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3. CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.3 NORMAS TÉCNICAS PARA A GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

O órgão responsável pela fiscalização do setor elétrico no território brasileiro é a ANEEL, e todos os projetos, sejam eles no domínio da GD ou da GC de energia elétrica, deverão seguir as normas de proteção e qualidade impostas pelo órgão.

As normas técnicas fornecem os requisitos para o acesso de geradores de energia elétrica on-grid, para unidades consumidoras que optaram pelo sistema de compensação de energia elétrica na micro e minigeração, criado pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 (COPEL, 2014).

3.3.1 Tipos de tarifação e grupos consumidores

A resolução nº 414/2012 da ANEEL estabelece os sistemas de tarifação e a classificação dos consumidores de acordo com o nível de tensão e potência instalada (ANEEL, 2012). Assim, as unidades consumidoras são classificadas em dois grupos: grupo A e grupo B.

No grupo A encontram-se unidades atendidas em tensão igual ou superior a 2,3 kV (alta tensão) ou atendidas através de entradas subterrâneas. A tarifa aplicada ao grupo A é binômia, considerando-se uma parcela referente ao consumo e outra referente a demanda de energia elétrica. Para tensões inferiores a 2,3 kV (baixa tensão), a unidade consumidora é classificada no grupo B, cuja tarifa é monômia, na qual tarifa-se apenas a parcela referente ao consumo de energia elétrica.

O grupo A e B pode ser subdividido em subgrupos, conforme a Tabela 3.

Tabela 3 - Subdivisão do grupo consumidor A e B Subgrupo Classificação

A1 Unidade consumidora atendida com tensão ≥ 230 kV.

A2 Unidade consumidora atendida com tensão entre 88 kV e 138 kV. A3 Unidade consumidora atendida com tensão igual a 69 kV.

A3a Unidade consumidora atendida com tensão entre 30 kV e 44 kV. A4 Unidade consumidora atendida com tensão entre 2,3 kV e 25 kV. AS

B1 B2 B3 B4

Unidade consumidora atendida com sistema subterrâneo. Residencial e residencial baixa renda.

Rural.

Demais classes. Iluminação pública.

Fonte: Adaptado (ANEEL, 2012).

A resolução nº 479/2012 da ANEEL estabelece que a unidade consumidora estará sujeita a opções de contratos para a tarifação dependendo da tensão de entrada da unidade consumidora. A Modalidade Tarifária Horária Verde tem valores diferentes para o consumo dependendo do horário e tarifas iguais para demanda. Essa modalidade somente é possível para as unidades consumidoras dos subgrupos A3a, A4 e AS. A Modalidade Tarifária Horária Azul possui caráter obrigatório para

consumidores dos subgrupos A1, A2 e A3, e opcional para os subgrupos A3, A4 e AS e possui tarifas diferenciadas para consumo quanto para demanda (ANEEL, 2016).

3.3.2 Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL

A resolução normativa nº 482, de 17 de abril de 2012 estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica (ANEEL, 2012). A seguir, serão apresentadas as divisões e definições de micro e minigeração distribuída:

Microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize um processo de produção e combinação de calor e eletricidade, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2015).

Minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5 MW e que utilize um processo de produção e combinação de calor e eletricidade, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2017).

Sistema de compensação de energia elétrica: Quando a energia injetada na rede for maior que a consumida, o consumidor receberá um crédito em energia (kWh) a ser utilizado para abater o consumo em outro posto tarifário ou na fatura dos meses subsequentes (ANEEL, 2015)

3.3.2.1 Sistema de Compensação de Energia

O Sistema de Compensação de Energia Elétrica ou net-metering como também é conhecido, surgiu da revisão da Resolução 482/2012. A Resolução estabelece que a energia ativa injetada por unidade consumidora como micro ou minigeração distribuída é cedida à concessionária de energia local, através de empréstimo gratuito, e posteriormente, compensada com o consumo de energia elétrica ativa.

Neste contexto, o consumidor de energia elétrica instala pequenos geradores em sua unidade consumidora (como, por exemplo, painéis solares fotovoltaicos) e a energia gerada é usada para abater o consumo de energia elétrica da unidade. Quando a geração for maior que o consumo, o saldo positivo de energia poderá ser utilizado para descontar o consumo em meses subsequentes. Os créditos de energia gerados continuam válidos por 60 meses (ANEEL, 2017).

Os medidores bidirecionais verificam quanta energia estará sendo entregue a concessionária através da linha de transmissão e quanta energia estará sendo consumida na unidade consumidora, podendo assim, verificar os excedentes de energia a cada mês. No caso de excedente energético, haverá então um empréstimo energético para a concessionária, o qual, poderá ser compensado em futuras faturas ou em faturas de outras unidades consumidoras sobre mesma titularidade.

O Paraná, juntamente com os Estados do Amazonas e de Santa Catarina autorizaram a isenção do ICMS, incluindo-se no Convênio ICMS 16/15 na data de 16 de maio de 2018. A isenção do ICMS pelo convênio ocorre quando a unidade consumidora gera energia acima da demanda da unidade e injeta o excedente na rede energia elétrica. Porém, para a energia consumida da rede elétrica da concessionária continua mantido o ICMS normalmente, do mesmo modo que é cobrado para consumidores que não possuem sistemas geradores instalados.

No Paraná só é isento o ICMS na Taxa de Energia (TE), já as Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) não é isento o ICMS. No qual, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu pela legalidade do ICMS na TUSD, cobrada nas contas de grandes consumidores que adquirem a energia elétrica diretamente das empresas geradoras. Por maioria, a turma entendeu que é impossível separar a atividade de transmissão ou distribuição de energia das demais, já que ela é gerada, transmitida, distribuída e consumida simultaneamente. A alíquota do ICMS relativa ao fornecimento de energia elétrica para o Estado do Paraná vigente é de 29%.

Outro ponto que também merece destaque é a geração compartilhada, que possibilitará que diversos interessados se unam em consórcio ou em uma cooperativa, formando uma micro ou minigeração distribuída e, por consequência, utilizem a energia gerada para redução de suas faturas (NEOSOLAR, 2016). Na Figura 17 pode ser visualizado o esquema de compensação de energia elétrica.

Figura 17 - Esquema de compensação de energia Fonte: Adaptado de Aneel (2012).

Para o caso das unidades consumidoras pertencentes ao grupo B (baixa tensão), ainda que a energia injetada na rede seja superior ao consumo, é tarifado o pagamento referente ao custo de disponibilidade – valor em reais equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico) (ANEEL, 2014).

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