• Nenhum resultado encontrado

novo ciclo de inovação

No documento Jornalismo e tecnologias móveis (páginas 60-64)

1 “De volta para o futuro”

2. novo ciclo de inovação

como escreve machado (2010), citando Daniel morgaine (1972), anthony smith (1980) e roger Fidler (1997), o discurso da inovação como uma ferramenta indispensável para a sobrevivência das organizações jornalísticas nas sociedades contemporâneas foi incorporado de maneira mais intensa a partir da segunda metade da década de 90, embora figurasse nos seus planos estratégicos desde os anos 70 do século passado. “nos primeiros anos do novo milênio têm proliferado fóruns para a discussão da inovação no jornalismo e foram criados, inclusive,

programas permanentes sobre o jornalismo de inovação em alguns países como Finlândia e suécia, e nos estados unidos”, assinala machado (2010, p. 65), lembrando que tais programas partem do pressuposto que o “jornalismo de inovação” é essencial para o progresso e a mudança social.

Da perspectiva da teoria da Difusão de inovações, formalizada em 1962 por everett rogers, e mais tarde atualizada por ele (roGers, 1995), a novidade de uma inovação envolve novo conhecimento, mas pode ser também expressada em termos de persuasão ou uma decisão para adotar determinada inovação. vale notar que as inovações a que se refere rogers estão relacionadas diretamente com inovações tecnológicas, tanto que ele toma os dois termos (inovação e tecnologia) como sinônimos7. os quatro elementos principais da teoria da Difusão de inovações são: a própria inovação, os canais de comunicação pelos quais se procede a sua divulgação, o tempo, e o sistema social. esses elementos são identificáveis em cada estudo da pesquisa de difusões e em cada campanha de difusão ou programa (ROGERS, 1995, p.11) e estão ilustrados na figura 3 a seguir, que é a curva do modelo de adoção de inovação, mais conhecida como “s” curve. ela é explicada da seguinte maneira: Difusão é o processo pelo qual (1) uma inovação (2) é comunicada através de certos canais (3) sobre o tempo (4) entre os membros de um sistema social.

neste processo há sempre aqueles considerados como early adopters, ou seja, os que aderem prontamente a uma certa tecnologia, e exercem influência sobre outros membros do grupo, ou esses membros compartilham interesses similares com aqueles e, assim, terminam por também adotar uma inovação. Há, ainda, os céticos quanto à aceitação de uma tecnologia, no entanto, em fases posteriores, eles passam a considerá-la e, ao final, se juntam àqueles que vão aderir um pouco mais tarde a uma determinada tecnologia (os chamados late

adopters).

7) A referência, neste caso, é a definição de tecnologia como informação, formulada por thompson (1967) e eveland (1986), segundo descreve everett rogers: “tecnologia é

informação e transferência é um processo de comunicação e, assim, transferência de tecnologia é a comunicação da informação”. (roGers, 1995, p.12). tecnologia geralmente compreende dois componentes, conforme rogers assinala: o hardware (ferramenta que embute a tecnologia como um objeto material ou físico) e o software (consistindo a base da informação para a ferramenta).

Figura 3 – modelo da curva de adoção de inovação ou curva do “s” explica o processo de difusão.

Fonte: rogers (1995).

ondas sucessivas ou taxas de adoção serão contínuas até a inovação alcançar um ponto máximo de expansão (ou saturação), formando massa crítica, que varia dependendo das características da inovação e do sistema social. o modelo da curva de adoção de inovação indica que, no início de sua utilização, uma tecnologia passa por uma fase de poucos atores aderindo a ela e, num momento seguinte, ocorre uma aceleração, depois uma estabilização, podendo voltar a experimentar nova fase de propagação ou ter a sua expansão descontinuada.

a teoria da Difusão de inovações tem sido aplicada em diversos campos do saber e, aqui, consideramos apropriado tomá-la como referencial para perceber o cenário atual do jornalismo em sua intersecção com as tecnologias digitais móveis. entendemos, portanto, que estamos diante de um novo ciclo de inovação e, nele, mais uma vez, a tecnologia possui papel preponderante.

após a difusão global das tics, da transmissão por satélite, da máquina off- set para impressão, da informatização das redações, da incorporação das bases de dados nos processos de produção, documentação, estruturação dos conteúdos, circulação e consumo, e da própria consolidação do jornalismo digital como nova modalidade (macHaDo, 2010; barbosa, 2007, 2008, 2009b; lóPez, toural, Pereira, barbosa, 2009; GorDon, 2007), o cenário de inovação atual tem como norma a convergência jornalística (Pavlik, mc intosH, 2011; Gonzalez cabrera, 2010; moreno, 2009; iGarza,

2008; laWson-borDers, 2006, Quinn, 2005) e suas principais áreas de abrangência: tecnológica, empresarial, editorial/conteúdos, profissional, caracterizadas pela integração de redações, gestão editorial multiplataforma, polivalência midiática, e a multimidialidade dos conteúdos (LÓPEZ GARCÍA, Pereira FariÑa, 2010; salaverrÍa, neGreDo, 2008).

neste contexto, ganha relevo a comunicação móvel (castells et al, 2007; lemos, josGrilberG, 2009; PellanDa, 2009; scolari et al, 2009), as redes sociais como Facebook, twitter, Youtube (cobo romanÍ, ParDo kuklinski, 2007), sendo os dispositivos móveis como celulares,

smartphones, e-readers e tablets os objetos principais da mobilidade, os quais,

como vetores de mudança, afetam sobremaneira os conteúdos informativos, as formas de produção, distribuição e consumo (aGuaDo, 2010; aGuaDo, castellet, 2010; FiDalGo, canavilHas, 2009; Firmino Da silva, 2009a, 2009b).

considerados como a “quarta tela”, os dispositivos móveis encontram-se em estágio ascendente de adoção, seja por parte das organizações jornalísticas, bem como de outros produtores de conteúdo, seja por parte do público, que, a cada dia, consome mais informação, entretenimento e constrói suas relações sociais por meio desses aparatos que já integram a paisagem urbana, sobretudo das grandes cidades, dada à sua extensiva utilização. Do ponto de vista do estudo dos meios (media studies), os dispositivos móveis podem ser considerados como um “novo” novo meio (scolari et al, 2009, p.53) que possui sua própria gramática, práticas de produção, dinâmicas de consumo e modelos de negócio específicos. E muitos pesquisadores, especificamente do jornalismo, já começaram a examiná-los para apontar os traços específicos, impactos, formatos de produtos e conteúdos, aplicações, formas de uso, distribuição e consumo dos dispositivos móveis.

No Brasil, o número de celulares ultrapassa o total da população do país. já são 217,3 milhões de linhas de celulares, de acordo com a agência nacional de telecomunicações (anatel)8. a teledensidade é de 111,6 acessos para cada

8) Os números correspondem ao primeiro semestre de 2011. Em: <http://www.anatel.gov.br:80/

Portal/exibirPortalInternet.do?acao=linkInt&src=http://www.anatel.gov.br/Portal>. acesso em:

grupo de 100 habitantes. os acessos 3G (tecnologia WcDma e terminais de dados), que trafegam dados em maior velocidade, totalizaram aproximadamente 28 milhões de acessos em junho, respondendo por 12,84% do total de linhas. já no que se refere a tablets, segundo estudo realizado pela consultoria iDc, mais de 400 mil unidades serão vendidas no brasil em 20119.

No documento Jornalismo e tecnologias móveis (páginas 60-64)