ualquer subtema relacionado ao macro Romaria, nos interessa e empolga. Nascidos em Juazeiro, eu e meus dois irmãos e três irmãs, crescemos entre romeiros: na casa de nossos pais – quando a vizinhança os acomodava em ranchos improvisados e a crianças romeiras eram nossas amigas de brinquedos por alguns dias; na igreja – (hoje Basílica) nas missas, visitando muitas vezes a sala de apoio ao romeiro (nosso caçula inclusive acólito por um bom tempo); ou ainda na casa de nossa matriarca – que em plena Rua Padre Cícero nos deixava de plantão para dar água aos transeuntes enquanto enchíamos os olhos com todo aquele colorido movimento: de pessoas, barracas, benditos, rosários e caminhões pau de arara.
Esboçar uma impressão sobre esse ensaio - proposta que recebi de meu amado irmão, amigo e compadre… Apesar de jubiloso ser o aceite, vem também carregado de responsabilidade e preocupação. Compartilhamos memórias, mas não a mesma formação. Leiga, conheço as leis de forma superficial. Fiz então a contra proposta: fazer a primeira leitura juntos, tão logo acabada a escrita. Ele aceitou. Sucederam-se algumas noites de risadas e cafés e lembranças e sugestões. O trabalho diferente do que pensara, não foi exaustivo. Sequer difícil.
60 Dois cadernos caprichados, contendo os impressos, estavam preparados junto com duas redes já armadas para nossa empreitada. As aquarelas para apreciação e o brilho no olhar de quem entrega um filho, por confiança, a alguém amado. O escritor estreante pede sinceridade absoluta. E merece. De pronto percebi que o estilo fluido, característico de Mauro Filho, sobressaiu ao tom técnico na escrita. Aqui não está uma peça jurídica, mas a emoção de um filho da terra, que percebe a necessidade de colocar o romeiro no centro de sua defesa - arguindo culturas, crenças, história e leis. Está a favor da gente que iniciou e mantém tudo o que é a região metropolitana do Cariri, em especial Juazeiro do Norte.
Há em sua exposição, sobejamente explorada, a relação inquebrável entre o Pau de Arara e a fé romeira: instrumento e meio para um fim, que é chegar ao colo da Mãe das Dores. Eis que, durante a leitura, esbarro na defesa dos inocentes. Aqueles que adentram o templo de Deus, trazendo suas boas companhias (a maioria das vezes imagens do próprio Padre Cícero) e se apresentam revestidos da fé simples, que não busca explicações. Apenas creem e oferecem tudo: a vida, a saúde, os problemas, as angústias, as alegrias, a viagem.
Tudo na romaria é oração, inclusive o Pau de Arara. Cabe a nós, proteger e cuidar para que assim seja por longo tempo. É a principal impressão dessa leitora, ao mergulhar no sentido dessas páginas a nós oferecidas, em Uma Fé Sobre Rodas.
Maíres Alves Cordeiro Irmã do autor
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SOBRE O AUTOR
Mauro
Nunes
Cordeiro
Filho
é bacharel em Direito pelo
Centro Universitário Paraíso (UniFAP-CE), tem formação livre em Filosofia pelo
Instituto Diocesano de Filosofia e Teologia da Diocese de Crato-CE (IDFT), sendo especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Regional do Cariri (Urca).
Durante o período 2016 a 2018 assinou o blog Diálogos Urbanos no portal Tribuna do Ceará (atual Jornal Jangadeiro), de
Fortaleza-CE. Foi membro da Comissão de Direito Urbanístico da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) na Subseção de Juazeiro do Norte-CE. Experiência como professor na Tacta Food School,
ministrando aulas de Hermenêutica no curso de consultoria em Assuntos Regulatórios, em São Paulo-SP. Atualmente é advogado na região do Cariri, atuando principalmente nas áreas de Responsabilidade Civil e Direito do Consumidor.
Mauro Filho é nascido e criado em Juazeiro do Norte, sendo verdadeiro entusiasta por sua cidade e curioso sobre assuntos como o Milagre da Hóstia, Romarias e Padre Cícero.
É apaixonado por Cidades, Mobilidade Urbana, Desenvolvimento regional e afins.
62 correspondência: maurocordeiro.adv@gmail.com
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