• Nenhum resultado encontrado

NOS RASTROS DA MÍDIA

No documento MESTRADO EM GERONTOLOGIA São Paulo (páginas 38-41)

Um mundo mais velhos e mais forte (Revista Exame, número 21, 2013) Meia Idade – A força da Experiência (OESP, Empregos e Carreiras, 3/2/13) Nenhuma pressa de pendurar a gravata (Valor Econômico, Eu, 9/5/2013)

É possível ser um empreendedor depois dos 40? (Valor Econômico, Empresas, 6/11/2013)

ara responder à pergunta ―como a mídia, no Brasil, apresenta o mercado de trabalho para pessoas com 60+?‖ fomos pesquisar algumas: jornais, revistas, telejornais, blogs e portais. E quando falamos em mídia, estamos nos referindo a uma variedade de veículos de comunicação que nos trazem informações sobre temas diversos, como as frases que iniciam esta parte do estudo, relacionadas ao mercado de trabalho e à velhice.

Melo e Tosta (2008) nos ensinam que, originalmente, a expressão latina do ponto de vista etimológico é Media, plural de Médium. Segundo os autores, foi incluída na Língua Portuguesa importada dos Estados Unidos. Chegando ao Brasil, houve seu imediato ―aportuguesamento‖ (p.30).

O ―fazer‖ da mídia é comunicar, divulgar informações produzidas, produtos e serviços de empresas diversas para seus consumidores, as quais se utilizam dos veículos para chegarem ao público que pretendem atingir.

A mídia é uma ―empresa‖ que acompanha o que está acontecendo ao seu redor e segue a linha definida por seus gestores, no que tange às convicções e preferências dentro da área social e política. Além das notícias, há os anúncios de produtos e serviços que podem estar atrelados a uma determinada notícia/público leitor. Uma matéria está sempre dirigida a um

39

público, podendo ser apresentada de formas diferentes, de acordo com o veículo. Pode ser contraditória, como expõe Melo e Tosta,

Em muitos países, a mídia é financiada pelo governo. No nosso caso, corresponde a um sistema financiado de modo duplo, principalmente pela iniciativa privada. No Brasil, sem dúvida nenhuma, ela reflete um pouco aquilo que chamamos de ―distorção oligárquica‖. Quer dizer, a nossa mídia é mais ou menos constituída à imagem e semelhança das capitanias hereditárias. Quem possui um jornal, emissora de rádio ou televisão, produtora de cinema ou vídeo, está lastreado pelo capital. (MELO E TOSTA, 2008, p.37-38)

Melo e Tosta explicam que a mídia tem uma vocação socializadora e o poder de disseminar bens culturais, símbolos, imagens e sons, tornando-os comuns a toda a população. Mas nada disso poderia ser feito, se ela claudicasse em sua função econômica, ou seja, caso não estivesse atenta aos mecanismos de financiamento da produção. Não se faz socialização cultural sem ter por trás quem pague a conta (2008, p.37).

A mídia por meio de sua vocação socializadora não acrescentará nada para os indivíduos, se eles não estiverem atentos ao que lhes é exposto, tendo até a oportunidade de questionar e, em alguns casos, até mesmo alterar. A alteração é possível em casos de telenovelas, nas quais o autor redireciona determinado personagem de acordo com a reação do público, pois trata-se de uma história com um tema central, mas que pode ser adaptada a fatos e ações que acontecem no dia a dia ou até motivada pela empatia ou aversão a certos personagens.

No caso de notícias/matérias, temos conhecimento por meio de vários canais da mídia, e, muitas vezes, buscamos a mesma notícia em diferentes veículos para chegarmos a uma conclusão, já que cada veículo pode expor o assunto da forma que lhe foi propagada, podendo variar o informante. Um mesmo tema pode ser explicado de maneira diferente, uma vez que surgiu por fontes e interesses distintos.

Entre os veículos, a televisão é a que mais chega aos lares brasileiros, constituindo, segundo Melo e Tosta (2008) o principal ―elo de ligação (sic) dos cidadãos com o mundo‖. Seu impacto sobre a sociedade é incomensurável.

40

Dela se apoderam os vendedores de bens e serviços, bem como os mercadores da fé e da política (p.43).

Em nossa pesquisa, foram selecionados os trechos de jornais com nosso tema de pesquisa e disponibilizados na internet através do You Tube.

Jornal e internet são mencionados por Melo e Tosta (2008) como circunscritos aos segmentos privilegiados da sociedade, atuando como formadores de opinião pública. Seus usuários fazem parte da elite que participa de núcleos de poder no âmbito do governo, na sociedade civil ou na própria indústria midiática (p.45).

Vários veículos de comunicação se valem dos próprios manuais de redação que orientam os profissionais da mídia. Para Hernandes,

Manuais de jornalismo, como o do jornal O Estado de S. Paulo, são taxativos. O jornalista deve evitar, no texto verbal, intrometer-se no assunto reportado: ―Faça textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o próprio leitor tire deles as próprias conclusões (1990:18)‖. (2006, p.32)

Os manuais de redação destacam a necessidade de neutralidade do jornalista e trazem a seguinte classificação de textos jornalísticos: objetivos/factuais, interpretativos ou opinativos, ao que Hernandes comenta:

A divisão entre textos, objetivos, interpretativos e opinativos – bastante aceita até por teóricos do jornalismo – é mais outra estratégia de criação de crenças, principalmente na pretensa possibilidade de controle do leitor, do ouvinte, do internauta ou do telespectador sobre a forma de abordagem do acontecimento. A única exceção fica para as revistas semanais, com textos carregados de opinião e interpretação. (2006, p.33)

Como as notícias não são os principais produtos das empresas de comunicação, elas são veiculadas com a intenção de interagir e, ao mesmo tempo, atrair para um determinado fim. Segundo Hernandes, ―O consumo está relacionado à atenção que o veículo atrai o público [...] para atrair a atenção, o jornal apresenta unidades noticiosas para consumo‖ (2006, p.47).

O referido autor explica que, para os jornais serem consumidos, precisam, principalmente, reter a atenção por meio da apresentação das

41

unidades noticiosas, pela distribuição delas na edição e no conjunto de edições. Para existir o relacionamento jornais-público, deve-se obter a atenção em três níveis diferentes e complementares:

1. É preciso obter – ―fisgar‖ – a curiosidade do sujeito.

2. O sujeito deve, em seguida, interessar-se pelas histórias das unidades noticiosas.

3. Finalmente, ele deve querer repetir a experiência nas edições seguintes (ou atualizações, no caso da internet), ou seja, o consumo deve desencadear um hábito. (2006, p.47-48)

Hernandes destaca ainda a disposição em que os textos são colocados no papel, conhecida como diagramação. Para ele, a organização espacial das notícias expõe valores dentro dos editoriais, orientando, assim, a ―percepção dos leitores para que realizem essa mesma operação de reconhecimento da importância das notícias‖ (2006, p.186).

No documento MESTRADO EM GERONTOLOGIA São Paulo (páginas 38-41)