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Noturno n.º 14 – Campinas, 24 de Junho de

Sumário

Capítulo 4 O processo de edição e revisão

4.9 Noturno n.º 14 – Campinas, 24 de Junho de

Ocultou-se o sinal de dinâmica da mão esquerda dos compassos 1, 27,44 e 57, já que com uma indicação no meio da pauta consegue-se o mesmo resultado esperado.

Figura 199 Noturno n.º 14, c. 1, manuscrito. Figura 200 Noturno n.º 14, c. 1, edição.

Figura 201 Noturno n.º 14, c. 27, manuscrito. Figura 202 Noturno n.º 14, c. 27, edição.

Figura 203 Noturno n.º 14, c. 44, manuscrito. Figura 204 Noturno n.º 14, c. 44, edição.

Figura 205 Noturno n.º 14, c. 57, manuscrito.

Conclusão

Desenvolver uma pesquisa sobre os 14 Noturnos para piano de Almeida Prado e a edição de 9 deles mostrou-se uma empreitada gratificante e desafiadora. Por sua vez, constatou-se que os fatores que englobam a pesquisa do intérprete para a plena realização de uma obra são extremamente similares com as informações necessárias ao editor, como o pleno conhecimento de gênero, estilo e fatos históricos que se relacionam diretamente com a obra escolhida a ser interpretada.

Apesar de cada obra apresentar desafios específicos e particulares, há um grupo comum de problemas que sustenta o processo de edição crítica, e questões que se deve levar em consideração. Quais são a natureza e a situação histórica das fontes de uma obra e as formas como são relacionadas? A partir da evidência das fontes consultadas, quais conclusões podem ser alcançadas? Como essas provas e conclusões contribuem para as decisões tomadas durante a edição?

A bibliografia na qual a pesquisa se apoia e a maneira como os conhecimentos adquiridos através da leitura da mesma concretizaram todo o trabalho demonstraram o quão complexo pode ser a área que engloba a edição crítica, no que diz respeito às decisões exigidas pelo editor com o intuito de manter a originalidade do texto musical do compositor.

Almeida Prado é para a música erudita nacional um marco importantíssimo para a compreensão histórica da contemporaneidade musical. A vertente de sua obra, quase que essencialmente pianística, encerra um magnífico legado de expressão artística sendo reconhecida internacionalmente. Tal peculiaridade inerente à produção de Almeida Prado suscita o interesse dos mais eminentes pianistas, pesquisadores e estudantes de pós-graduação.

Os noturnos para piano de Almeida Prado abrem um novo horizonte na linguagem musical do compositor, onde propostas de releituras das obras do passado musical, principalmente as de Chopin, servem de elemento inspirador e poético para a criação musical. Há em Almeida Prado uma franca semelhança com Frédéric Chopin: ambos os compositores primam pela escrita musical pianística, fazendo uso da complexidade técnica instrumental quer seja em padrões rítmicos, melódicos, harmônicos e timbrísticos ou ainda poéticos.

As considerações sobre os fatos históricos contribuíram para a compreensão da linguagem composicional das obras pesquisadas nesta dissertação. Traçar uma linha cronológica sobre a composição de noturnos para piano no Brasil auxiliou não somente esta pesquisa, mas também servirá de bibliografia para os que buscam um histórico da música para piano em nosso país. A grande maioria das informações pôde ser revisada em conjunto com o compositor. Após este encontro, novas fontes foram pesquisadas, como os manuscritos do Noturno n.º 7 (edição destinada à Funarte) e da versão original para piano e violino do Noturno n.º 13, ambos feitos por Almeida Prado. Infelizmente, o falecimento do compositor ocorreu durante o decorrer desta pesquisa, o que inviabilizou uma nova revisão. Por outro lado, pôde-se por em prática os caminhos que James Grier propõe para conseguir uma objetividade nas edições finais. Com exceção dos Noturnos n.º 7 e 13, todas as informações foram decididas em conjunto com o compositor, como a correção de notas errôneas e mudanças nas articulações, com o objetivo de trazer clareza ao intérprete. Já nos

Noturnos n.º 7 e 13 optou-se pela edição utilizando os dois caminhos citados por

Grier: apresentar todas as provas de ambiguidade e deixar a decisão nas mãos do intérprete (caso do Noturno n.º 13) e tentar resolver todas as questões (Noturno

n.º 7), devidamente especificados durante a edição. Em relação a estes dois

noturnos supracitados, é válido ressaltar que essas edições não podem ser consideradas definitivas, uma vez que a revisão final destas obras não foram feitas em conjunto com o compositor.

Informações a respeito da pedalização aplicada nos noturnos não foram alteradas pelo editor, uma vez que o próprio compositor costumava anotar suas marcações de pedal. Escolhas de dedilhados, comuns em edições de obras do período clássico e romântico, não foram abordadas durante a realização da edição. Um fato interessante é que Debussy não colocava dedilhado em suas composições para piano. Documentado no prefácio da edição Durand de seus 12 estudos para piano, Debussy diz que cabe ao intérprete fazer suas próprias escolhas pessoais de dedilhado:

... a ausência de dedilhado é um excelente exercício, suprime o espírito de contradição que nos impele a preferir não utilizar o dedilhado do autor,

e confirma estas palavras eternas: “ninguém é melhor servido do que por si mesmo”. Procuremos nossos dedilhados! C.D.67

Apesar dessa pesquisa ter alcançado os objetivos traçados em relação à edição crítica, ainda assim, essa não deve ser considerada definitiva, uma vez que o pensamento crítico se encontra em constante transformação. Os manuscritos originais, anexados a esta Dissertação, podem ainda, ser utilizados por intérpretes como guia e objeto de comparação com as decisões tomadas pelo editor.

Por fim, espera-se que esta dissertação possa ser útil tanto para aqueles que desejam estudar a obra de Almeida Prado, quanto aos possíveis pesquisadores que trabalharão futuramente com a edição crítica.

67 … l'absence de doigté est un excellent exercice, supprime l'esprit de contradiction qui nous

pousse à préférer ne pas mettre le doigté de l'auteur, et vérifie ces paroles éternelles : « On n'est jamais mieux servi que par soi-même ».

Cherchons nos doigtés ! C.D.

Bibliografia

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