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Sumário AGRADECIMENTOS

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3 NORMATIVAS RELACIONADAS A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO

Todos os pesquisadores citados acima abordam as vibrações de corpo inteiro que, segundo Becker (2012), vêm sendo reconhecidas como um fator de risco ocupacional pela comunidade acadêmica e por organizações internacionais de diversos países ligadas à elaboração de normas como a International Organization for Standardization (ISO), British Standards Institution (BS), e referências sobre segurança e higiene do trabalho (como a Health and Safety Executive - HSE e a American Conference of Industrial Hygienists - ACGIH). A comunidade Europeia também reconhece a exposição à vibração como um fator de risco ocupacional na Diretiva 2002/EC/44

Dentre as principais normativas a respeito do tema vibração de corpo inteiro estão as: ISO 2631(1997), BS 6841(1887), BS 7085(1989) e Diretiva Europeia 2002/44/CE. Dentre as normativas nacionais a mais utilizada corresponde a Norma Regulatória nº15 (NR 15) que faz referência a Norma de Higiene Ocupacional 09, também conhecida como NHO 09.

A seguir serão apresentadas as principais normativas internacionais e nacionais a respeito do tema vibração de corpo inteiro.

2.3.1 Normativas Internacionais

 ISO 2631(1997)

Dentre as normativas existentes internacionalmente a mais utilizada atualmente tornando-se uma referência mundial a ser seguida e servindo de base para a criação das outras é a ISO 2631 (1997).

Sua primeira versão foi publicada em 1978 e depois disto esta passou por duas revisões, uma em 1985 e outra em 1997 quando passou a ser dividida em cinco partes:

 ISO 2631-1: define os métodos de medição de vibrações periódicas, aleatórias e transientes de corpo inteiro, indicando os fatores preponderantes considerados aceitáveis de exposição à vibração. Apresenta também as definições básicas, sistemas de coordenadas, curvas de ponderação em frequências e as formas de realizar a medição da vibração de corpo inteiro;

 ISO 2631-2: aborda a exposição humana à vibração de corpo inteiro e choque em edifícios envolvendo aspectos relativos ao conforto dos ocupantes. Descreve ainda um método para a medição e avaliação, que compreende a determinação da direção de medição e o local de medição.

 ISO 2631-3: aborda a avaliação da exposição humana a vibrações de corpo inteiro verticais (no eixo z) na faixa de frequência de 0,1 a 0,63 Hz. Tal norma foi incorporada em 1997 à ISO 2631-1.

 ISO 2631-4: aborda a avaliação dos efeitos de vibração e dos movimentos de rotação em passageiros/tripulação visando o conforto nos sistemas de transporte sobre trilhos.

 ISO 2631-5: aborda os efeitos adversos para a saúde da exposição prolongada à vibração que inclui múltiplos impactos. Tal norma é

geralmente aplicável nos casos em que efeitos adversos à saúde são de natureza lombar.

As principais mudanças em relação a sua versão anterior ISO 2631(1985) correspondem ao fato da mesma não estabelecer um limite de exposição, além de excluir o “conceito de proficiência reduzida pela fadiga”. Apesar disso, a faixa de frequência de análise foi estendida para níveis inferiores a 1 Hz, sendo considerada de 0,5 a 80 Hz para análises de saúde, conforto e percepção.

Apesar de não estabelecer um limite de exposição, a ISO 2631(1997) apresenta valores considerados aceitáveis da magnitude de vibração em relação ao conforto em transportes públicos conforme apresentado na Tabela 5.

Tabela 5. Relação da aceleração RMS ponderada com níveis subjetivos de conforto (BS 6841(1987) e ISO 2631-1 (1997)). Aceleração RMS (m/s²) Classificação Abaixo de 0,315 Confortável De 0,315 a 0,63 Um pouco desconfortável De 0,8 a 1,6 Desconfortável De 1,25 a 2,5 Muito desconfortável

Acima de 2 Extremamente desconfortável

 BS 6841(1987)

A BS 6841:1987 intitulada por Measurement and evaluation of human exposure to whole-body mechanical vibration and repeated shock, ou medição e avaliação da exposição humana a vibrações mecânicas de corpo inteiro e choques repetidos, apresenta em seu texto curvas de aceleração ponderadas em 1/3 de oitava na faixa de frequência de 0,5 a 80 Hz, além de comparar subjetivamente tais acelerações com níveis de conforto, conforme foi mostrado na Tabela 5 (Bolina (2013) e Anflor (2003).

