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Capítulo 2 – Blogues escolares no ensino básico

2.4. Comunicação

2.4.2. Nova era da comunicação

“A ideia de competência comunicativa referida apenas à linguagem verbal está a tornar-se insuficiente para explicar a comunicação e a linguagem de uma sociedade da informação dominada pelos novos media.” (Tornero, 2007: 69)

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As rápidas mudanças na área da comunicação e das novas tecnologias são cada vez mais uma realidade. Vivemos numa sociedade direccionada para o digital em que o computador, a Internet e os serviços da Web possibilitam uma nova relação de comunicação e de transmissão de informação, que evolui a passo gigantesco. É neste e para este sentido, que nós como educadores devemos trabalhar no dia-a-dia com os nossos alunos.

Para Damásio (2007) as tecnologias podem ser vistas como instrumentos que facilitam o processo de comunicação e interacção com consequências cognitivas, comportamentais e sociais positivas para o sujeito aprendente e para a comunidade envolvida. As tecnologias oferecem um grande leque de possibilidades de comunicação facultando intercâmbio de saberes, que contribuem na colaboração e partilha de conhecimentos específicos. Provocam também alterações ao nível da comunicação, promovendo essencialmente a comunicação bidireccional, fomentando um conhecimento mais fluido e rico acerca de qualquer assunto, o que favorece a interacção e a relação entre os intervenientes (professor-alunos e alunos-alunos).

Como salienta Arieto (2010) o ensino via Internet trouxe vários elementos enriquecedores para o processo como a comunicação síncrona e assíncrona; organizações e processos flexíveis e abertos a alterações; suportes tecnológicos; intercâmbio formativo; novas estratégias e recursos pedagógicos e a possibilidade de contactar processos e instituições diferentes.

As tecnologias na educação facilitam a transmissão dos conteúdos, a comunicação professor-aluno e aluno-aluno online e a comunicação aluno-instituição. A importância das tecnologias no domínio da educação foca-se essencialmente na possibilidade de integração de diferentes medias os quais são elementos determinantes na mediatização quer dos conteúdos, quer na relação pedagógica (Gomes, 2003).

É de referir tal como vários autores (Warschauer e Meskill, 2000; Gomes, 2003; Damásio, 2007; Oliveira, 2008; Aretio, 2010) salientam que as novas tecnologias não são nada por si só e só têm sentido quando são utilizadas para um fim específico e coerente, neste caso concreto o ensino. Como instrumento ao serviço da educação permitem construir cenários virtuais que funcionam como espaços de comunicação proporcionando o intercâmbio e partilha de informação, entre os intervenientes em espaços e tempos diferentes. Facilitam também a cooperação entre professores e alunos,

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originando um contexto de ensino-aprendizagem dinâmico e interactivo, através das diversas linguagens que o meio tecnológico é capaz de suportar (Sigalés, 2001 apud Aretio, 2010).

Aretio et al. (2007 apud Aretio, 2010) referem que os meios telemáticos possibilitam tanto a comunicação síncrona como a assíncrona, promovendo a construção do conhecimento de uma forma diferente da que até então se estava habituado. Por esta razão, apresentam um modelo pedagógico que se caracteriza em cinco pontos essenciais que são: a abertura; a flexibilidade; a democratização; a interactividade e a actividade. Consideram ser uma modalidade educativa aberta porque garante a educação a um elevado número de estudantes independentemente dos factores que possam inviabilizar o acesso ao ensino. Neste sentido é também flexível, adaptando-se a cada indivíduo relativamente ao espaço, tempo e ritmo de aprendizagem. Está acessível a qualquer tipo de estudante independentemente das suas limitações pessoais, familiares, sociais ou até laborais, é um ensino para todos. E como se desenvolve a partir de uma comunicação multidireccional é um modelo interactivo em que a aprendizagem é baseada na colaboração, cooperação e tutória, promovendo uma proposta educativa que é a actividade.

Toda esta evolução tem gerado novos ambientes virtuais de aprendizagem, em particular na Web 2.0 através dos blogues, Wikis, podcasts, chat‟s, second life, todavia é importante reflectir, investigar e adequar as suas utilizações segundo as possíveis práticas a desenvolver dentro destas novas formas de comunicação e interacção (Aretio, 2010).

Para Gomes (2003) estas novas tecnologias de informação e comunicação criam diversas perspectivas ao nível da educação e do ensino, ou seja, apresentam um elevado potencial para o ensino, pois ajudam a desenvolver nos alunos a responsabilidade, a colaboração, a pesquisa e a descoberta.

É de salientar que a evolução tecnológica a par das comunicações está a levar a grandes transformações no domínio comunicacional, assim vão sendo criados com a introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ensino diferentes estratégias de aprendizagem.

