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Substancialmente, as normas mais relevantes utilizadas no Brasil para estabelecer padrões mínimos de segurança em eletricidade são a NR 10 e a NBR 5410.

2.3.1 NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

A NR 10, oficializada pela portaria nº 598, de 7 de dezembro de 2004, publicada no diário Oficial da União, apresenta preocupações com a mitigação de problemas causados por choque elétrico direto, tratando de uma forma bem abrangente as medidas protetivas prescritas em relação a sinalizações, bloqueios elétricos e utilização de EPI´s.

A Norma Regulamentadora NR 10, estabelece em seu item 10.1 como objetivo principal:

“10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.”

Além de ser uma exigência legal, é de vital importância a conscientização dos trabalhadores sobre o emprego dos procedimentos de segurança em intervenções nas instalações elétricas com a finalidade de manter a integridade física bem como prevenir e minimizar acidentes. Ressaltando que atos e/ou condições inseguras contribuem para ocorrência de acidentes envolvendo eletricidade.

Condições inseguras são caracterizadas pelas condições presentes no ambiente de trabalho, que possibilitem acidentes e que por algum motivo coloquem em risco a integridade física do trabalhador. São falhas técnicas presentes no ambiente, equipamentos, ferramentas ou ainda, ausência ou insuficiência de equipamentos de proteção individual e/ou coletiva utilizados na prestação de serviços.

Atos inseguros são provocados por fator humano, ou seja, vincula-se a forma que o trabalhador está executando o trabalho, assumindo involuntariamente o risco de acidentes.

A NR 10 refere, em seu item 10.2, a necessidade do exercício de medidas de controle expressando a seguir:

“10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.”

O item 10.2.8 estabelece o uso de medidas de proteção coletiva expressando:

“10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.”

As medidas de proteção coletivas aplicáveis compreendem basicamente a desenergização elétrica da rede ou circuito, e na sua impossibilidade, o emprego da tensão de segurança. A desenergização é um conjunto de ações sequenciadas a fim de garantir ausência de tensão no circuito, durante o tempo de intervenção e sob controle dos trabalhadores. Já o emprego da tensão de segurança consiste na redução da tensão do circuito ou isolamento do sistema. Na sua impossibilidade se utilizam outras medidas de controle, dentre elas: a isolação de partes vivas, emprego de obstáculos e barreiras, sinalizações, sistema de seccionamento automático de alimentação ou bloqueio de religamento.

Em situações que medidas de controle coletivas, não ofereçam proteção completa contra possíveis riscos de acidentes, o emprego de equipamento de proteção individual torna- se obrigatório, como cita a norma NR 10, no item 10.2.9.1:

“Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de controle e proteção coletivas forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas em atendimento ao disposto na NR-6.”

A norma NR 6, item 6.1, considera Equipamento de Proteção Individual (EPI), o dispositivo ou produto de uso individual do trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador. Cabe salientar a vedação do uso de adornos pessoais no trabalho com instalações elétricas ou em suas proximidades. Os equipamentos de proteção individual fornecidos aos trabalhadores para a execução de serviços

que envolvam eletricidade, de fabricação nacional ou importada, devem possuir um certificado de aprovação, comprovando que o equipamento foi testado por órgão competente, atestando a qualidade pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em seu artigo 157, ressalta caber as empresas cumprir e fiscalizar o emprego das normas de segurança e medicina do trabalho, além do treinamento e instrução do trabalhador, quanto aos riscos e precauções a serem tomadas de forma a evitar acidentes envolvendo eletricidade.

2.3.2 NBR 5410 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO

Além da NR 10, outra norma que trata de segurança em eletricidade é a NBR 5410, que estabelece condições de segurança nas instalações de baixa tensão, com valores de 1000 volts em CA e 1500 volts em CC, abrangendo consumidores e instalações elétricas de pequeno porte.

Para cobrir eventos oriundos de choques elétricos mediante contato indireto, surge como referência a NBR 5410, inspirada na norma internacional IEC 60364 (Electrical Installations for Buildings).

A NBR 5410 em seu item 5.1.3.2 dispõe sobre o uso de dispositivo diferencial residual de alta sensibilidade:

“5.1.3.2.1.1 O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial residual com corrente diferencial residual nominal igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como proteção adicional contra choques elétricos. NOTA: A proteção adicional provida pelo uso de dispositivo diferencial residual de alta sensibilidade visa casos como os de falha de outros meios de proteção e de descuido ou imprudência do usuário.”

A NBR 5410 vem de forma a suplementar a NR 10, dispor que a forma de proteger o colaborador contra choque direto e indireto se dá por meio da proteção supletiva, ou seja, por meio de seccionamento automático da alimentação associado a outros métodos. O risco associado ao contato indevido acidental com componentes elétricos energizados, ou por falhas que possam colocar uma massa acidentalmente exposta ao choque elétrico, são eficazmente protegidos pelo uso de dispositivos de corrente diferencial residual aplicados aos circuitos.

Lembrando que a proteção diferencial residual deve ser de alta sensibilidade, ou seja, o valor da corrente diferencial residual deve ser igual ou inferior a 30 mA. Este dispositivo é composto por um sensor que verifica a corrente elétrica do circuito constantemente, acusando qualquer diferença provocada por eventual fuga de corrente, que fará atuar um dispositivo de seccionamento automático resultando na desenergização do circuito. Os tempos de atuação são

inversamente proporcionais aos valores da corrente de fuga. A NBR 5410 estabelece que o tempo de atuação para dispositivos diferenciais residuais de alta sensibilidade sejam inferiores a 40 milissegundos, com a finalidade de eliminação do risco de corrente de fuga elevada, mantendo os níveis de integridade e segurança.

Na categoria de dispositivos de proteção diferenciais residuais estão os GFCIs (Ground Fault Circuit Interrupter), que segundo Matthew N. O. Sadiku, Sarhan M. Musa, Charles K. Alexander no livro Análise de Circuitos Elétricos com Aplicações, conceitua e recomenda:

“....se mais corrente entra pelo circuito pelo condutor vermelho do que deixa pelo condutor neutro, há corrente de fuga para terra. O GFCI é capaz de detectar uma fuga tão pequena como 5 mA e pode desligar o circuito dentro de 0,0025s (25 ms), ajudando a prevenir sérios choques elétricos. Você deveria seriamente considerar a adição de GFCIs a qualquer circuito com perigo de choque. Um GFCI deve ser previsto em cada local onde alguém pode se ferir ou o ambiente pode ser úmido ou molhado. Uma pessoa pode inadvertidamente completar o circuito com a terra entrando em contato com o condutor vermelho...”

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