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O IEEE (The Institute of Electrical and Electronics Engineers) é uma organização profissional internacional sem fins lucrativos que tem como um de seus objectivos fornecer normas de segurança para equipamentos e pessoas. Assim como as recomendações do ICNIRP, estas normas não são de carácter obrigatório e para que estas normas entrem em vigor devem ser adoptadas, por cada estado ou país, através de leis e regulamentos.

No âmbito das radiações não ionizantes, o IEEE e a ANSI (American National Standards Institute) publicaram várias normas com respeito a protecção de pessoas a CEM e medições de CEM (0 – 300 GHz).

• IEEE C95.1 – 1999 – Limites de segurança com respeito a exposição humana a CEM- RF (3 kHz-300GHz).

• ANSI C95.5-1981 e IEEE C95.3 – 1991 – Práticas recomendadas para medição de CEM de RF e microondas potencialmente perigosos.

• IEEE 1460 – 1996 – Orientação para medições de CEM quasi-estáticos.

Em 2002, o IEEE publicou a norma C95.6 – 2002, que estabelece limites de exposição a CEM de 0 a 3 kHz (Ieee, 2002). Estas recomendações aplicam-se ao público em geral e ocupacional, porém não se aplicam a pessoas expostas com propósitos médicos e a pessoas que se utilizam de equipamentos ou implantes médicos. Esta norma traz limites geralmente superiores aos do ICNIRP que é referido muito mais que a norma. A tabela 5.5.1 abaixo faz uma comparação dos limites de referência do ICNIRP e do IEEE.

Tabela 5.5.1 – Comparação entre os níveis de referência em 60 Hz ICNIRP x IEEE.

Exposição Grandeza ICNIRP IEEE

Ocupacional Campo Eléctrico E (kV/m) 8,3 20

Campo Magnético B (µT) 420 2710

Público Geral Campo Eléctrico E (kV/m) 4,2 5*

Campo Magnético B (µT) 83 904

Na união europeia, as normas têm um papel importante pois fazem parte do dispositivo legislativo comunitário. Completam as directivas que fixam as exigências essenciais. O Conselho europeu confere à Comissão Europeia a competência de definir através de “normas harmonizadas” as modalidades de aplicação das directivas. Associadas as directivas, tais normas são de aplicação obrigatória.

Dois documentos emitidos pelo conselho definem o trabalho normativo da Comissão Europeia sobre exposição humana a CEM: a recomendação 1999/519/CE de 1999 relativa a protecção do publico geral e a directiva 2004/40/CE de 2004 relativa a protecção dos trabalhadores, ambos referidos acima.

Essa missão de normalização é confiada ao conjunto dos organismos europeus competentes: o CENELEC (Comité Européen de Normalisation Electrotechnique) e o IEC (International Electrotechnical Commission).

O comité TC 106X é o comité CENELEC competente para produzir normas para demonstrar que as emissões de CEM de produtos estão dentro de níveis recomendados para a exposição do público geral e normas para avaliação da exposição ocupacional. Este comité tem produzido diversas normas, sendo que apenas duas serão usadas para este trabalho, a PrEN50499, determinação da exposição a CEM de trabalhadores (Cenelec, 2006b) e a PrEN50413, norma básica de procedimentos de medições e cálculos para avaliar a exposição de humanos a CEM (Cenelec, 2006a), ambas na versão provisória.

O comité IEC 106 é o comité responsável pela criação de métodos de avaliação de CEM com relação a exposição humana. Também em versão provisória, o IEC tem a norma 62311 (2006) para avaliação de equipamentos electrónicos e eléctricos com relação as restrições de exposição humana a CEM.

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TRANSPORTES ELÉCTRICOS

Desde a sua invenção, a electricidade e o magnetismo têm sido explorados de diversas formas, fazendo com que a sociedade se torne cada vez mais dependente deles. A electricidade teve seu uso, primeiro através de corrente contínua (DC) e posteriormente com corrente alternada (AC), visto que esta apresentava vantagens sobre a corrente contínua. Inicialmente as correntes alternadas apresentavam valores relativamente baixos (16 2/3 Hz e 25 Hz), limitando as tecnologias das máquinas desta época. Com o passar do tempo, houve um aumento da frequência utilizada, para 50 Hz na Europa e 60 Hz nos EUA. Porém alguns sectores ainda utilizam as antigas frequências (16 2/3 Hz e 25 Hz) ou até mesmo outras frequências (400 Hz), como em sistemas aéreos e navais que utilizam 400 Hz e algumas indústrias que ainda utilizam 25 Hz. Com o advento da electrónica, muitas outras frequências foram sendo utilizadas para novas aplicações como rádio, tv, telefonia móvel e etc.

Na indústria dos transportes, especialmente na ferroviária, as aplicações de corrente contínua em motores para locomotivas ainda têm sido usadas em alguns países e sistemas. Porém a corrente alternada é a mais usada em vários países, especialmente na Europa e américa, nas frequências de 16 2/3 Hz, 25 Hz, 50 Hz e 60 Hz. Mais recentemente temos também o aparecimento da tecnologia de sistemas de levitação magnética.

Nos sistemas ferroviário electrificados, são utilizadas correntes de algumas centenas de amperes e os campos magnéticos variam bastante com o tempo, atingindo seu máximo ao acelerar ou parar.

Em termos básicos, o sistema de transporte utiliza uma fonte de energia, que através de um dispositivo de controlo, activa o motor. Nos sistemas convencionais, a fonte de energia é um combustível fóssil e o motor, de combustão interna, usa um dispositivo de controlo eléctrico. Em sistemas mais avançados, o motor e a fonte de energia são eléctricos, podendo ambos serem AC ou DC.

Os controlos são usados para modificar alguns aspectos da tensão e corrente fornecidas ao motor, para optimizar sua performance. Na maioria dos sistemas modernos, também há uma recuperação de energia quando o veículo diminui a velocidade ou pára, chamada de frenagem regenerativa. Cada elemento de controlo tem sua própria característica no que diz respeito aos

CEM que podem ser detectados nos sistemas de transporte. A tabela 6.1 abaixo mostra os tipos de controlos para cada configuração de fontes e motores eléctricos possíveis.

Tabela 6.1 –Controlos em cada possível configuração do sistema de transporte.

FONTE CONTROLO MOTOR

AC Rectificador + Interruptor inversor DC

Conversor AC

DC Interruptor inversor DC

Inversor AC

Adaptado de (Muc, 2001)

Em todas as aplicações, os controlos estão se tornando cada vez mais eléctricos, como em chips de computador para efectuar a redução das emissões dos motores de combustão interna, sistemas anti-colisão em carros e em sistemas de controlo por cabo eléctrico em aeronaves. Nos sistemas de transporte ferroviários, a sinalização de segurança também está cada vez mais electrificada, tornando-se um factor contribuinte nos CEM.

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