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O primeiro passo foi a digitação dos memoriais em arquivos digitais do Microsoft

Word. Primeiramente fizemos uma leitura, fundamentados na teoria, para levantar hipóteses e

questões norteadoras, com a intenção de compreender os dados que tínhamos em mãos. Foi nesse momento que concebemos os primeiros recortes e estruturações das informações, para que fossem analisadas.

Após essa análise inicial ―manual‖, inserimos esses arquivos completos (contendo a digitação dos memoriais) na base de dados do software de suporte NVivo 10. Este procedimento constitui-se, basicamente, em carregar as fontes de informação (os arquivos contendo as redações) ao ambiente de trabalho do NVivo, pois é a partir desses dados que as codificações, categorizações e posterior análise são realizadas.

Após inserir os documentos no software, realizamos uma leitura exaustiva dos memoriais, a fim de verificar se as categorias levantadas na primeira leitura satisfaziam às indagações da pesquisa. Desta forma, com o suporte do NVivo, criamos unidades de registro (―nós‖). Esses nós permitem o agrupamento de textos e trechos por similaridade. Nessa etapa, encontramos nos memoriais informações que se referiam, a ―Gramática‖, ―Leitura‖ e ―Literatura‖.

Os nós e subnós (nossas categorias e subcategorias) se organizam por ordem alfabética, desta forma, a sequência em que estão organizados não refletem seu grau de importância em nossa pesquisa.

O segundo passo foi a organização e sistematização das ideias, explícitas ou ―escondidas‖ nos relatos memoriais. Essas ideias foram selecionadas, codificadas e então sistematizadas nos nós existentes, de maneira que seu manuseio se tornasse mais fácil. Criamos ainda uma sequência de subnós que representam a sistematização das unidades de registro de forma mais específica e um refinamento maior das categorias de análise. Tal organização no ambiente do software foi representada pela ―árvore de nós‖, que organizou as unidades de maneira hierárquica (Figura 1). Tal arranjo requereu bastante atenção e diversas discussões, uma vez que nem todas as informações contidas nos relatos memoriais expressavam as ideias claramente.

Figura 1 – Exemplo de estruturação dos nós no ambiente Nvivo

Fonte: Dados da pesquisa

O NVivo possui uma ferramenta chamada ―consulta‖, que permite que se realize uma série de consultas aos dados, que auxiliam na identificação de padrões, ideias e categorias. Uma mostra dessas consultas produz uma lista com os termos mais mencionados, baseada na frequência de ocorrência de palavras, constantes nos dados selecionados pelo pesquisador. De forma gráfica, esses resultados são convertidos em uma ―nuvem de palavras‖ (Figura 2), que pode facilitar a percepção das ideias contidas, neste caso, nos relatos utilizados nesta pesquisa.

Figura 2 – Nuvem de frequência de palavras referidas às situações importantes para os participantes da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa

O terceiro passo consistiu no tratamento dos dados, e a sua intepretação, com auxilio da ferramenta ―consulta‖. Diante das constantes idas e vindas aos dados e à teoria, chegamos à categorização do primeiro nó correspondente a gramática: Aquisição de leitura e escrita; Decodificação de letras e sílabas; Regras gramaticais e linguísticas, escolhemos englobar essas subcategorias na categoria da gramática, pois elas contemplam a gramática normativa e a descritiva. A gramática normativa expõe as regras da linguagem padrão ou culta da língua, estabelecidas por especialistas e baseadas no uso da língua escrita (POSSENTI, 1996). A gramática descritiva é, o estudo dos mecanismos pelos quais a língua funciona na comunicação entre os falantes (POSSENTI, 1996).

De acordo com esses dois ramos da gramática, na categoria ou subnó chamada

imagem da letra (soletrações, grafia); aquisição do som e imagem da sílaba (famílias silábicas, silabação); Na categoria Aquisição da leitura e escrita, encontram-se os relatos que referem- se a identificação da escrita com a fala (ditados, treino da leitura e escrita, grafia); E por fim, na categoria Regras gramaticais e linguísticas encontram-se os relatos que mencionam pontuação e acentuação (acentos tônicos e átonos); as vogais e consoantes; ortografia (palavras com dois S ou Ç), verbos e tempos verbais, conjunções, sujeito e substantivo; ditongo e hiato; dígrafos, etc., que são questões da gramática descritiva e da normativa.

O nó Leitura subdivide-se em duas categorias: Leitura de diferentes portadores de texto e Literatura, já que literatura é um tipo de leitura.

Na categoria de Leitura de diferentes portadores de texto encontram-se os relatos que mencionam o uso de jornais, revistas, bíblia, gibis nas aulas, ou seja, o aprendizado da estrutura e leitura de um texto específico, mas não literário.

Já na categoria da literatura, para falarmos especificadamente sobre as lembranças com relação a literatura, dividimo-la ainda em duas subcategorias. A primeira categoria é a

literatura como pretexto, que engloba as lembranças com relação a literatura, porém

trabalhada de forma inadequada, ou seja, como pretexto para o ensino de gramática, moral, boas maneiras, o ensino de períodos literários, a confecção de resumo, para gostar da disciplina de Língua Portuguesa, para responder fichas de literatura, para diversão, etc. Já a segunda categoria do subnó da Literatura: Literatura trabalhada em sua especificidade, abarca as lembranças da literatura na sala de aula, usada de forma estética, como arte, para extrair sensações do leitor, fazer a criança pensar, incentivando-a reconhecer o requinte, as particularidades, os sentidos, a extensão e a profundidade das construções literárias, ou seja, para a formação do aluno leitor.

Apresentamos os resultados da exploração no decorrer da discussão dos dados. Os dados estão representados em gráficos, quadros e figuras que demonstram as mesorregiões contempladas, os níveis de ensino das lembranças, o ensino da gramática, a literatura trabalhada como pretexto e literatura trabalhada de forma adequada, de modo a verificar se a realidade encontrada nos relatos que dizem respeito as salas de aula do estado de São Paulo, especificamente na década final do século XX e a década inicial do século XXI é condizente com as preocupações da formação leitora encontradas em leis, decretos, orientações e ações deste período.

5 O QUE DESCOBRIMOS E O QUE ISSO PODE SIGNIFICAR

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