende a qualidade dos produtos químicos para higienização, controles de matérias-primas, de recebimento, de armazenamento e estoque de produtos. Também trata da maneira de cocção, resfriamento e refrigeração, reaquecimento e distribuição de alimentos e refeições.

É importante lembrar que nada disso funciona isoladamente. Todas as áreas interagem e interdependem entre si e, para haver bom desempenho, as normas devem ser cumpridas.

Arruda (1999) elaborou um fluxograma básico para o preparo de refeições. É um fluxograma bastante simples, uma espécie de “esqueleto”, em que as preparações podem demonstrar pequenas ou até significativas mudanças no processo. O recebimento é a primeira etapa de controle, e exige a observação de critérios, como controle de qualidade de produtos, higienização das áreas de recebimento, acondicionamento e remoção dos produtos recebidos. O armazenamento deve garantir a conservação dos alimentos e seguir às leis que regulam o setor1. O pré-preparo compreende a higienização, cortes, e preparo inicial de alimentos. O preparo indica os procedimentos de confecção de refeições e cuidados necessários para com estas. Por fim, a distribuição deve obedecer a uma série de critérios preventivos a se obedecer no transporte e entrega de comida.

1 Lei nº 6.347 de 20/08/77: é infração sanitária “expor venda, ou entregar ao consumo produtos de interesse à

saúde cujo prazo de validade tenha expirado, ou apor-lhes novas datas, após expirado o prazo”. Lei nº 8.137 de 27/12/90: constitui crime contra a ordem econômica “vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”. E Lei nº 8.078 de 11/09/90, do Código de Defesa do Consumidor: são impróprios ao uso e consumo: “I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos, ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam”.

Figura 7: Fluxograma genérico de preparo de refeições

Fonte: ARRUDA, 1998, p. 10

Com essas observações, vê-se que não é simples oferecer serviços diferenciados no departamento de A&B (ou nutrição e dietética). Os hospitais têm muitas normas a seguir, e estas devem ser perfeitamente entendidas, visto a complexidade da organização e de seus públicos. A questão a ser desvendada é o que um hospital pode oferecer além de uma comida saudável, segura, enquadrada em todos os padrões de higiene e limpeza. Por isso, o que será analisado neste trabalho são os fatores a considerar quando o objetivo não é apenas fornecer alimentação, mas proporcionar uma experiência culinária agradável ao público. Assim, serão analisados os aspectos vistos anteriormente, que são referentes à constituição das refeições: cor, textura, sabor, temperatura, entre outros. Também serão observadas a periodicidade e a variedade nas refeições. E por fim, o respeito às preferências dos clientes na elaboração dos pratos.