 BS 7085(1989)

A BS 7085:1989 intitulada por Guide to safety aspects of experiments in which people are exposed to mechanical vibration and shock ou, guia de aspectos de segurança de experiências em que as pessoas estão expostas a vibrações mecânicas e choques, determina aspectos de segurança em experimentos que expõem pessoas a vibração.

Esta normativa utiliza o valor de dose de vibração (VDV) de 15 m/s1,75 como referência para a presença ou não de um médico durante o ensaio, dessa forma, valores acima de 15 m/s1,75 necessitam de tal acompanhamento. Pela Tabela 6, pode-se notar que uma relação entre tempo de exposição com aceleração ponderada RMS para uma vibração com VDV de 15 m/s1,75.

Tabela 6. Relação tempo de exposição por aceleração ponderada RMS em um experimento com VDV de 15m/s1,75 (BS 7085 (1989)).

Duração da exposição Aceleração ponderada RMS (m/s²)

1 s 10,71 4 s 7,57 16 s 5,36 1 min 3,84 4 min 2,72 16 min 1,92 1 h 1,38 4 h 0,98 8 h 0,82  Diretiva 2002/44/CE

Na Europa a diretiva 2001/44/CE estabelece critérios mínimos para a proteção do trabalhador que está exposto a vibrações, deixando a critério do Estado membro a escolha quanto à adoção de normas mais severas.

Em seu texto, tal normativa se baseia em fixar valores inferiores para o valor diário de exposição fixado em 0,5 m/s² que desencadeia a ação para o valor-limite de exposição diária a vibrações fixado em 1,15 m/s1,75.

Define ainda que em situações de exposição que necessitem medidas de controle, ou seja, acima dos limites especificados acima tais riscos devem ser eliminados em sua fonte ou reduzidos.

A normativa europeia atribui às entidades patronais a responsabilidade em desenvolver ambientes de trabalho com o menor fator de exposição possível aos trabalhadores realizando ainda avaliações periódicas.

2.3.2 Normativas Nacionais

No Brasil, a Norma Regulamentadora nº 15 ou NR-15 apresenta as principais atividades e operações insalubres, delimitando limites de tolerância, definindo situações que demonstrem atividades de trabalhos insalubres (Pécora, 2015). Dentre as muitas insalubridades listadas nesta normativa, coube ao anexo VIII o tema vibração, onde estão definidos os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa da vibração de corpo inteiro e vibração no segmento mão braço. Em seu texto a NR-15 faz referência às Normas de Higiene Ocupacional 09 da FUNDACENTRO (NHO 09) - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração de Corpo Inteiro publicada em 2013.

A NHO 09 tem como referências normativas a ISO 2631-1 Mechanical vibration and shock – Evaluation of human exposure to whole-body vibration. Part 1: General requirements ou em português (Vibração mecânica e choque - Avaliação de Exposição humana à vibração do corpo inteiro. Parte 1: Requisitos gerais) e a ISO 8041 (2005) – Human response to vibration – Measuring instrumentation ou em português (Resposta humana à vibração - Instrumentação de medição).

Estabelece os critérios e procedimentos que avaliem a exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro em ambientes cujo trabalhador se encontra na posição sentado ou em pé, podendo ocasionar diversos problemas de saúde, como por exemplo, os relacionados à coluna vertebral.

Baseando-se em valores de aceleração resultante de exposição normalizada ou valores de dose de vibração resultante fornece um parâmetro quantitativo de análise visando sempre a atuação de medidas preventivas e corretivas em caso de ambientes que apresentem situações de incerteza quanto a exposição ao ser humano.