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Novas Iniciativas Educacionais no Município de João Pessoa

3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA

3.1 Novas Iniciativas Educacionais no Município de João Pessoa

A partir de 1996, houve uma mudança no perfil público educacional no País e conseqüentemente no município de João Pessoa. De forma geral, mudanças incentivadas por

9 Convém esclarecer que, no âmbito desta pesquisa, a coleta dos dados não se deu durante o andamento do

processo formativo em estudo ou durante a elaboração da proposta curricular, foco da formação continuada, mas ao término da experiência.

novos parâmetros advindos da legislação, em especial, da LDB, que se constituiu alicerce da proposta educacional, estabeleceu divisão de responsabilidades aos entes federados (União- Estado-Município) para desenvolver Educação Básica no País. De forma particular, em João Pessoa, é o início do mandato de um prefeito, eleito pelo PSDB, cuja trajetória política começou nos quadros do PMDB, o que lhe rendeu o cargo de Ministro do Desenvolvimento Regional. Essa troca de partido pelos políticos na nossa cidade nada tem a ver com posição ideológica, mas por conveniências de grupos, como assim comentam Silva & Lima (2005): “a feição dos partidos políticos locais tem mais a ver com diferenças entre grupos de interesse local do que com questões ideológicas.” O prefeito escolheu e nomeou estrategicamente um ex-Reitor10 para assumir a Secretaria de Educação e Cultura, cargo que ocupou de 1996 a 200211. A escolha foi motivada mais pela competência técnica do que por motivos políticos.

Dados revelam que, nesse período, houve uma melhor sistematização e reflexão das práticas pedagógicas no município, o que denota uma melhoria em termos quantitativos e qualitativos no sistema municipal de educação. Em termos quantitativos, há um aumento no número de matrículas no ensino fundamental em João Pessoa – PB. Em 1997, foi de 34.952, chegando em 2002 a 56.981. Em termos qualitativos, a fala da professora Sara comprova o nosso comentário acima: “somente de uns tempos recentes que começou mesmo uma sistematização do trabalho, encontros, palestras”.

No Brasil, a conjuntura foi favorecida com os fóruns organizados pela sociedade civil, firmando parceria para a instalação do Fórum Permanente do Magistério da Educação Básica, dentre outras iniciativas, o Pacto de Valorização do Magistério, em 1994, na seqüência, aprovação da LDB, em seguida, a Emenda Constitucional 14/96, regulamentando o FUNDEF12.

Dessa forma, presenciou-se uma mobilização em torno da educação em busca da qualidade do ensino fundamental e o apoio para a melhoria dos sistemas de ensino municipal. A respeito da ampliação crescente das redes de ensino municipal, deveu-se, segundo Sousa Junior (2003, p.32), à “política de redistribuição de recursos [...] o FUNDEF mostrou-se um instrumento eficaz para acelerar o processo de municipalização do ensino fundamental”.

10 Por sinal, este secretário foi o primeiro reitor a ser eleito democraticamente na Universidade Federal da

Paraíba.

11Cargo entregue para assumir a Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Paraíba. Com sua saída assumiu

sua Secretária adjunta Adriana Valéria Santos Diniz. Portanto não houve mudança nas orientações gerais da secretaria.

Os sistemas de ensino alcançaram uma melhoria substancialmente visível em relação à situação dos professores, com o incentivo à formação docente, à implantação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração Salarial. Sousa Junior (2003, p.36) esclarece, ainda, que o “FUNDEF está sendo responsável por avanços nas políticas de valorização do magistério (...) e nos níveis de qualificação docente”.

O melhoramento foi também na organização dos próprios sistemas de ensino como um todo, com divulgação das diretrizes de orientação curricular. Na mesma pesquisa acima citada, Sousa Junior (2003, p.73) reafirma que o “processo de municipalização das matrículas em João Pessoa foi bastante incentivado pelo FUNDEF”.

Levando em consideração a realidade acima exposta, podemos reafirmar que, nesse período, houve mudança significativa na educação municipal, pós-descentralização dos recursos financeiros, cuja iniciativa nacional incentivou as redes de ensino municipal a organizar-se enquanto sistemas de ensino.

Com efeito, a Secretaria de Educação e Cultura do Município de João Pessoa (SEDEC – JP), incentivada por todos esses mecanismos, propondo-se a buscar a melhoria das escolas municipais, delineia os princípios gerais do trabalho que se inicia. Posteriormente, assegura a implantação do Fórum da Educação Municipal, com um período de consulta a comunidade educacional em geral e, à luz do Plano Nacional de Educação, elabora o Plano Municipal de Educação, fortalecendo as diretrizes gerais de orientação para a educação municipal, que teve como eixos centrais:

1-Democratizar o acesso à educação Básica;

2-Democratizar o acesso ao conhecimento, pela melhoria da qualidade da educação escolar;

3-Democratizar a gestão educacional;

4-Desenvolver estratégias de valorização dos profissionais da educação;

5-Desenvolver sistemas de informação e de avaliação da educação no município. 6-Desenvolver formas de regime de colaboração com a União, o Estado e a

Sociedade Civil”. (JOÂO PESSOA, Prefeitura Municipal, 2002, p.21).

Para a concretização desse plano municipal, as ações foram abertas em várias direções. Dentre elas, destacamos, em especial, os pilares de base ligados à EJA, foco do nosso trabalho:

1- Democratizar o acesso á educação básica [...] erradicação do analfabetismo e elevação do nível de escolaridade dos jovens e adultos.

2- Valorização dos profissionais da educação: elevação do nível de formação, e constante atualização, atentando para a formação inicial e continuada dos profissionais da educação, especialmente dos professores. (JOÂO PESSOA, Prefeitura Municipal, 2002, p.20).

A prioridade da SEDEC – JP, nesse período, foi dar um caráter público as suas ações. Em especial, à democratização do acesso, conforme depoimento de um membro da equipe: “democratizar significava para nós, tornar, de fato público, o que é público” (Coordenação da CEJA).

E para efetivamente alcançar essa meta, algumas escolhas foram feitas como prioridade no trabalho que se começava, dentre elas, destacamos os princípios que nortearam a ação educativa que atinge diretamente o nosso estudo: 1-A ampliação do atendimento em EJA; 2-Garantia da permanência dos jovens e adultos; 3-A qualidade das práticas educativas dessa modalidade.

É, portanto, o percurso dessa caminhada que vamos conhecer. Para isso, recorremos a relatórios das ações desse período, considerando também o depoimento da então coordenadora da EJA para complementação das informações.