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O e-learning segundo Paulsen (2002, apud Monteiro & Gomes, 2009) é uma forma de disponibilizar conteúdos de aprendizagem on-line, de maneira interactiva e dinâmica, em que a aprendizagem caracteriza-se por flexível e integradora.

Numa outra vertente Gomes (2005) defende que o e-learning está intrinsecamente ligado à Internet e à Web 2.0, ou seja, às tecnologias de informação e comunicação (figura 2.13).

Figura 2.13. Utilização das TIC na educação (Gomes, 2006)6

Na medida em que proporcionam facilidade de acesso à informação; rápida publicação, distribuição e actualização de conteúdos; diversidade de ferramentas e serviços de comunicação e colaboração entre todos os intervenientes; capacidade de desenvolver “hipermedias colaborativos”, podem funcionar como suporte na aprendizagem.

Quando o aluno se conecta numa plataforma virtual onde encontra materiais, tutorias, chat´s e fóruns para comunicar com os colegas, a aprendizagem dá-se por diversas formas de organização podendo-se centrar no conteúdo ou em pesquisas, projectos e actividades colaborativas, contudo o foco é a aprendizagem activa, partilhada e colaborativa (Moran, 2007).

Segundo Downes (2005)

“what constituted "community" in online learning were artificial and often contrived "discussions" supported by learning management systems. These communities were typically limited to a given group of learners, such as a university class, had a fixed start and end-point, and while substantially better than nothing, rarely approached Wenger's theory”.

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A comunicação síncrona desenvolve uma aprendizagem on-line onde há reprodução virtual do ambiente de sala de aula através dos recursos da Web 2.0 (por chats, videoconferências, voz ou MSN). Ocorre a transmissão de conhecimento por interacção imediata, desencadeando um maior compromisso entre professor-alunos e alunos-alunos. Baldaque (2004, apud Mesquita, 2007: 47) refere que neste tipo de comunicação “o formando interage em tempo real com o tutor ou com os elementos da turma virtual através da plataforma e-learning, que simula o ambiente presencial.”

A comunicação assíncrona caracteriza-se por uma interactividade não imediata entre alunos e professores, uma vez que o contacto é estabelecido por e-mail, grupos de discussão, fóruns ou comentários em blogues.

Quando os alunos criam o seu blogue ou participam num através da leitura e dos comentários registados, estão a estabelecer uma comunicação assíncrona e ao mesmo tempo a contribuir para a formação de redes sociais que se assemelham à comunidade de prática de Wenger (Oliveira, 2008: 19), ou seja, “comunidades que reúnem pessoas unidas informalmente”, que apresentam responsabilidades no processo e que por interesses comuns, mas principalmente pela aplicação da prática aprendida interagem entre si. As aprendizagens fazem parte do nosso quotidiano e estando elas cada vez mais acessíveis em qualquer espaço e tempo acarretam ao Homem grandes e novos desafios.

A implementação dos dispositivos móveis no ensino é uma forma de aproveitar as funcionalidades e capacidades tecnológicas em prol da educação, implementando diferentes formas de comunicação e apoio à formação (Mendes, 2007).

Segundo Piconez (2008 apud Silva, 2008) verifica-se que:

“fora da sala de aula, os alunos podem continuar aprendendo de acordo com as suas necessidades individuais. Além disso, a teoria de desenvolvimento humano de Vygotsky destaca a relevância da aprendizagem social e da interacção entre o aprendido num processo dialéctico de resolução de problemas em acção com os demais alunos. (…) suas características podem facilitar as interacções em grupo para colaboração; os alunos sentem-se motivados por conta da flexibilidade; são encorajados a colaborar e a qualidade de aprendizagem atinge níveis satisfatórios.”

As potencialidades deste novo paradigma educacional, mobile learning têm vindo a ser estudadas por diversos investigadores (como Wagner, 2005; Moran, 2007;

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Moura & Carvalho, 2008; Silva, 2010) nas suas diversas vertentes pedagógicas e educacionais.

É importante referir que cada vez mais este fenómeno dos dispositivos móveis se encontra presente e em evolução na sociedade actual, por isso a sua generalização social e por conseguinte ao nível do ensino está muito presente nas nossas práticas educativas, por esta razão Wagner (2005) refere que: “wherever one looks, evidence of mobile penetration is irrefutable: cell phones, PDA‟s, MP3 players, portable game devices, handhelds, and laptops abound. No demographic is immune from this phenomenon.”

Segundo BECTA (2009), as inovações tecnológicas prometem uma quarta geração mais rápida, mais fiável e com a capacidade de roaming não havendo problemas de variedades tecnológicas de rede que comprometam a comunicação, assim sendo novos desafios se colocarão ao ensino quer presencial quer a distância, talvez novos ambientes educativos surgirão.

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